Francisco afirmou que “para garantir uma paz duradoura, precisamos voltar ao reconhecimento da humanidade comum e colocar a fraternidade no centro da vida”
Da redação, com Vatican News
Na manhã deste sábado, 11, o Papa Francisco recebeu os participantes do Encontro Mundial sobre a Fraternidade Humana que se propõe a promover os princípios apresentados na Encíclica Fratelli tutti.
Ao saudá-los disse: “Em um planeta em chamas, vocês se reuniram para reafirmar seu ‘não’ à guerra e seu ‘sim’ à paz, dando testemunho da humanidade que nos une e nos faz reconhecer irmãos, na dádiva mútua de nossas respectivas diferenças culturais”.
Compaixão
Depois de citar Martin Luther King que afirmava “ainda não aprendemos a simples arte de viver juntos como irmãos”, Francisco acrescentou: “Como podemos, concretamente, voltar a fazer com que cresça a arte de uma convivência que seja verdadeiramente humana?”, sugerindo em seguida a atitude-chave proposta pela Encíclica Fratelli tutti: a compaixão.
Para explicar, Francisco recordou um episódio de São Lucas no qual Jesus conta a história de um samaritano que, movido pela compaixão, aproxima-se de um judeu que os ladrões deixaram meio morto à beira da estrada.
“Vejamos esses dois homens”, afirmou o Papa, “suas culturas eram inimigas, suas histórias eram diferentes e conflitantes, mas um se torna irmão do outro no momento em que se deixa guiar pela compaixão que sente por ele – poderíamos dizer: ele se deixa atrair por Jesus presente naquele homem ferido”.
Construir boas políticas
O Papa recordou em seguida os trabalhos que os participantes farão na parte da tarde para a elaboração de algumas propostas à sociedade civil, centradas na dignidade da pessoa humana, para construir boas políticas, com base no princípio da fraternidade, que “tem algo de positivo a oferecer à liberdade e à igualdade” (Fratelli tutti, 103).
“Aprecio essa escolha e o encorajo a prosseguir com seu trabalho de semeadura silenciosa. Dela pode surgir uma ‘Carta do Humano’ – ‘Carta do humano’ que inclui, além dos direitos, o comportamento e as razões práticas do que nos torna mais humanos na vida”
Depois o Papa agradeceu o grupo de ilustres vencedores do “Prêmio Nobel” presentes, sobretudo pelo compromisso que assumiram este ano na reconstrução de uma “gramática da humanidade”, “gramática do humano”, na qual basear escolhas e comportamentos. “Exorto-os a seguir em frente”, disse Francisco “a fazer crescer essa espiritualidade da fraternidade e a promover, por meio de sua ação diplomática, o papel dos organismos multilaterais”.
Fraternidade no centro da vida
Por fim, reiterando a importância da fraternidade ainda afirmou: “A guerra é um engano, a guerra é sempre uma derrota, assim como a ideia de segurança internacional baseada na dissuasão do medo. É um outro engano. Para garantir uma paz duradoura, precisamos voltar ao reconhecimento da humanidade comum e colocar a fraternidade no centro da vida das pessoas”.
Francisco concluiu afirmando que “a paz política precisa de paz nos corações, para que as pessoas possam se encontrar na confiança de que a vida sempre vence todas as formas de morte”.
O Papa recordou ainda do encontro que se realiza na parte da tarde no Vaticano com os jovens sugerindo: “Observemo-los, aprendamos com eles, como nos ensina o Evangelho: se ‘não vos tornardes como crianças, não entrareis no reino dos céus’ (Mt 18,3). Façamos todos desse abraço um compromisso de vida e um gesto profético de caridade”.