Audiência no Vaticano

Papa ao Conselho Pan-Ucraniano de Igrejas: rezar juntos pela Ucrânia

Antes da Audiência Geral desta quarta-feira, 25, Francisco recebeu, no Vaticano, uma delegação do Conselho Pan-Ucraniano de Igrejas e Organizações religiosas

Da redação, com Vatican News

Foto: Myriams-Fotos

“Terrível tragédia”. Assim o Papa definiu os acontecimentos na Ucrânia ao receber, no escritório da Sala Paulo VI, pouco antes da Audiência Geral desta quarta-feira, 25, uma delegação do Conselho Pan-Ucraniano de Igrejas e Organizações religiosas. O convite do Pontífice foi para que todos rezem juntos pela “mãe Ucrânia”. O último encontro do gênero foi realizado em 2001, quando uma delegação foi recebida por São João Paulo II.

Os membros do Conselho estarão em Roma até esta quinta-feira, 26, para diversos encontros – incluindo o cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, e o Cardeal Kurt Koch, prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos. No final da tarde de hoje, participam das Vésperas na Basílica de São Paulo, na conclusão da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Nesta terça-feira, 24, a delegação ucraniana visitou a Catedral de Santa Sofia, em Roma.

O Papa disse inicialmente que gostaria de escutar a cada um, o que não seria possível devido ao número dos presentes – 20 pessoas, e a Audiência Geral que seria realizada na sequência: “Somos escravos do tempo”, afirmou.

Proximidade

Após este primeiro momento de acolhida, falou o bispo Marcos, que traçou um panorama dos acontecimentos dos últimos meses na Ucrânia. “O que vocês têm em mãos é um texto que recolhe o que, nestes meses de guerra, brotou do meu coração ao ver as imagens desta imensa tragédia”, disse Francisco de forma espontânea, visto que o texto previamente preparado foi entregue a cada um dos presentes.

“Estou próximo de vocês e recebo regularmente enviados do presidente Zelensky, estou em diálogo com os representantes do povo ucraniano e isso me leva a sentir com vocês e a rezar”, explicou o Santo Padre, que agradeceu “essa unidade” existente:

“Isso é algo grande para mim, como os filhos de uma família que estão um aqui, outro lá, mas quando a mãe está doente, estão todos juntos. Não importa tanto a Ucrânia judaica, a Ucrânia cristã, a Ucrânia ortodoxa, a Ucrânia católica, a Ucrânia islâmica… não, não! Interessa a Ucrânia, “mãe” Ucrânia e todos juntos! E isso mostra o tecido de sua raça. É um exemplo diante de tanta superficialidade que se vê hoje em nossa cultura.”

Oração

O Papa revela que sua proximidade com a Ucrânia vem desde que era pequeno: “Sou próximo de vocês e, mesmo desde criança – ele conhece a história -, eu servia a Missa a um padre, padre Stephano, que estava lá e aprendi a servi-la em ucraniano quando tinha 11 anos e a partir daquele momento a simpatia pela Ucrânia foi crescendo . É uma simpatia antiga que cresceu e isso me aproxima de vocês. Não tenham dúvida! Eu rezo por vocês! Trago-os no coração e peço a Deus que tenha piedade deste povo corajoso. Obrigado por esta visita, obrigado!”

Ao final do encontro, Francisco saudou um a um dos presentes, pedindo que fosse feita uma oração em silêncio, “cada um de seu jeito, na própria forma de rezar, em silêncio, mas juntos pela mãe Ucrânia”.

Conselho Pan-Ucraniano de Igrejas

O Conselho Pan-Ucraniano de Igrejas e de Organizações Religiosas reúne mais de 95% do meio religioso da Ucrânia. É uma associação pública que opera de acordo com seus regulamentos e é provavelmente a maior e mais bem estruturada parte da sociedade civil da Ucrânia. O Conselho se manifestou vários vezes durante a guerra na Ucrânia, condenando a agressão russa.

Seus membros são Igrejas e comunidades religiosas de cristãos de várias denominações e jurisdições, além de organizações religiosas judaicas e islâmicas. A presidência do Conselho muda a cada seis meses. Fazem parte, por exemplo, a Igreja Greco-Católica, a Igreja Católica latina, a Igreja Ortodoxa Ucraniana, liderada pelo metropolita Onufry, em comunhão com o Patriarcado de Moscou, a Igreja Ortodoxa da Ucrânia, reconhecida como autocéfala pelo Patriarcado de Constantinopla em 2019, e liderada pelo metropolita Epifanio, a Igreja Apostólica Armênia e a Igreja Luterana.

Independentemente de ser membro de uma comunidade grande ou pequena, de uma minoria religiosa ou nacional, todos têm direitos e votos iguais e as decisões são tomadas com base no consenso. O Conselho afirma os direitos humanos e as liberdades decorrentes do status do homem como criação suprema de Deus e são garantidos pelo Estado ucraniano de acordo com sua Constituição e a Lei de Liberdade de Consciência. Em suas atividades, o Conselho Ucraniano de Igrejas e Organizações Religiosas respeita os direitos, liberdades e dignidade de cada pessoa e os valores dados pelo Criador.

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