Na Catequese, Francisco frisou: “O Natal é um fogo eterno que Deus acendeu no mundo, e não pode ser confundido com coisas efêmeras”
Da redação, com Vatican News
Nesta catequese, no período que antecede o Natal, gostaria de oferecer alguns pontos de reflexão em preparação para a celebração do Natal. Na Liturgia da Noite ressoará o anúncio do anjo aos pastores: “Não tenham medo! Eu anuncio para vocês a Boa Notícia, que será uma grande alegria para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vocês um Salvador, que é o Messias, o Senhor. Isto lhes servirá de sinal: vocês encontrarão um recém-nascido, envolto em faixas e deitado na manjedoura”.
Com essas palavras o Papa Francisco iniciou a catequese da Audiência Geral, desta quarta-feira, 23, sobre o Natal, realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico. O Pontífice comentou que o Natal se tornou uma festa universal e até quem não acredita sente o encanto deste evento. Contudo, Francisco afirmou que os cristãos sabem que o Natal é um acontecimento decisivo, um fogo eterno que Deus acendeu no mundo, e não pode ser confundido com coisas efêmeras.
“É importante que não seja reduzido a uma celebração meramente sentimental ou consumista”, alertou. No domingo passado, o Papa recordou que chamou a atenção para este problema, sublinhando que o consumismo sequestrou o Natal. “Não! O Natal não deve se reduzir a uma festa somente sentimental e consumista, cheia de presentes e felicitações, mas pobre de fé cristã. E também pobre de humanidade. Portanto, é necessário refrear uma certa mentalidade mundana, incapaz de compreender o núcleo incandescente da nossa fé, que é o seguinte: ‘E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade'”. O Papa frisou que este é o centro do Natal, aliás, é a verdade do Natal.
Segundo o Santo Padre, o Natal convida a humanidade a refletir, por um lado, sobre a dramaticidade da história, em que homens e mulheres, feridos pelo pecado, procuram incessantemente a verdade, a misericórdia e a redenção; e, por outro, sobre a bondade de Deus, que veio ao encontro de homens e mulheres para comunicar a Verdade que salva e para tornar todos participantes da sua amizade e da sua vida.
“Este é um dom de graça. Isto é pura graça. Sem merecimento nosso. Tudo é graça. Recebemos este dom de graça através da simplicidade e da humanidade do Natal, e ele pode remover dos nossos corações e das nossas mentes o pessimismo que hoje se difundiu por causa da pandemia”, destacou o Pontífice.
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Com a Boa Nova do Natal, Francisco garantiu que a humanidade pode superar a sensação de desconcerto inquietador, sem deixar-se dominar pelas derrotas e fracassos, na consciência redescoberta de que aquele Menino humilde e pobre, escondido e indefeso, é o próprio Deus, que se fez homem para todos. O Papa afirmou que muitos podem se perguntar: “Jesus nasceu dois mil anos atrás e isso diz respeito a mim?”. E respondeu: “Diz respeito a mim, a você, a cada um de nós. Jesus é um de nós. Deus em Jesus é um de nós”.
De acordo com o Santo Padre, esta realidade dá muita alegria e coragem, pois Deus não desdenhou da humanidade, não passou ao lado dela, não desprezou a sua miséria, não se vestiu de um corpo aparente, mas assumiu plenamente a sua natureza e condição humana. “É um de nós. É como nós. Nada excluiu, exceto o pecado, única coisa que Ele não tem. Toda a humanidade está n’Ele. Ele assumiu tudo o que somos, tal como somos. Isto é essencial para a compreensão da fé cristã”.
“O Natal é a festa do Amor encarnado e nascido para nós em Jesus Cristo. Ele é a luz dos homens que resplandece nas trevas, que dá sentido à existência humana e a toda a história”. – Papa Francisco
Ao final de sua reflexão, o Papa desejou que esta breve reflexão ajude os cristãos a celebrarem o Natal com maior consciência. Mas advertiu que há outra forma de preparação e que está ao alcance de todos: meditar um pouco em silêncio diante do presépio. O presépio, explicou Francisco, é uma catequese daquela realidade, daquilo que aconteceu naquele ano, naquele dia, e que se ouve no Evangelho.
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O Santo Padre recordou a carta que escreveu no ano passado, intitulada “Admirabile signum”, “Sinal admirável”. “Na escola de São Francisco de Assis, podemos nos tornar um pouco crianças, permanecer em contemplação da cena da Natividade, deixando que renasça em nós a admiração da forma maravilhosa como Deus quis vir ao mundo”.
“Peçamos a graça do estupor”, disse ainda o Pontífice, “diante desse mistério, dessa realidade tão tenra, tão bonita, tão próxima ao nosso coração que o senhor nos dê a graça do estupor encontra-lo, para nos aproximar dele, para nos aproximar a todos nós. Isto fará renascer em nós a ternura”.
Depois, o Papa concluiu: “Outro dia falando com alguns cientistas, se falava sobre a inteligência artificial e sobre robôs. Existe robôs programados para fazer tudo. E eu perguntei: mas o que um robô nunca poderá fazer? Eles pensaram. Fizeram propostas e por fim entraram de acordo numa coisa: a ternura. Isso um robô não poderá sentir. E isso é o que Deus nos traz hoje. Uma maneira maravilhosa em que Deus quis vir ao mundo e isso faz renascer em nós a ternura, a ternura humana que é próxima à ternura de Deus e hoje temos grande necessidade de ternura! Precisamos muito de carícia humana diante de tanta miséria! Se a pandemia nos obrigou a estar mais distantes, Jesus, no presépio, nos mostra o caminho da ternura para estarmos próximos, para sermos humanos. Sigamos este caminho. Feliz Natal!”.