Em encontro com jovens do Acampamento Alpha, no Vaticano, Francisco abordou as grandes questões que permeiam o imaginário da juventude
Da Redação, com Vatican News
O sentido da existência, o sofrimento, a incompletude, a vida terrena e a sede do infinito foram alguns dos temas presentes na mensagem do Papa Francisco dirigida a jovens nesta sexta-feira, 5, no Vaticano. Francisco recebeu um grupo de jovens e seus acompanhadores que participam do Acampamento Alpha, promovido por uma diocese italiana.
O encontro é realizado durante uma semana e reúne pessoas de várias nacionalidades com vários momentos de reflexão. No início da saudação, o Papa destacou a palavra “acompanhar” referindo-se aos acompanhadores, e disse que “é uma palavra-chave para a Igreja”.
Francisco citou o contexto secularizado da juventude de hoje e, levando-os à dimensão do sagrado, trouxe à reflexão assuntos que permeiam as grandes dúvidas desta fase da vida. Mas apesar dos jovens já nascerem nesse contexto, a sede do coração humano pelo infinito nunca é saciada e surgem, mesmo dentro dos jovens, as grandes questões de todos os tempos: de onde viemos? O que está na origem de tudo? Qual é o significado da minha existência? Por que há tanto sofrimento?
“Deus ama muito as perguntas; de certa forma, Ele as ama mais do que as respostas”. Porém, completou o Papa, “antes de dar respostas, Jesus ensina uma pergunta essencial: “o que estou procurando?” Se alguém faz esta pergunta, ele é jovem, mesmo que tenha oitenta anos. E se não perguntar, é velho, mesmo que tenha vinte anos. Vocês concordam?”.
Jesus Cristo é a plenitude
Ainda com as memórias muito recentes da viagem ao Canadá, o Papa recordou os jovens indígenas daquele país. Francisco observou que os antepassados daqueles jovens habitavam aquelas terras antes da colonização. Eles são guardiões de valores e tradições ancestrais, mas vivem em um país muito moderno e muito secularizado.
“Agora, olhando para vocês, eu estava pensando na juventude desses povos indígenas. Tão diferente de vocês, mas tão semelhante, eu diria mais: tão igual”. E explicou: “Igual no sentido da humanidade, do que qualifica nosso ser humano, ou seja, nosso relacionamento com Deus, com os outros, com a criação e com nós mesmos em liberdade, em gratuidade, no dom de si”. E continuou: “Esta relação expressa uma ‘incompletude’, um desejo de plenitude, de plenitude de vida, de alegria, de sentido. Aqui, Jesus Cristo é a plenitude”.
Cristo é o ‘alfa’ e o ‘ômega’
Ao falar sobre o nome do acampamento “Alpha”, explicou que é como o método de evangelização pelo qual é inspirado. “Alpha é sinônimo de nascimento, – disse – com o início, com a aurora da vida… Cristo é ‘alfa’, isto é, o início, e ele também é ‘ômega’, isto é, o fim, o cumprimento, a plenitude. Assim, com Cristo, este microcosmo que é o ser humano pode ser resgatado do abismo da morte e do negativo e pode entrar na atração de Deus, da vida, do amor”. E afirmou que “unidos a Jesus, cada um de nós se torna uma semente destinada a brotar, crescer e dar frutos”
O Papa falou também sobre a verdadeira humildade e a soberba e exortou os jovens ao seguimento de Cristo. “Devemos segui-lo! Digam não ao egoísmo, ao egocentrismo, a aparecer mais do que somos. Não. Ser eu mesmo, não se ensoberbecer, nem mesmo se abaixar, reconhecer-se pelo que se é, isto é verdadeira humildade”.
Um jovem apaixonado por Jesus
Por fim, o Papa citou o Beato Carlo Acutis, ao recordar que o jovem dizia: “Deus não quer fotocópias, apenas originais.” E falou um pouco da vida deste italiano, que viveu intensamente as realidades próprias da juventude e o seguimento a Cristo.
“Um jovem (…) deste tempo, um entusiasta do computador, sobretudo apaixonado por Jesus, pela Eucaristia, que chamava “autoestrada para o céu”. “A vida terrena de Carlo foi breve, muito breve, mas foi plena. Foi como uma corrida, uma corrida para o céu. Ele tomou o caminho desde o dia de sua Primeira Comunhão, quando encontrou Jesus em seu Corpo e Sangue. Sim, porque Jesus não é uma ideia ou uma regra moral, não, Jesus é uma pessoa, um amigo, um companheiro de viagem.
Francisco concluiu: “Queridos jovens deixo-vos com esta esperança: que Jesus se torne seu grande Amigo, Companheiro de estrada de todos vocês”.
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