Em mensagem enviada aos participantes de dia de formação sobre o trabalho, Pontífice alerta para ausência de empregos e riscos do “trabalho esmagador”
Da Redação, com Vatican News
Nesta quarta-feira, 13, o Papa Francisco enviou uma mensagem para os participantes do “LaborDì”. Trata-se de um dia de formação e informação sobre o trabalho, promovido pelas Associações Cristãs de Trabalhadores Italianos, que está em sua segunda edição. Ao todo, estão envolvidos 1.200 estudantes de 20 escolas e 45 organizações e empresas.
O objetivo do evento é apresentar aos jovens o mundo empresarial, fornecendo informação e formação por meio de 80 workshops e diversas entrevistas. O “LaborDì” conta com o patrocínio da Diocese de Roma, entre outros apoiadores e patrocinadores.
Em sua mensagem, o Pontífice expressou imaginar como os jovens se sentem em relação ao mundo do trabalho. Para isso, utilizou a imagem do canteiro de obras, apresentando dois aspectos opostos: a “sensação de vazio”, quando não há ninguém trabalhando, e a “corrida febril”, quando há muitas pessoas envolvidas e em atividade.
Sensação de vazio
Sobre o primeiro ponto, o Santo Padre comentou que a ausência de trabalho corresponde a uma grave ferida na dignidade das pessoas. Contudo, esta dignidade também é atingida quando não há estabilidade no emprego, privando os trabalhadores de se planejarem e comprometendo suas escolhas de vida, como a criação de uma família.
“Diante dessa sensação de vazio, muitos, desorientados e desmotivados, desistem e vão para outro lugar, mas isso, além de causar amargura, constitui uma derrota, porque recursos não faltam e devem ser utilizados para realizar sonhos concretos, como o de um trabalho estável e duradouro, de uma família a formar, de um tempo para dedicar gratuitamente aos outros no voluntariado”, manifestou Francisco.
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Ele se voltou especialmente para os jovens, cujos corações estão cada vez mais tomados por essa sensação de vazio. O Papa alertou que a cada dia torna-se maior o sentimento, entre a juventude, de que não se chega a lugar nenhum, e reforçou a necessidade de “alguém que os pegue pela mão e os ajude a vencer esta precariedade e este sentimento de vazio, tirando-os da areia movediça da insegurança”.
Corrida febril
Em relação ao segundo aspecto, o Pontífice pontuou que a corrida febril tão comum nos canteiros de obra representa o imperativo da produtividade. O trabalho atual é caracterizado por demandas cada vez mais exigentes – um “trabalho esmagador”, com “pressão constante, ritmos forçados, estresse que provoca ansiedade, espaço relacional cada vez mais sacrificado em nome do lucro a todo custo”.
“É o trabalho ‘mercantilizado’”, descreveu o Santo Padre, “que cresce em nosso contexto, dominado por um mercado que se torna cada vez mais acelerado e complexo para ser competitivo. (…) Um trabalho desumanizado, em que as tecnologias modernas, como a inteligência artificial e a robótica, ameaçam substituir a presença do homem”.
Trabalho, protagonista da esperança
Contudo, mesmo diante de tantas faces negativas no mundo do trabalho, Francisco exortou os presentes a não perderem a esperança. Ele sublinhou que o próprio trabalho gera a sensação de utilidade aos outros e produz esperança.
“A esperança, de fato, não é um otimismo que depende das circunstâncias, mas uma confiança que se gera através da construção comprometida e participativa do bem comum. O trabalho, portanto, é protagonista da esperança, é a principal forma de nos sentirmos ativos no bem como servidores da comunidade, porque cuidar dos outros é a melhor maneira de não nos preocuparmos com coisas inúteis”, manifestou o Papa.
Por fim, ele enfatizou a generatividade de iniciativas como o “LaborDì”, uma vez que o projeto cria ligações entre quem procura trabalho e quem pode ajudar os jovens no ingresso no mercado de trabalho. “Que (este dia) abra caminhos de esperança, que permitam a vós e a muitos outros jovens abraçar a beleza do trabalho digno”, exprimiu o Pontífice, concluindo sua mensagem.