Durante a Missa de hoje, Pontífice falou do “espírito de cansaço” que “abala a esperança”
Da Redação, com Vatican News
Na Missa desta terça-feira, 9, na Casa Santa Marta, o Papa Francisco fez uma reflexão sobre o espírito de cansaço que acaba por abalar a esperança do homem. A inspiração foi a partir da passagem bíblica no Livro dos Números (Nm 21,4-9).
“O povo de Deus não suportou a viagem”, está escrito na Primeira Leitura: “o entusiasmo” e a “esperança” da fuga da escravidão no Egito foram se perdendo aos poucos à margem do mar e depois no deserto, chegando a murmurar contra Moisés. “O espírito de cansaço nos tira a esperança”, afirmou o Pontífice, “o cansaço é seletivo: sempre nos faz ver o lado ruim do momento que estamos vivendo e esquecer das coisas boas que recebemos”.
“E nós, quando estamos desolados, não suportamos a viagem e buscamos refúgio nos ídolos ou na murmuração ou em tantas outras coisas … Isso é um modelo para nós. E este espírito de cansaço em nós cristãos nos leva também a um modo de viver insatisfeito: o espírito de insatisfação. Tudo é ruim, tudo nos incomoda… o próprio Jesus nos ensinou isso quando diz que este espírito de insatisfação nos faz parecer crianças quando brincam”.
Campo para semear
O Santo Padre destacou ainda que ceder à falência é o campo perfeito para o diabo semear. Às vezes, os cristãos têm medo das consolações, medo da esperança, das carícias do Senhor, e acabam conduzindo uma “vida de viúvas pagas para chorar”.
“Esta é a vida de muitos cristãos. Vivem se lamentando, vivem criticando, vivem murmurando, vivem insatisfeitos. “O povo não suportou a viagem”. Nós cristãos muitas vezes não suportamos a viagem. E a nossa preferência é nos apegar à falência, isto é, à desolação. E a desolação pertence à serpente: a serpente antiga, aquela do paraíso terrestre. É um símbolo aqui: a mesma cobra que seduziu Eva e esta é uma maneira de mostrar a cobra que têm dentro, que morde sempre na desolação”.
O medo da esperança
Passar a vida se lamentando é o que acontece com quem “prefere a falência”, acrescentou o Papa, não suporta a esperança, não suporta a ressurreição de Jesus.
“Irmãos e irmãs, recordemos somente esta frase: “O povo não suportou a viagem”. Os cristãos não suportam a viagem. Os cristãos não suportam a esperança. Os cristãos não suportam a cura. Ficamos mais presos à insatisfação, ao cansaço, à falência. Que o Senhor nos liberte desta doença”.