Em audiência com participantes da Reunião das Obras de Ajuda às Igrejas Orientais, Francisco destacou sofrimento de comunidades do Oriente com guerras
Da Redação, com Vatican News
Acontece desde a segunda-feira, 24, o encontro da Reunião das Obras de Ajuda às Igrejas Orientais (ROACO). Nesta quinta-feira, 27, os participantes foram recebidos em audiência pelo Papa Francisco, que lhes dirigiu algumas palavras sobre o trabalho realizado por eles para as Igrejas Orientais.
O Pontífice iniciou apontando para as tradições espirituais e a sabedoria destas Igrejas que “têm muito para nos dizer sobre a vida cristã, a sinodalidade e a liturgia”. Ele convidou: “pensemos nos antigos Padres, nos Concílios, no monaquismo: tesouros inestimáveis para a Igreja”.
Entre as Igrejas Orientais, observou o Santo Padre, há aquelas que estão em plena comunhão com o sucessor de São Pedro, enriquecendo a comunhão católica com a grandeza da sua história e suas peculiaridades. Contudo, alertou, “esta beleza está ferida”.
Francisco então falou sobre o sofrimento causados pelas guerras e conflitos, referindo-se às Igrejas como “martiriais”. “Assim como a carne do Senhor foi trespassada pelos pregos e pela lança, tantas comunidades orientais estão feridas e sangrando devido aos conflitos e às violências que sofrem”, declarou.
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Diante disso, “não podemos ficar indiferentes”, afirmou o Papa, recordando exortações de solidariedade de São Paulo. “É a Palavra inspirada por Deus, e vocês da ROACO são as mãos que dão corpo a esta Palavra”, expressou.
Ajudar aqueles que sofrem
O Pontífice pediu que continuem a apoiar as Igrejas Orientais Católicas, ajudando-as nestes tempos de conflito a permanecerem firmes no Evangelho. “Com o seu apoio”, pontuou, “poderão ajudar a compensar aquilo que o poder civil deveria garantir aos mais fracos, aos mais miseráveis, mas que não pode, não sabe ou não quer garantir”.
As sementes que vocês plantam em solos poluídos pelo ódio e pela guerra brotarão, estou certo disso. E serão a profecia de um mundo diferente, que não acredita na lei do mais forte, mas na força de uma paz desarmada.
– Papa Francisco
O Santo Padre também agradeceu pelo trabalho realizado pela ROACO, frisando que por mais que o mundo não reconheça os esforços, Deus Se agrada deles. “Obrigado por responder a quem destrói, reconstruindo; aos que se privam da dignidade, restaurando a esperança; às lágrimas das crianças, com o sorriso de quem ama; à lógica maligna do poder, com a lógica cristã do serviço”, manifestou.
Durante o encontro, Francisco abordou a situação vivida na Terra Santa e na Ucrânia. “É urgente cessar fogo, reunir-se e dialogar para permitir a coexistência de diferentes povos, único caminho possível para um futuro estável”, salientou, acrescentando que “sendo a guerra, porém, uma aventura sem sentido e inconclusiva, ninguém sairá vitorioso: todos serão derrotados”.
Além disso, o Papa também recordou o drama dos deslocados na região de Karabakh, agradecendo a Gevork Saroyan, da Igreja Apostólica Armênia, pelos esforços para ajudar aqueles que sofrem. Ele também reconheceu as ações de algumas dioceses latinas para acolher os fiéis orientais, incentivando-as a perseverar neste trabalho.