Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira, 29, Francisco refletiu sobre São Paulo e sua paixão pelo Evangelho que o levou a ser chamado de Príncipe dos Apóstolos
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre “A paixão de evangelizar: o zelo apostólico do fiel”, na Audiência Geral desta quarta-feira, 29, realizada na Praça São Pedro. A figura de São Paulo foi central neste encontro semanal com os fiéis, pois o Apóstolo dos Gentios testemunhou o que significa ter paixão pelo Evangelho.
“No primeiro capítulo da Carta aos Gálatas, assim como na narração dos Atos dos Apóstolos, observamos que seu zelo pelo Evangelho aparece depois de sua conversão, e substitui seu zelo precedente pelo judaísmo. Saulo, primeiro nome de Paulo, já era zeloso, mas Cristo converte o seu zelo: da Lei ao Evangelho”, disse Francisco.
Segundo o Papa, no caso de Paulo, o que o mudou não foi uma simples ideia ou uma convicção: foi o encontro com o Senhor ressuscitado. “Não se esqueçam disto, o que muda uma vida é o encontro com o Senhor – para Saulo foi o encontro com o Senhor ressuscitado que transformou todo o seu ser. A humanidade de Paulo, sua paixão por Deus e sua glória não são aniquiladas, mas transformadas, ‘convertidas’ pelo Espírito Santo. O único que pode mudar nossos corações, mudar, é o Espírito Santo”.
“E assim para todos os aspectos de sua vida. Como acontece na Eucaristia: o pão e o vinho não desaparecem, mas tornam-se o Corpo e o Sangue de Cristo. O zelo de Paulo permanece, mas se torna o zelo de Cristo. O significado muda, mas o zelo é o mesmo”, sublinhou Francisco.
Conversão
Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura, este é o significado de ser uma nova criatura, explicou o Papa. De acordo com o Santo Padre, tornar-se cristão não é uma maquiagem que muda o rosto. Se você é cristão, seu coração muda, mas se você for cristão de aparência, isso não funciona. A verdadeira mudança é a do coração, destacou. E isso aconteceu com Paulo.
Segundo o Pontífice, a paixão pelo Evangelho não é questão de compreensão ou de estudos. “Você pode estudar toda a Teologia que quiser, pode estudar a Bíblia e tudo mais e virar um ateu ou mundano, não é questão de estudos. Na história houve muitos teólogos ateus! Estudar serve, mas não gera a nova vida da graça. Converter-se significa refazer aquela mesma experiência de ‘queda e ressurreição’ que Saulo/Paulo viveu e que está na origem da transfiguração do seu zelo apostólico”.
A mudança a partir de Jesus
Na sequência, Francisco recordou que “muitas vezes ouvimos comentários sobre as pessoas: ‘Mas olha aquele ali, era um miserável e agora é um bom homem, uma boa mulher. Quem o mudou?” O Pontífice respondeu: Jesus.
“Ele encontrou Jesus. Se Jesus não entrou na sua vida ela não mudou. Você vai ser um cristão de fora. Jesus tem que entrar e isso muda você. Foi o que aconteceu com Paulo. Encontrar Jesus. Por isso, Paulo disse que o amor de Cristo nos impele, nos leva adiante. O mesmo aconteceu com todos os santos, a mudança. Quando encontraram Jesus foram em frente”.
Ser capaz de amar
O Papa fez então mais uma reflexão sobre a mudança que aconteceu em Paulo, “que de perseguidor se tornou apóstolo de Cristo”. “Quando iluminado pelo Ressuscitado, descobre que foi “blasfemo e violento”. Então ele começa a ser realmente capaz de amar”, disse Francisco, acrescentando:
“E este é o caminho. Se um de nós disser: ‘Ah! Obrigado Senhor, porque sou uma boa pessoa, faço coisas boas, não cometo pecados grandes’. Este não é um bom caminho, este é um caminho de autossuficiência. É um caminho que não justifica a pessoa. Ele é um católico elegante, mas um católico elegante não é um católico santo, ele é elegante. O verdadeiro católico, o verdadeiro cristão é aquele que recebe Jesus dentro de si, e Ele muda o seu coração”.
Só Jesus nos justifica
O Santo Padre convidou a todos a se perguntarem: “O que Jesus significa para mim? Deixo-o entrar no meu coração ou apenas o mantenho por perto, mas não tanto dentro? Deixei que Ele me mudasse ou Jesus é somente uma ideia, uma teologia que vai adiante?”
Segundo Francisco, o zelo é isso: quando alguém encontra Jesus sente o fogo e como Paulo deve pregar Jesus, deve falar de Jesus, deve ajudar as pessoas, deve fazer coisas boas.
“Quando alguém encontra a ideia de Jesus, permanece um ideólogo do cristianismo e isso não justifica, só Jesus nos justifica. Que o Senhor nos ajude a encontrar Jesus, e que esse Jesus de dentro mude a nossa vida e nos ajude a ajudar os outros”, concluiu Francisco.