Na Missa de hoje, Papa falou de algumas características do cristão, enfatizando o caminhar rumo às surpresas de Deus
Da Redação, com Rádio Vaticano
O Papa Francisco celebrou nesta segunda-feira, 26, a Missa na capela da Casa Santa Marta, onde reside no Vaticano. Ele destacou que o verdadeiro cristão não é aquele que se instala e fica parado, mas que confia em Deus e se deixa guiar num caminho aberto às surpresas do Senhor.
Citando a Primeira Leitura, extraída do Livro do Gêneses, Francisco refletiu sobre Abraão, pois nele há o estilo da vida cristã, baseado em três dimensões: o despojamento, a promessa e a benção. “O Senhor exorta Abraão a sair de seu país, de sua pátria, da casa de seu pai”, recordou o Papa.
“O ser cristão tem sempre esta dimensão do despojamento que encontra a sua plenitude no despojamento de Jesus na Cruz. Sempre há um vai, um deixa, para dar o primeiro passo: ‘Sai da tua terra, da tua família e da casa do teu pai’. Se fizermos memória, veremos que nos Evangelhos a vocação dos discípulos é um ‘vai’, ‘deixa’ e ‘vem’. Também nos profetas, não é? Pensemos a Eliseu, trabalhando a terra: ‘Deixa e vem’.”
“Os cristãos”, acrescentou o Papa, “devem ter a capacidade de serem despojados, caso contrário não são cristãos autênticos, como não são aqueles que não se deixam despojar e crucificar com Jesus. Abraão obedeceu pela fé, partindo para a terra a ser recebida como herança, mas sem saber o destino preciso.
Horóscopos não
“O cristão não tem um horóscopo para ver o futuro. Não procura a necromante que tem a esfera de cristal, para que leia a sua mão. Não, não. Não sabe aonde vai. Deve ser guiado. Esta é a primeira dimensão de nossa vida cristã: o despojamento. Mas, por que o despojamento? Para uma ascese parada? Não, não! Para ir em direção a uma promessa. Esta é a segunda. Somos homens e mulheres que caminham para uma promessa, para um encontro, para algo, uma terra, diz a Abraão, que devemos receber como herança”.
No entanto, enfatizou Francisco, Abraão não edifica uma casa, mas levanta uma tenda, indicando que está a caminho e confia em Deus, portanto, constrói um altar para adorar ao Senhor. Então, continuar a caminhar é estar sempre em caminho.
“O caminho começa todos os dias na parte da manhã; o caminho de confiar no Senhor, o caminho aberto às surpresas do Senhor, muitas vezes não boas, muitas vezes feias – pensemos em uma doença, uma morte – mas aberto, pois eu sei que Tu me irás conduzir a um lugar seguro, a um terra que preparaste para mim; isto é, o homem em caminho, o homem que vive em uma tenda, uma tenda espiritual. Nossa alma, quando se ajeita muito, se ajeita demais, perde essa dimensão de ir em direção da promessa e em vez de caminhar em direção da promessa, carrega a promessa e possui a promessa. E não deve ser assim, isso não é realmente cristão”.
A outra característica elencada pelo Papa é a benção, isto é, o cristão é um homem, uma mulher que abençoa, que fala bem de Deus e fala bem dos outros e que é abençoado por Deus e pelos outros para ir para frente. Este é o esquema da vida cristã, disse o Papa, porque todo mundo, também” os leigos, devem abençoar os outros, falar bem dos outros e falar bem a Deus dos outros.
“Muitas vezes – acrescentou o Pontífice – estamos acostumados a não falar bem do próximo, quando ‘a língua se move um pouco como quer’, em vez de seguir o mandamento que Deus confia ao nosso pai Abraão, como síntese da vida: de caminhar, deixando-se despojar pelo Senhor e confiando em suas promessas, para sermos irrepreensíveis”. Enfim, concluiu Francisco, a vida cristã é “tão simples”.