Durante celebração da Missa Crismal na Basílica de São Pedro, Francisco falou aos sacerdotes sobre importância da contrição e da misericórdia
Da Redação, com Vatican News
O Papa Francisco celebrou nesta quinta-feira, 28, a Missa Crismal (também conhecida como Missa dos Santos Óleos) na Basílica de São Pedro. Durante esta celebração, que precede o início do Tríduo Pascal, o bispo e os presbíteros renovam as promessas sacerdotais pronunciadas no dia da Ordenação, reafirmando a própria fidelidade a Cristo. Além disso, são abençoados os óleos dos enfermos, dos catecúmenos e do Crisma.
Cerca de 1500 sacerdotes estiveram presentes, e foi a eles que o Pontífice se dirigiu em sua homilia. Ele refletiu sobre a compunção (ou seja, contrição), que definiu como “insólita”. “Não um sentimento de culpa que o lança por terra, nem uma série de escrúpulos que paralisam”, explicou, “mas uma ‘picada’ benéfica que queima intimamente e cura, pois o coração, quando se dá conta do próprio mal e se reconhece pecador, abre-se, acolhe a ação do Espírito Santo”.
Entretanto, prosseguiu o Santo Padre, é necessário compreender bem o significado da expressão “chorar por nós próprios”. “Não é sentir pena de nós, é arrepender-nos seriamente de ter entristecido a Deus com o pecado; reconhecer que diante d’Ele sempre estamos em débito, nunca em crédito; é olhar para dentro e sentir pesar pela própria ingratidão e inconstância”, expressou, alertando os sacerdotes para a “hipocrisia clerical”.
“Na vida espiritual é preciso chorar”
“A hipocrisia clerical, queridos irmãos, aquela hipocrisia na qual escorregamos tanto, tanto… Cuidado com a hipocrisia clerical.”
– Papa Francisco
Francisco indicou que, a partir deste ponto, “pode-se erguer o olhar para o Crucificado e deixar-se comover pelo seu amor que sempre perdoa e eleva”. Para isso é necessário esforço para restituir a paz. A compunção, sinalizou, é o “antídoto” para a “esclerocardia”, isto é, a dureza do coração frequentemente denunciada por Jesus.
O coração sem arrependimento nem lágrimas torna-se rígido, rotineiro, intolerante com os problemas e indiferente às pessoas, advertiu o Papa. Na vida espiritual, pontuou, é preciso chorar como as crianças, pois quem não chora retrocede e envelhece interiormente.
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Quem tem o coração contrito sente-se cada vez mais irmão de todos os pecadores do mundo, observou o Pontífice, e não tem qualquer aparência de superioridade nem dureza de juízo, mas desejo de amar e reparar. “O Senhor não pede juízos de desprezo contra quem não crê, mas amor e lágrimas por quem vive afastado”, afirmou.
A misericórdia de Deus
A compunção, indicou o Santo Padre, é uma graça que precisa ser pedida na oração. Neste contexto, ofereceu duas recomendações: não olhar a vida e a vocação sob uma perspectiva de eficiência e imediatismo, mas alargar os horizontes para dilatar o coração; e dedicar-se a uma oração que não seja obrigatória e funcional, mas livre, calma e prolongada.
“Voltemos à adoração e à oração do coração. Repitamos: Jesus, Filho de Deus, tende piedade de mim, pecador. Sintamos a grandeza de Deus na nossa baixeza de pecadores, para olharmos para dentro de nós mesmos e nos deixarmos trespassar pelo seu olhar”, expressou.
Por fim, Francisco agradeceu aos sacerdotes pela abertura de seus corações e pela docilidade, pelas fadigas e pelo pranto, por levar a misericórdia de Deus a todos. “Que o Senhor vos console, confirme e recompense”, concluiu.