Ciência

Papa aos cientistas: nem tudo que a tecnologia permite é lícito à ética

Papa Francisco recebeu, na manhã desta quinta-feira, os membros da Sociedade Max Planck para a Promoção da Ciência

Da Redação, com Vatican News

Pesquisa científica / Foto: Imagem de mwooten por Pixabay

O Papa Francisco recebeu, na manhã desta quinta-feira, 23, os membros da Sociedade Max Planck para a Promoção da Ciência. No discurso entregue aos presentes, o Papa levantou questões éticas sobre o “pensamento híbrido”, união entre o biológico e o artificial. Francisco lembrou que nem tudo o que a tecnologia permite é lícito à ética.

Antes de tudo, o Papa reafirmou o apreço da Santa Sé pela pesquisa científica e, em particular, pela Sociedade. Nela, milhares de pessoas, nos numerosos Institutos, trabalham a serviço de uma pesquisa cada vez mais profunda e conhecimento preciso das diversas áreas do conhecimento. Francisco encorajou os membros da Sociedade a manter os mais altos padrões de integridade científica, de modo que permaneça livre de influências inapropriadas, seja de natureza política ou econômica.

O Pontífice também falou sobre o apoio à ciência pura. Sem diminuir a ciência aplicada, ele ressaltou a natureza de bem público da ciência pura, cujos resultados devem ser colocados a serviço do bem comum.

O “pensamento híbrido” e o risco para o homo sapiens

O pensamento do Papa dirigiu-se, então, para o anúncio do nascimento do chamado “pensamento híbrido”, resultante da hibridização do pensamento biológico e não biológico. Isso permitiria ao homem não ser suplantado pela Inteligência Artificial. Um pensamento que “levanta questões de grande importância tanto a nível ético como social”, pontuou.

Segundo Francisco, deve-se considerar que a fusão entre a capacidade cognitiva do homem e o poder computacional da máquina modificaria substancialmente a espécie homo sapiens. Logo, não se pode deixar de colocar o problema do sentido último, isto é, da direção do que se passa diante dos olhos.

O Santo Padre considerou ainda que se a capacidade de resolver problemas é separada da necessidade de ser inteligente ao fazê-lo, o que se anula é a intencionalidade. Logo, anula-se a ética do agir. “Tenho certeza de que a Sociedade Max Planck desejará dar uma contribuição fundamental nesse sentido”.

Responsabilidade pelas ações e omissões

A última consideração do Papa foi sobre a época da “Segunda Modernidade”, um princípio de responsabilidade “técnica” que começou a se difundir nas esferas da grande ciência, e que não admite o julgamento moral do que é bom e do que é mau. Nessa linha, o agir, especialmente das grandes organizações, deveria ser avaliado em termos puramente funcionais, como se tudo o que é possível fosse, por isso mesmo, eticamente lícito.

“A Igreja nunca poderá aceitar tal posição, de cujas trágicas consequências já tivemos muitas provas. Ao contrário, é a responsabilidade de cuidar do outro, e não apenas de prestar contas do que se fez, que hoje devemos trazer de volta ao centro de nossa cultura. Porque se é responsável não só pelo que se faz, mas também, e sobretudo, pelo que não se faz, mesmo podendo fazê-lo”.

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