Em mensagem para Dia Mundial da Paz, Papa condena escravidão

Francisco pede leis justas e esforço comum para acabar com a escravidão à qual milhões de pessoas ainda são submetidas

Jéssica Marçal
Da Redação

Francisco pensa na realidade de pessoas submetidas a várias formas de escravidão moderna / Foto: L'Osservatore Romano

Francisco pensa na realidade de pessoas submetidas a várias formas de escravidão moderna / Foto: L’Osservatore Romano

O Vaticano publicou nesta quarta-feira, 10, a mensagem do Papa Francisco para o 48º Dia Mundial da Paz, que será celebrado em 1ª de janeiro de 2015. No texto, que tem como tema “Já não escravos, mas irmãos”, o Pontífice aborda as causas da escravidão bem como as formas de solucioná-la, o que envolve um esforço comum para globalizar a solidariedade.

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.: Íntegra da mensagem

O Papa diz que a sociedade conhece a escravidão há muito tempo, tendo passado por períodos em que o fenômeno foi admitido e até regulamentado. E embora hoje a liberdade de cada pessoa tenha sido reconhecida no direito internacional, milhões de pessoas continuam privadas desse direito e vivem em condições semelhantes à da escravidão.

Como exemplo, o Pontífice cita trabalhadores escravizados em diversos setores, migrantes que sofrem com condições desumanas, pessoas submetidas à prostituição, mulheres forçadas a se casar, menores e adultos que são objeto de tráfico de pessoas e de órgãos, bem como nos que são sequestrados e mantidos em cativeiro por grupos terroristas.

As causas da escravidão também são citadas pelo Papa na mensagem: pobreza, subdesenvolvimento exclusão, falta de acesso à educação, escassez ou inexistência de emprego, conflitos armados, criminalidade e o terrorismo. O Pontífice não deixa de mencionar como causa pessoas corruptas que estão dispostas a tudo para enriquecer.

“Na realidade, a servidão e o tráfico das pessoas humanas requerem uma cumplicidade que muitas vezes passa através da corrupção dos intermediários, de alguns membros das forças da polícia, de outros atores do Estado ou de variadas instituições, civis e militares”.

Apesar da indiferença que perpassa esse fenômeno, o Pontífice lembra o trabalho silencioso de muitas congregações religiosas em prol das vítimas. Ele defende que, assim como as organizações criminosas usam redes globais para alcançar os seus objetivos, é preciso um esforço comum de toda a sociedade para vencer a escravidão.

“Os Estados deveriam vigiar por que as respectivas legislações nacionais sobre as migrações, o trabalho, as adoções, a transferência das empresas e a comercialização de produtos feitos por meio da exploração do trabalho sejam efetivamente respeitadoras da dignidade da pessoa”.

Francisco pede ações de fraternidade em prol dos que são mantidos em estado de servidão, mesmo que seja com pequenos gestos no cotidiano, como oferecer um sorriso a uma pessoa que pode estar vivendo essa realidade.

“Lanço um veemente apelo a todos os homens e mulheres de boa vontade e a quantos, mesmo nos mais altos níveis das instituições, são testemunhas, de perto ou de longe, do flagelo da escravidão contemporânea, para que não se tornem cúmplices deste mal, não afastem o olhar à vista dos sofrimentos de seus irmãos e irmãs em humanidade, privados de liberdade e dignidade, mas tenham a coragem de tocar a carne sofredora de Cristo”

Francisco reza para que as pessoas saibam resistir à tentação de se comportar de forma não digna de sua humanidade. Na sua primeira mensagem para o Dia Mundial da Paz, o Papa já havia mencionado o respeito à dignidade, liberdade e autonomia do homem como aspecto fundamental para o seu desenvolvimento.

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