O cristão é uma testemunha da obediência, destacou o Santo Padre na homilia de hoje
Da Redação, com Rádio Vaticano
Ser cristão não é um status social, mas tornar-se testemunha de obediência a Deus, como fez Jesus, e a consequência disso são as perseguições, afirmou o Papa Francisco na Missa desta quinta-feira, 27, fazendo alusão ao que disse Pedro na leitura dos Atos dos Apóstolos, de que “é preciso obedecer a Deus antes que aos homens”.
Pedro, de fato, deu esta resposta ao ser levado junto com os apóstolos diante do Sinédrio, após ter sido libertado da prisão por um anjo. Haviam sido proibidos de ensinar em nome de Jesus – os havia recordado o sumo sacerdote – mas encheram Jerusalém com os seus ensinamentos.
A homilia do Papa Francisco parte deste episódio narrado na primeira leitura. Para fazer compreender este acontecimento, o Papa faz referência também ao que foi narrado anteriormente pelos Atos, nos primeiros meses da Igreja, quando a comunidade crescia e aconteciam tantos milagres. Havia a fé do povo, mas havia alguns “espertalhões” que queriam fazer carreira, como Ananias e Safira, alertou o Papa.
O mesmo acontece hoje, enfatizou Francisco, assim como o desprezo das pessoas ao ver os doentes sendo levados até os apóstolos. Assim, cheios de inveja, os chefes pegaram os apóstolos e os trancafiaram na prisão. Pedro, que por medo havia traído Jesus na Quinta-feira Santa, desta vez, corajoso, responde que é necessário obedecer a Deus antes que aos homens.
Uma resposta que faz portanto entender que “o cristão é testemunha da obediência”, como Jesus que se aniquilou no Jardim das Oliveiras e disse ao Pai: “Faça-se segundo tua vontade, não a minha”.
“O cristão é uma testemunha da obediência e se nós não estamos neste caminho de crescer no testemunho da obediência, não somos cristãos. Pelo menos caminhar por esta estrada: testemunha de obediência. Como Jesus. Não é testemunha de uma ideia, de uma filosofia, de uma empresa, de um banco, de um poder, é testemunha de obediência. Como Jesus”.
Mas tornar-se testemunha de obediência é uma graça do Espírito Santo, explicou o Papa. “Não, eu vou naquele mestre espiritual, eu leio este livro…”. Tudo está bem, mas somente o Espírito pode transformar o nosso coração e pode nos fazer a todos testemunhas de obediência. É uma obra do Espírito e devemos pedir a ele, é uma graça a ser pedida: “Pai, Senhor Jesus, envia-me o teu Espírito para que eu me torne uma testemunha de obediência, isto é, um cristão”.
Ser testemunha de obediência acarreta consequências, como narrado pela primeira leitura: depois da reposta de Pedro, queriam de fato levá-lo à morte. “As consequências do testemunho de obediência são as perseguições. Quando Jesus enumera as Bem-aventuranças termina com: Bem-aventurados quando vos perseguirem e insultarem’. A cruz não pode ser tirada da vida do cristão. A vida de um cristão não é um status social, não é um modo de viver uma espiritualidade que me faça bem, que me faça um pouco melhor. Isto não basta. A vida de um cristão é o testemunho em obediência e a vida de um cristão é repleta de calúnias, boatos e perseguições”.
Para ser testemunhas de obediência como Jesus – conclui o Papa – é preciso rezar, reconhecer-se pecador, com tantas mundanidades no coração e pedir a Deus a graça de tornar-se um testemunho de obediência e de não amedrontar-se quando chegam as perseguições, as calúnias, pois o Senhor disse que quando se for levado diante do juiz, será o Espírito a dizer ao homem o que responder.