encontro com religiosos

No Iraque, Papa pede união fraterna em mundo dilacerado pelas divisões

O segundo compromisso do Papa no Iraque foi com bispos, sacerdotes, religiosos, seminaristas e catequistas na Catedral de Nossa Senhora da Salvação, em Bagdá

Julia Beck
Da redação, com Boletim da Santa Sé

Papa durante encontro com religiosos em Bagdá/ Foto: Vatican Media via Reuters

No Iraque, Papa pede união fraterna em um mundo dilacerado pelas divisões. A exortação do Pontífice aconteceu durante encontro com os bispos, sacerdotes, religiosos, seminaristas e catequistas na Catedral de Nossa Senhora da Salvação, em Bagdá. Este foi o segundo compromisso do Santo Padre desde a sua chegada no Iraque.

No início de seu discurso, Francisco agradeceu ao Patriarca Ignace Youssif Younan e ao Cardeal Louis Sako que o dirigiram palavras de boas vindas.

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Mártires iraquianos: fidelidade ao Senhor e à Igreja

Os mártires iraquianos foram citados pelo Pontífice no começo de sua reflexão. Para o Papa, eles são fontes de inspiração e confiança na força da Cruz. Força esta que intensifica a mensagem salvífica de perdão, reconciliação e renascimento. “Pagaram o preço extremo da sua fidelidade ao Senhor e à sua Igreja”, afirmou.

Segundo Francisco, o cristão é chamado a testemunhar o amor de Cristo em todo o tempo e lugar. “Este é o Evangelho que se deve proclamar e encarnar também neste amado país.”

Desafios pastorais na pandemia

“Compartilhais as alegrias e os sofrimentos, as esperanças e as angústias dos fiéis de Cristo”, exortou o Santo Padre aos membros do clero. 

As carências do povo de Deus e os árduos desafios pastorais foram agravados com a pandemia, mas Francisco pediu que os presbíteros jamais abandonem o zelo apostólico.

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Esperança para superar o desânimo

O Pontífice alertou para o desânimo que às vezes parece difundir-se, e pediu que seja combatido com esperança. Segundo o Papa, a esperança nasce da oração perseverante e da fidelidade diária ao apostolado.

Com esperança é possível prosseguir com energia sempre nova para partilhar a alegria do Evangelho como discípulos missionários e sinais vivos da presença do Reino de Deus, Reino de santidade, justiça e paz.

Vidas transformadas a partir de Cristo

“Não esqueçamos jamais que Cristo é anunciado sobretudo com o testemunho de vidas transformadas pela alegria do Evangelho.” Isso, de acordo com o Santo Padre, é palpável na antiga história da Igreja no Iraque.

Francisco destacou que uma fé viva em Jesus é “contagiosa” e pode mudar o mundo. O exemplo dos santos, segundo o Pontífice, mostra que seguir Jesus Cristo não é algo apenas verdadeiro e justo, mas também belo, capaz de cumular vida e alegria profunda, mesmo em meio a provações» (FRANCISCO, Exort. ap. Evangelii gaudium, 167).

Dificuldades de anos de guerra e perseguições

As dificuldades vividas pelos fiéis iraquianos foram lembradas. Os católicos do país enfrentaram os efeitos das guerras, das perseguições e da fragilidade das estruturas, segurança e economia. Os deslocamentos internos e a migração foram intensificados.

Bispos e sacerdotes receberam a gratidão do Santo Padre, por terem permanecido ao lado do  povo. “Animo-vos a perseverar neste compromisso, a fim de garantir que a Comunidade Católica no Iraque, apesar de pequena como um grão de mostarda (cf. Mt 13, 31-32), continue a enriquecer o caminho do país no seu conjunto”.

Colocar de lado o egocentrismo e a competição

O amor de Cristo pede para colocar de lado qualquer tipo de egocentrismo e competição, sublinhou o Papa. O Santo Padre pediu comunhão universal, acolhimento e cuidado mútuo.

A pluralidade histórica, litúrgica e espiritual dos iraquianos deve ser respeitada, defendeu Francisco. “Esteja sempre no nosso coração esta exortação de Santo Inácio de Antioquia: «Nada haja entre vós que possa dividir-vos (…), mas fazei tudo em comum: uma só oração, uma só prece, uma só alma, uma só esperança na caridade e na santa alegria» (Ad Magnesios, 6-7: PL 5, 667)”.

Testemunhar a união fraterna

É importante o testemunho de união fraterna em um mundo frequentemente fragmentado e dilacerado pelas divisões, frisou o Papa.

“Todo o esforço feito para construir pontes entre comunidades e instituições eclesiais, paroquiais e diocesanas aparecerá como gesto profético da Igreja no Iraque e como resposta fecunda à oração de Jesus para que todos sejam um só (cf. Jo 17,21; Ecclesia in Medio Oriente, 37)”.

Nos momentos de provação e dificuldade, o Santo Padre incentivou o apoio mútuo entre os católicos.

Aos bispos

Aos bispos iraquianos, o Pontífice reforçou a necessidade de proximidade com Deus na oração, com os fiéis e com os sacerdotes. O pedido é que os prelados permaneçam próximos aos sacerdotes, como o Bom Pastor. “Acompanhai-os com a vossa oração, o vosso tempo, a vossa paciência, reconhecendo o seu trabalho e guiando o seu crescimento.”

Aos sacerdotes, religiosos e religiosas, catequistas e seminaristas

Em reflexão direcionada aos sacerdotes, religiosos e religiosas, catequistas e seminaristas, Francisco pediu uma renovação, todos os dias, da resposta que um dia deram a Jesus. 

O Papa os incentivou a saírem para o meio do povo, dedicando a eles presença e acompanhamento. “Servindo a Jesus nos outros, descobrimos a verdadeira alegria. Não vos afasteis do santo povo de Deus”, complementou.

Memória dos mortos pela perseguição

No final de seu discurso, o Santo Padre relembrou os mortos em atentado na Catedral de Nossa Senhora da Salvação, em Bagdá, em 2010 – cuja causa de beatificação está em andamento. 

O fato, de acordo com Francisco, lembra que o incitamento à guerra, os comportamentos de ódio, a violência e o derramamento de sangue são incompatíveis com os ensinamentos religiosos.

As vítimas de violências e perseguições também foram lembrados.

Papa na Catedral de Nossa Senhora da Salvação, em Bagdá /Foto: Reprodução Vatican Media

Encontro com os líderes religiosos em Ur

O Pontífice afirmou que seu encontro com religiosos em Ur, será uma oportunidade para proclamar mais uma vez a convicção de que a religião deve servir a causa da paz e da unidade.

Jovens, portadores da esperança

Francisco manifestou seu pensamento particular aos jovens. “São portadores de promessas e de esperança em toda a parte, e sobretudo neste país.  (…) Lembremo-nos de que eles, juntamente com os idosos, são a ponta de diamante do país, os frutos mais saborosos da árvore: cabe-nos cultivá-los no bem e irrigá-los de esperança”.

Exortação final

“Que o vosso testemunho, amadurecido nas adversidades e fortalecido pelo sangue dos mártires, seja uma luz que resplandece dentro e fora do Iraque”, concluiu o Papa.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

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