No Dia da Vida Consagrada, Papa impulsiona consagrados a estar com Jesus no meio do povo, sem cair na tentação da sobrevivência
Jéssica Marçal
Da Redação
A tentação da sobrevivência pode tornar estéril a vida consagrada. Este foi o alerta dado pelo Papa Francisco em Missa na Basílica de São Pedro nesta quinta-feira, 2, Festa da Apresentação do Senhor e Dia da Vida Consagrada.
Na homilia, Francisco destacou a esperança que alimentava o louvor de Simeão e Ana, presentes na cena evangélica da apresentação de Jesus no templo. Mesmo idoso, o casal foi capaz de uma nova fecundidade e deu testemunho disso cantando que a vida merece esperança. Esse cântico é uma herança, disse o Papa, um sonho que deve ser acolhido e profetizado. “Sonho e profecia juntos. Memória de como sonharam os nossos anciãos, os nossos pais e mães, e coragem para levar por diante, profeticamente, este sonho”.
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.: Íntegra da homilia
Essa atitude, segundo o Papa, não só torna o homem fecundo, mas também o livra da tentação da sobrevivência, um mal que se instala pouco a pouco e não é próprio apenas da vida consagrada, mas esta, em especial, é chamada a precaver-se.
“A psicologia da sobrevivência tira força aos nossos carismas, porque leva-nos a ‘domesticá-los’, a pô-los ‘ao nosso alcance’ mas privando-os da força criativa que eles inauguraram; faz com que queiramos mais proteger espaços, edifícios ou estruturas do que tornar possíveis novos processos. A tentação da sobrevivência faz-nos esquecer a graça, transforma-nos em profissionais do sagrado, mas não pais, mães ou irmãos da esperança, que fomos chamados a profetizar”.
O Santo Padre destacou ainda que, diante da transformação multicultural pela qual passa a sociedade de hoje, os consagrados são chamados a estar inseridos, com Jesus, no coração dessas grandes transformações. É preciso ser fermento dessa massa concreta, disse o Pontífice, e não ter atitude defensiva movida pelos próprios medos.
“Colocarmo-nos com Jesus no meio do seu povo! Não como ativistas da fé, mas como homens e mulheres que são continuamente perdoados, homens e mulheres ungidos no Batismo para partilhar esta unção e a consolação de Deus com os outros”, frisou o Papa.