A idolatria nasce da incapacidade de confiar em Deus, explicou o Papa retomando o tema abordado na última catequese
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
O tema da idolatria voltou ao foco da reflexão do Papa Francisco na catequese desta quarta-feira, 8. Na semana passada, Francisco já havia falado sobre esse tema; “hoje retomamos porque é muito importante conhecê-lo”, explicou o Santo Padre.
Francisco conduziu a reflexão a partir da figura do bezerro de ouro, sobre o qual fala o livro do Êxodo. Ele recordou que o povo estava no deserto à espera de Moisés, que havia subido ao monte para receber instruções de Deus. O Papa falou do deserto como uma imagem da vida humana, cuja condição é incerta e essa insegurança gera no homem ânsias primárias, indagações sobre o que comer, o que beber, como relata o Evangelho.
Moisés permaneceu no deserto por 40 dias e o povo ficou impaciente, disse o Papa, mencionando o que desencadeou a idolatria. Na ausência de Moisés, faltou o líder, o ponto de referência, e isso se tornou insustentável. “Então o povo pede um deus visível – esta é a armadilha na qual cai o povo – para poder se identificar e orientar”. Foi então que Arão criou o bezerro de ouro. O bezerro tinha um duplo significado no Oriente antigo, explicou o Papa: por um lado representava fecundidade e abundância e por outro, energia e força. Mas, antes de tudo, é de ouro, o que simboliza riqueza, sucesso, poder e dinheiro.
“Estes são os grandes ídolos: sucesso, poder e dinheiro. São as tentações de sempre! Eis o que é este bezerro de ouro: o símbolo de todos os desejos que dão ilusão de liberdade e em vez disso escravizam, porque o ídolo sempre escraviza”.
Francisco ressaltou que tudo nasce da incapacidade de confiar em Deus, sendo que é Ele que sustenta mesmo na fraqueza, na incerteza e na precariedade. Sem Deus, cai-se facilmente na idolatria, observou o Papa. “Essa é uma tentação que nós lemos sempre na Bíblia. E pensem bem nisso: libertar o povo do Egito não custou tanto trabalho a Deus; fez isso com sinais de poder, de amor. Mas o grande trabalho de Deus foi tirar o Egito do coração do povo, isso é, tirar a idolatria do coração do povo. E Deus ainda continua a trabalhar para tirá-la dos nossos corações”.
“A liberdade do homem nasce de deixar que o verdadeiro Deus seja o único Senhor. E isso permite aceitar a própria fragilidade e rejeitar os ídolos do nosso coração”, concluiu o Pontífice.