DISCURSO

“No coração de Cristo, as periferias da existência são o centro”, afirma Papa

Francisco destacou missão de evangelizar e levar presença de Deus a todos durante encontro com membros da Igreja em Timor-Leste nesta terça-feira, 10

Da Redação, com Vatican News

Papa Francisco discursa a membros da Igreja reunidos na Catedral da Imaculada Conceição / Foto: Vatican Media/Hans Lucas via Reuters Connect

Nesta terça-feira, 10, o Papa Francisco se encontrou com os bispos, sacerdotes, diáconos, pessoas consagradas, seminaristas e catequistas de Timor-Leste na Catedral da Imaculada Conceição, em Díli.

No início de seu discurso, o Pontífice expressou sua alegria por estar reunido com os participantes do encontro. Depois, retomou as palavras dirigidas a ele pelo presidente da Conferência Episcopal de Timor-Leste, Dom Norberto do Amaral, que definiu Timor-Leste um país “nos confins do mundo”.

“Porque está nas fronteiras, encontra-se no centro do Evangelho”, enfatizou o Pontífice, reiterando que “nos Evangelhos as fronteiras são o centro e uma Igreja que não é capaz de chegar às fronteiras e que se esconde no centro é uma Igreja muito doente”.

“Uma Igreja que pensa na periferia, envia missionários, se coloca naquelas fronteiras que são o centro, o centro da Igreja”, prosseguiu o Santo Padre. Ele agradeceu a Igreja em Timor-Leste por estar nas fronteiras e frisou que, “no coração de Cristo, as periferias da existência são o centro”.

Confira
.: Cobertura da viagem do Papa à Ásia e Oceania
.: Leia na íntegra o discurso do Papa Francisco

Na sequência, Francisco recordou a passagem bíblica ocorrido na casa dos amigos de Jesus: Lázaro, Marta e Maria. Em um determinado momento, durante o jantar, Maria ungiu os pés de Jesus com um perfume de nardo puro, de alto preço, e os enxugou com os seus cabelos, preenchendo a casa com o bom cheiro. Neste contexto, o Papa refletiu sobre dois gestos: guardar e difundir o perfume.

Guardar o perfume

Em relação ao primeiro, ele apontou a necessidade de voltar à origem do dom recebido, do ser cristão. “Fomos ungidos com o óleo da alegria e, escreve o apóstolo Paulo, ‘somos para Deus o bom odor de Cristo’”, manifestou o Pontífice, acrescentando:

“Irmãos, vós sois o perfume do Evangelho neste país. Como uma árvore de sândalo, de folha perene, forte, que cresce e dá frutos, também vós sois discípulos missionários, perfumados com o Espírito Santo para inebriar a vida do vosso povo”.

Diante disso, o Santo Padre reiterou que o perfume recebido do Senhor deve ser guardado com cuidado. “Nós devemos guardar o amor com que o Senhor perfumou a nossa vida, para que não se dissipe nem perca o seu aroma”, alertou.

Difundir o perfume

Passando para o segundo gesto de difundir o perfume, Francisco salientou que a Igreja existe para evangelizar e levar aos outros o doce perfume da vida nova do Evangelho. “A evangelização acontece quando temos a coragem de ‘partir’ o frasco que contém o perfume, de quebrar a ‘casca’ que muitas vezes nos fecha em nós mesmos e sair de uma religiosidade preguiçosa e cômoda, vivida apenas para as necessidades pessoais”, disse.

O Papa lançou um olhar para a história de Timor-Leste e sublinhou a necessidade de um renovado impulso na evangelização, para que chegue a todos o perfume do Evangelho. “Um perfume de reconciliação e de paz, depois dos sofridos anos da guerra; um perfume de compaixão, que ajude os pobres a reerguerem-se e que suscite o compromisso em levantar os destinos econômicos e sociais do país; um perfume de justiça contra a corrupção”, exprimiu.

O Santo Padre pontuou ainda que o “perfume do Evangelho deve ser difundido contra tudo o que humilha, deturpa e até destrói a vida humana, contra as chagas que geram vazio interior e sofrimento, como o alcoolismo, a violência e a falta de respeito pela dignidade das mulheres. O Evangelho de Jesus tem o poder de transformar estas realidades obscuras e gerar uma sociedade nova”.

“O ministério é um serviço”

Para encerrar seu discurso, o Pontífice comentou sobre a forma como os timorenses costumam se referir aos padres, chamando-os de “amu” – um título importante no país. Desta forma, Francisco alertou que isso não deve provocar um sentimento de superioridade em relação ao povo.

“O ministério é um serviço”, sinalizou. “O padre é um instrumento de bênção”, afirmou, e “nunca deve aproveitar-se da sua função, mas deve sempre abençoar, consolar, ser ministro de compaixão e sinal da misericórdia de Deus”.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo