Na homilia, Francisco alertou para a cultura do bem-estar próprio, que leva à indiferença para com os outros
Jéssica Marçal
Da Redação
Uma reflexão sobre a indiferença humana diante das tragédias. Esse foi o pensamento condutor da homilia do Papa Francisco na Missa celebrada nesta segunda-feira, 8, em sua visita à ilha de Lampedusa, na Itália. A região teve recentemente um naufrágio no qual morreram imigrantes que seguiam da África para a Europa, em busca de melhores condições de vida.
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: Íntegra da homilia do Papa
Francisco partiu da Liturgia da Palavra, que relata o trágico acontecimento entre Caim e Abel, destacando a pergunta feita por Deus: “Caim, onde está o teu irmão”. O Santo Padre lembrou que muitos dos irmãos e irmãs que morreram no naufrágio buscavam melhores condições de vida, mas acabaram encontrando a morte.
Fazendo alusão à pergunta de Deus, Francisco questionou de quem era a responsabilidade pela tragédia do naufrágio e refletiu que hoje, na verdade, ninguém no mundo se sente responsável por isso.
“Perdemos o sentido da responsabilidade fraterna (…). A cultura do bem-estar, que nos leva a pensar em nós mesmos, nos torna insensíveis ao grito dos outros, nos faz viver em bolhas de sabão, que são belas, mas são nada, são uma ilusão de futilidade, do provisório, que leva à indiferença para com os outros, leva até mesmo à globalização da indiferença”.
E ainda refletindo sobre essa indiferença humana, Francisco perguntou quem havia chorado pelo naufrágio e acontecimentos como este. Ele disse que hoje o ser humano está em uma sociedade que esqueceu a experiência do chorar. “A globalização da indiferença nos tirou a capacidade de chorar!”, disse.
Ao final da homilia, o Santo Padre recordou que esta foi uma Liturgia de Penitência e, assim sendo, exortou todos a pedir perdão pela indiferença para com tantos irmãos e irmãs. “Pedimos-te perdão, Pai, por quem se acomodou e se fechou no próprio bem-estar que leva à anestesia do coração”.