A partir do Evangelho da multiplicação dos pães e dos peixes, Papa fez uma reflexão sobre o dom da gratuidade
Da Redação, com Vatican News
A importância do amor, do serviço, da gratuidade. Essas foram três palavras de destaque no Angelus deste domingo, 25, com o Papa Francisco. O Santo Padre rezou a oração da janela do apartamento pontifício com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.
Em sua reflexão antes da oração, Francisco recordou o Evangelho de hoje. A passagem narra o famoso episódio da multiplicação dos pães e peixes. Jesus alimentou cerca de cinco mil pessoas que foram ouvi-lo.
O Papa explicou que Jesus não cria os pães nem os peixes do nada, mas age a partir do que os discípulos lhe trazem. Entre eles havia um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. “Mas o que é isso para tanta gente?”, questionam os discípulos. “É pouco, não é nada, mas é o suficiente para Jesus”, disse o Pontífice.
Francisco, então, analisou a situação do ponto de vista do menino. Os discípulos lhe pediram para partilhar tudo o que ele tinha para comer. Pode parecer ilógico tirar de uma pessoa o que não é suficiente para todos. Mas para Deus não é. E graças a esse dom gratuito – e portanto heroico – frisou o Papa, Jesus pôde alimentar a todos. “Este é um grande ensinamento para nós. Ele nos diz que o Senhor pode fazer muito com o pouco que colocamos à sua disposição”.
O Papa convidou os fiéis a se perguntarem o que levam para Jesus hoje. E frisou que Ele pode fazer muito com uma oração, um gesto de caridade e até mesmo com a miséria humana. “Deus ama agir assim: Ele faz grandes coisas a partir de coisas pequenas e gratuitas”, sublinhou.
Lógica da pequenez e do dom
O Pontífice recordou ainda que todos os grandes protagonistas da Bíblia, de Abraão a Maria, e também o menino citado no Evangelho de hoje, mostram esta lógica da pequenez e do dom.
A lógica do dom é muito diferente da lógica humana, ressaltou o Papa. Ao passo que os seres humanos buscam acumular e aumentar o que têm, Jesus pede para doar e diminuir.
“Nós queremos multiplicar para nós. Jesus aprecia quando dividimos com os outros, quando partilhamos. É curioso que, nos relatos da multiplicação dos pães presentes nos Evangelhos, o verbo “multiplicar” nunca aparece. Pelo contrário, os verbos usados são de sinal oposto: “partir”, “dar”, “distribuir”. O verdadeiro milagre, diz Jesus, não é a multiplicação que produz glória e poder, mas a divisão, a partilha, que aumenta o amor e permite que Deus realize maravilhas”.
Trazendo para os dias de hoje, o Papa pontuou que a multiplicação de bens não resolve os problemas sem uma partilha justa. Ele citou, por exemplo, a tragédia da fome que afeta particularmente as crianças. Cerca de sete mil crianças abaixo de cinco anos morrem por causa da desnutrição, porque não têm o necessário para viver.
“Diante de escândalos como estes, Jesus também nos faz um convite, um convite semelhante ao que provavelmente recebeu o menino do Evangelho, que não tem nome e no qual todos nós podemos nos ver: “Coragem, doa o pouco que tem, os seus talentos e seus bens, coloque-os à disposição de Jesus e dos irmãos. Não tenha medo, nada será perdido, porque se você partilha, Deus multiplica. Expulse a falsa modéstia de se sentir inadequado, confie. Acredite no amor, no poder do serviço, na força da gratuidade”.
O Papa concluiu a reflexão pedindo a intercessão da Virgem Maria. “Ajude-nos a abrir o coração para os convites do Senhor e para as necessidades dos outros”.