Ciência e tecnologia devem estar a serviço de uma vida digna para todos, pontuou o Papa
Da Redação, com Rádio Vaticano
O Papa Francisco recebeu nesta segunda-feira, 10, em audiência no Vaticano, membros do Comitê italiano para a Biossegurança, as Biotecnologias e as Ciências da Vida, por ocasião do 25º aniversário da instituição do Comitê junto à presidência do Conselho dos Ministros. A tarefa do comitê é apoiar o governo na adoção de medidas científicas, econômicas e sociais nesta matéria.
Em seu discurso, o Santo Padre chamou atenção para o uso distorcido das biotecnologias: essas devem estar a serviço de uma vida digna para todos e deve haver harmonia entre as instâncias científicas, econômicas e éticas.
Francisco destacou antes de tudo o princípio da responsabilidade, lembrando que o homem é chamado a cultivar e proteger o jardim do mundo, como diz o relato do Gênesis. “A tarefa de vocês é não somente aquela de promover o desenvolvimento harmônico e integrado da pesquisa científica e tecnológica que diz respeito aos processos biológicos da vida vegetal, animal e humana; a vocês é pedido também prever e prevenir as consequências negativas que pode provocar um uso distorcido dos conhecimentos e da capacidade de manipulação da vida”.
O cientista também é chamado a ter decisões responsáveis sobre os passos a cumprir, observou o Pontífice, lembrando que as tecnologias, ainda mais que as ciências, colocam nas mãos do homem um poder enorme e crescente. “O risco grave é aquele que os cidadãos, e talvez também aqueles que os representam e os governam, não advirtam plenamente a seriedade dos desafios que se apresentam, a complexidade dos problemas a resolver e o perigo de usar mal do poder que as ciências e as tecnologias da vida colocam em nossas mãos”.
Francisco também advertiu sobre o entrelaçamento entre o poder tecnológico e econômico, uma vez que os interesses podem condicionar os estilos de vida na direção do lucro de certos grupos industriais e comerciais, em detrimento de populações mais pobres.
Para chegar, em vez disso, a uma harmônica composição entre as instâncias científicas, produtivas, éticas e políticas e promover um desenvolvimento sustentável que respeite a casa comum, serve abertura à comparação entre as diversas posições, com a certeza de que o testemunho prestado à verdade e ao bem comum dos homens de ciência contribui para a maturidade da consciência civil.
“Na conclusão desta reflexão, permitam-me recordar que as ciências e as tecnologias são feitas para o homem e para o mundo, não o homem e o mundo para as ciências e as tecnologias. Essas estejam a serviço de uma vida digna e sadia para todos, no presente e no futuro, e tornem a nossa casa comum mais habitável e solidária, mais cuidada e protegida”.