Missa do Crisma no Vaticano

Papa aos padres: renovem o 'sim' para uma entrega radical e gratuita

Homilia da Missa do Crisma na Basílica de São Pedro foi escrita por Francisco e lida pelo Cardeal Calcagno; celebração contou com a presença de 4300 fiéis 

Da redação, com Boletim da Santa Sé

Sacerdotes durante a Missa do Crisma desta Quinta-feira Santa, 17, na Basílica de São Pedro /Foto: REUTERS/Remo Casilli

Na manhã desta Quinta-feira Santa, 17, na Basílica de São Pedro, especialmente bispos e cerca de 1800 sacerdotes participaram da Missa do Crisma, também chamada de Missa dos Santos Óleos ou da Unidade, já que são abençoados os óleos que serão usados nas cerimônias sacramentais do Batismo, Crisma e Unção dos Enfermos.

Na celebração, presidida pelo presidente emérito da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica, Cardeal Domenico Calcagno, também foram renovadas as promessas sacerdotais, feitas no dia da Ordenação. A homilia escrita pelo Papa Francisco foi lida pelo Cardeal Calcagno.

Em sua reflexão, o Santo Padre frisou que era um momento para reafirmar a unidade, expressa pela comunhão eclesial em torno do mistério pascal de Cristo, e também o próprio compromisso de servir a Jesus.

Ministério de esperança

“«Aquele que nos ama e nos purificou dos nossos pecados com o seu sangue» (Ap 1, 5) abre também o livro da nossa vida e ensina-nos a encontrar as passagens que revelam o seu sentido e missão. Quando nos deixamos instruir por Ele, o nosso ministério torna-se um ministério de esperança, porque em cada uma das nossas histórias Deus abre um jubileu, isto é, um tempo e um oásis de graça. Perguntemo-nos: estou a aprender a ler minha vida ou tenho medo de o fazer?”, questionou o Santo Padre.

Para os sacerdotes, Francisco afirmou que o Ano Jubilar representa um apelo específico a recomeçar sob o sinal da conversão: peregrinos de esperança, para saírem do clericalismo e se tornarem arautos de esperança.

Palavra

A paixão, morte e ressurreição de Jesus, que estão prestes a serem revividas, são o terreno que sustenta firmemente a Igreja e, nela, o ministério sacerdotal, pontuou o Papa. “E que terreno é este? Em que húmus podemos não só crescer, mas florescer?”, perguntou. O Pontífice recordou então dois costumes de Jesus: o de frequentar a sinagoga e o de ler.

“A nossa vida é mantida por bons hábitos. Eles até podem esmorecer, mas revelam onde está o nosso coração. O coração de Jesus é apaixonado pela Palavra de Deus: aos doze anos, já a compreendia, e agora, uma vez adulto, as Escrituras são a sua casa. Aqui está o terreno, o húmus vital que encontramos ao tornarmo-nos seus discípulos”, frisou.

O Papa destacou aos sacerdotes que todos têm uma Palavra a cumprir. Cada um tem uma relação com a Palavra de Deus que vem de longe. “Colocamo-la ao serviço de todos somente quando a Bíblia continua a ser a nossa primeira casa. Nela, cada um de nós tem páginas que lhe são mais caras, o que é bom e importante! Ajudemos também outros a encontrar as páginas das suas vidas”, pediu.

Ano Santo

Todavia, o Santo Padre enfatizou a importância de cada um se atentar, de forma especial, à página escolhida por Jesus:

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano favorável da parte do Senhor. Depois, enrolou o livro, entregou-o ao responsável e sentou-se»” (Lc 4, 17-20).

No trecho, observou o Pontífice, é possível compreender que Jesus “acaba de anunciar um jubileu”. “As ações agora falam, as palavras realizam-se. Isto é novo e potente. «Eu renovo todas as coisas». Não há graça, nem Messias, se as promessas permanecem promessas, se cá em baixo não se tornam realidade. Tudo se transforma”, complementou. Francisco frisou que este é o Espírito que os ministros ordenados devem invocar sobre seus sacerdócios: é precisamente o Espírito de Jesus que permanece o protagonista silencioso de seus serviços.

Não desanimar

O Santo Padre pediu aos presbíteros que não desanimem da obra de Deus e continuem a acreditar, pois Deus não falha. Recordemos aquelas palavras da Ordenação: “Queira Deus consumar o bem que em ti começou”.

O Pontífice sublinhou então o que é obra de Deus: levar a boa nova aos pobres, a libertação aos prisioneiros, a vista aos cegos, a liberdade aos oprimidos. Francisco reafirmou que é Jesus quem evangeliza e liberta os sacerdotes de suas prisões individuais, que abre seus olhos, que alivia os fardos que carregam aos ombros.

“Somente Deus sabe como a messe é grande. Nós, os operários, experimentamos o trabalho e a alegria da colheita. Vivemos depois de Cristo, no tempo messiânico. Lancemos para longe o desespero! E, ao invés disso, restituam-se e redimam-se as dívidas; redistribuam-se as responsabilidades e os recursos: o povo de Deus espera por isso. Ele quer participar e, em virtude do Batismo, é um enorme povo sacerdotal. Os óleos que consagramos nesta solene celebração são para a sua consolação e alegria messiânica”.

Por fim, o Papa pediu aos fiéis que rezem pelos sacerdotes.

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