Francisco recebeu, nesta quinta-feira, 2, no Vaticano, os Primazes das Igrejas da Comunhão Anglicana de todo o mundo
Da Redação. com Vatican News
Nesta quinta-feira, 2, o Papa Francisco recebeu os Primazes das Igrejas da Comunhão Anglicana que estão reunidos em Roma desde 29 de abril até o dia 3 de maio, com o objetivo de refletir sobre as prioridades e desafios comuns da Igreja Anglicana em todo o mundo. Esta reunião dos primazes é um dos quatro instrumentos da Comunhão Anglicana, que trabalha pela unidade entre os anglicanos em todo o mundo.
Francisco iniciou o discurso com uma saudação em inglês e, em seguida, recordou as palavras do Ressuscitado, que são o prenúncio daquela esperança que não decepciona. O Santo Padre recordou aos anglicanos que também assim foi para os discípulos, quando estavam fechados e assustados no Cenáculo.
“Ainda hoje, quando os líderes do povo de Deus se reúnem, eles podem se sentir tão temerosos quanto os discípulos: podem ser tentados ao desânimo, expressando suas decepções e expectativas não atendidas reciprocamente, deixando que suas preocupações os dominem e não consigam evitar que suas respectivas diferenças se acentuem. Mas, mesmo hoje, se voltarmos nosso olhar para Cristo e não para nós mesmos, descobriremos que o Ressuscitado está em nosso meio e quer nos dar sua paz e seu Espírito”, disse.
Construtores da unidade
Ao abordar a temática das diferenças, o Papa recordou que elas não diminuem o alcance do que nos une, e não podem nos impedir de reconhecer reciprocamente como irmãos e irmãs em Cristo pelo nosso Batismo comum. “O Senhor chama cada um de nós para ser um construtor da unidade e, embora ainda não sejamos um, nossa comunhão imperfeita não deve nos impedir de caminhar juntos”, afirmou.
Segundo Francisco, as relações entre os cristãos preveem e exigem, a partir de agora, toda colaboração prática possível em vários níveis: pastoral, cultural, social e também no testemunho da mensagem do Evangelho. “Nesse sentido, sou grato pelo trabalho realizado nos últimos cinquenta anos pela Comunhão Internacional Anglicana-Católica, que trabalhou com dedicação para superar os vários obstáculos que se interpõem no caminho da unidade”, enfatizou.
Tornar Cristo conhecido
Francisco sublinhou que o mundo dilacerado de hoje precisa da manifestação do Senhor Jesus ao recordar das realidades que atingem o cenário mundial atualmente.
“Alguns de vocês vêm de regiões onde a guerra, a violência e a injustiça são o pão de cada dia dos fiéis, mas mesmo em países considerados ricos e pacíficos, não falta sofrimento. Nestes países, a pobreza de tantas pessoas é um fato. O que podemos propor diante de tudo isso, se não Jesus, o Salvador? Torná-lo conhecido é a nossa missão”, destacou.
E ao agradecer aos Primazes da Comunhão Anglicana por escolherem se reunir este ano na cidade dos Apóstolos Pedro e Paulo, o Santo Padre afirmou que o Bispo de Roma é o servo dos servos de Deus. “Portanto, é preciso engajar-se em um diálogo fraterno, um diálogo paciente, deixando para trás controvérsias inúteis, para entender como o ministério petrino pode se desenvolver como um serviço de amor para todos”, disse.
Rezar e trabalhar juntos
Por fim, Francisco recordou o caminho da sinodalidade trilhado pela Igreja Católica nos últimos anos e expressou sua satisfação pela presença de tantos delegados fraternos, incluindo um bispo da Comunhão Anglicana, durante a primeira sessão da Assembleia Geral do Sínodo realizada no ano passado.
“Vamos rezar, caminhar e trabalhar juntos, com confiança e esperança. Seria um escândalo se, devido às divisões, não cumpríssemos nossa vocação comum de tornar Cristo conhecido. Em vez disso, se, além de nossas respectivas visões, formos capazes de dar testemunho de Cristo com humildade e amor, será Ele quem nos aproximará uns dos outros”, afirmou.