Aos participantes da Assembleia Plenária da CAL, Francisco afirmou que “pontes” precisam ser de reconciliação, inclusão e fraternidade
Da Redação, com Vatican News
O Papa Francisco recebeu, na manhã desta quinta-feira, 27, os participantes da Assembleia Plenária da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL). A função da CAL é dedicar-se ao estudo das questões que se referem à vida e ao desenvolvimento das Igrejas particulares na América Latina. Ela também ajuda os Dicastérios interessados com conselhos e meios econômicos.
“A CAL deve construir pontes de reconciliação, de inclusão, de fraternidade! Pontes que garantam que ‘caminhar juntos’ não seja uma mera expressão retórica, mas uma autêntica experiência pastoral!”, disse o Santo Padre.
Encontro
Depois de agradecer ao presidente da CAL, (cardeal e Prefeito do Dicastério para os Bispos) Robert Prevost, por suas palavras iniciais, Francisco se deteve nas três perguntas que os participantes da plenária tentarão responder nesses dias de trabalho. São elas: “Que práticas promover com relação ao desenvolvimento na região ‘tocando a carne sofredora de Cristo nas pessoas’?”; “Como evangelizar a esfera social, promovendo a fraternidade diante do fenômeno da polarização?” e “Que serviço a CAL deve prestar às conferências episcopais, ao CELAM e aos dicastérios da Santa Sé?”
O Pontífice observou que as perguntas não se referem apenas a questões que a realidade atual exige, mas também fazem parte da reforma sinodal que toda a Igreja deve adotar para fazer com que a verdadeira face de Jesus Cristo brilhe mais e melhor.
Nessa mesma linha, Francisco recordou as palavras incisivas do Cardeal Ratzinger quando ele estava pensando na “verdadeira reforma” da Igreja: “a reforma é sempre uma ablatio: um remover, para que a nobilis forma, o rosto da Esposa, se torne visível e, junto com ela, também o do Esposo, o Senhor vivo”.
Encorajamento da vida eclesial latino-americana
O Santo Padre, então, destacou que com a constituição Praedicate evangelium, quis colaborar precisamente nesta “ablatio” para renovar a Cúria Romana e, entre outras coisas, fazer da CAL uma “diaconia” que permita à Igreja na América Latina experimentar a atenção e o afeto pastoral do Sucessor de Pedro.
O Papa mencionou as palavras “discrição”, “prudência” e “eficácia” para enfatizar que a CAL não é chamada a substituir nenhum ator na vida eclesial latino-americana. Mas, sim, é chamada a encorajar todos eles, com a simplicidade e a profundidade de quem confia mais no envio missionário e no serviço do que no mero ativismo.
A CAL deve promover com todos os seus interlocutores, tanto na Santa Sé como no CELAM, CEAMA, CLAR e todos os organismos eclesiais que servem direta ou indiretamente a Igreja na América Latina, um estilo sinodal de pensar, sentir e fazer.
São Juan Diego: exemplo de pequenez no serviço pastoral
Nesse aspecto a CAL e a Igreja na América Latina podem encontrar uma profunda fonte de inspiração no missionário São Juan Diego – um nativo extremamente modesto e simples. “A Virgem não o escolheu por sua erudição, suas habilidades organizacionais ou suas relações com o poder. Pelo contrário, Nossa Senhora de Guadalupe se comoveu com sua pequenez”.
Nessas cenas, pode-se ver, com simplicidade e profundidade, a sinodalidade e a comunhão simultâneas. Deste modo, o Papa reforça que o fiel leigo proclama as boas novas, confiando fundamentalmente na dimensão eclesial e sobrenatural de sua missão, e não tanto em sua própria força.
“O resultado desse exercício sinodal e comunitário não são apenas as rosas que aparecem na frente de todos, não apenas a imagem milagrosa impressa na tilma [manto] do santo, mas também o início de um processo de reconciliação fraterna entre povos inimigos. Um processo que nunca foi perfeito, mas que, sem dúvida, contribuiu para o nascimento de uma nova realidade na América Latina”.
Construir pontes de reconciliação, de inclusão, de fraternidade
Esse é o estilo inspirador que a CAL deve promover em toda a região da América Latina e, quando necessário, além de suas fronteiras, afirmou o Pontífice. “A CAL deve construir pontes de reconciliação, de inclusão, de fraternidade! Pontes que garantam que ‘caminhar juntos’ não seja uma mera expressão retórica, mas uma autêntica experiência pastoral!”.
Por fim, Francisco frisou a proximidade do Jubileu 2025. Depois de citar a bula Spes non confundit. ele disse que está confiante de que todos os membros da CAL participarão ativamente, convidando o povo de Deus a peregrinar e a proclamar a mensagem de esperança que toda a região precisa urgentemente ouvir e redescobrir.
“Que Santa Maria de Guadalupe, Mãe do verdadeiro e único Deus, aquele que é o autor da vida, nos sustente e nos encoraje a perseverar em nosso esforço conjunto para tornar a Igreja uma comunidade cada vez mais no estilo de Jesus. E, por favor, não se esqueçam de orar por mim”, concluiu.