Em encontro promovido por Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Francisco aborda tema da sinodalidade; padre Wagner Ferreira destaca Carisma Canção Nova
Da Redação, com Vatican News
Nesta quinta-feira, 13, o Papa Francisco recebeu em audiência na Sala Nova do Sínodo os participantes do encontro anual com os moderadores das associações de fiéis, dos movimentos eclesiais e das novas comunidades promovido pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida.
Durante o discurso dirigido aos presentes, o Santo Padre refletiu sobre a sinodalidade. “Tenho dito repetidamente que o caminho sinodal exige conversão espiritual, pois sem uma mudança interior não há resultados duradouros”, afirmou.
O Pontífice ressaltou desejar que, depois deste Sínodo, a sinodalidade permaneça como um modo permanente de agir na Igreja, em todos os níveis, abrangendo pastores e fiéis, até que se torne um estilo eclesial compartilhado. “Tudo isso, porém, requer uma mudança que deve ocorrer em cada um de nós, uma verdadeira conversão”, salientou.
Após tecer ainda algumas considerações no âmbito da conversão espiritual, o Santo Padre indicou aos participantes três atitudes nas quais devem se concentrar: pensar de acordo com Deus, superar todo fechamento e cultivar a humildade.
Pensar de acordo com Deus
O Papa alertou sobre a primeira grande mudança interior que é solicitada: deixar de pensar apenas como os homens e passar ao pensamento de Deus. “Lembremo-nos de que o protagonista do caminho sinodal é o Espírito Santo, não nós. O protagonista do caminho sinodal é o Espírito Santo: somente Ele nos ensina a ouvir a voz de Deus, individualmente e também como Igreja”, pontuou.
Superar todo o fechamento
Depois, Francisco chamou a atenção para a tentação do “círculo fechado”, acrescentando que este é grande um desafio. “Cuidado: o próprio grupo, a própria espiritualidade, são realidades que nos ajudam a caminhar com o Povo de Deus, mas não são privilégios, porque há o perigo de acabarmos presos nesses recintos”, advertiu.
Além disso, o Pontífice pediu abertura de coração, recordando que a sinodalidade pede um olhar para além das cercas com grandeza de espírito, a fim de que se perceba a presença de Deus e Sua ação também em pessoas desconhecidas, em novas modalidades pastorais e áreas de missão.
Cultivar a humildade
O Papa reforçou que a conversão espiritual deve começar pela humildade, que é a porta de entrada para todas as virtudes, e declarou que se entristece quando vê os cristãos se vangloriando. “Porque sou o padre daqui, ou porque sou um leigo dali, porque pertenço a esta instituição. Isso é uma coisa feia. A humildade é a porta, é o começo”, disse.
Na sequência, destacou que somente os humildes realizam grandes coisas na Igreja, porque aquele que é humilde tem uma base sólida, fundamentada no amor de Deus, e que não busca outro reconhecimento. Esta etapa de conversão espiritual é fundamental para a construção de uma Igreja sinodal, reiterou, frisando que somente a pessoa humilde de fato valoriza os outros e acolhe sua contribuição, seus conselhos e sua riqueza interior.
Francisco concluiu destacando o papel dos movimentos eclesiais. Eles “são para servir, não para nós mesmos. É triste quando se ouve que eu pertenço a isso, àquilo, àquilo ao outro, como se fosse algo superior. Os movimentos eclesiais devem servir à Igreja, não são em si mesmos uma mensagem, uma centralidade eclesial. Eles devem servir”.
“Somos um carisma para evangelizar”
O presidente da Comunidade Canção Nova, padre Wagner Ferreira da Silva, participou do encontro e disse o que representa para ele viver este momento. “Sinto-me profundamente honrado em participar desse evento tão importante que reflete sobre a sinodalidade da Igreja. O nosso carisma também é sinodal e sempre promoveu a comunhão dos estados de vida, a partir de um único carisma e missão evangelizadora”, explicou.
O sacerdote declarou que o Papa Francisco trouxe uma palavra muito clara ao dizer que os homens não podem se fechar em si mesmos. “Um carisma corre o risco de se perder caso seus membros se fechem em si mesmos. Somos um carisma para evangelizar e que deve se abrir para levar ao mundo a Boa Nova de Jesus Cristo”, enfatizou.
Destacando a importância do Carisma Canção Nova para a Igreja, padre Wagner recordou o fundador da comunidade. “Nosso saudoso padre Jonas Abib teve essa inspiração e, por isso, somos chamados à fidelidade ao legado carismático do padre Jonas. Certamente vamos contribuir para que a Igreja seja cada vez mais santa, evangelizadora e missionária”, finalizou.
Imagens de Leonardo Vieira e Padre Clovis Andrade de Melo
Reportagem de Danúbia Gleisser
Narração de Adilson Sabará