Hoje, tem início o Ano Jubilar pelos 500 anos do nascimento de Santa Teresa de Jesus. Em mensagem, Papa a cita como exemplo de radicalidade evangélica e comunhão com Deus
Da redação, com Agência Ecclesia
O Papa Francisco enviou, nesta quarta-feira, 15, uma mensagem ao bispo de Ávila, na Espanha, Dom Jesús García Burillo, por ocasião da Festa Litúrgica de Santa Teresa de Jesus e do início do Ano Jubilar comemorativo pelos 500 anos do seu nascimento.
Na mensagem, o Santo Padre destaca que a religiosa carmelita e doutora da Igreja “entendeu a sua vida como caminho de perfeição através do qual Deus conduz o homem, de morada em morada, até Ele, e ao mesmo tempo, o põe em marcha em direção aos homens”.
O Pontífice afirma que “na escola da santa andarilha”, como era conhecida, “aprendemos a ser peregrinos”, e ressalta que a imagem do caminho pode sintetizar bem a lição da vida e obra de Santa Teresa.
Passos que podem ser imitados
Nesse contexto, o Santo Padre aponta quatro caminhos dessa marcha teresiana, que podem ser imitados por todos com proveito: o caminho da alegria, da oração, da fraternidade e do próprio tempo.
“Teresa de Jesus convida as suas monjas a ‘viverem alegres servindo’. A verdadeira santidade é alegria, porque ‘um santo triste é um triste santo’. Antes de serem valentes heróis, os santos são fruto da graça de Deus aos homens”, afirma Francisco.
Em relação à oração, que a santa definiu como “tratar de amizade, estando muitas vezes sozinhos com quem sabemos que nos ama”, o Papa sustenta que esse é um caminho que não se pode fazer “sozinho”, mas uns com os outros.
Renovação do Carmelo
A mensagem recorda ainda a dimensão “reformadora” da santa, que promoveu uma “providencial resposta” aos problemas da Igreja e da sociedade do seu tempo, fundando pequenas comunidades de mulheres que viviam “o Evangelho com simplicidade”.
Teresa nasceu em 1515; após ter entrado no convento carmelita de Nossa Senhora da Encarnação, promoveu a renovação da Ordem do Carmo, tendo fundado o primeiro convento da nova família carmelita descalça em 1562, dia em que mudou de hábito e começou a chamar-se Teresa de Jesus.
“A santa escritora e mestra de oração foi ao mesmo tempo fundadora e missionária pelos caminhos da Espanha. A sua experiência mística não a separou do mundo nem das preocupações das pessoas; pelo contrário, deu-lhe novo impulso e coragem para a ação e para os deveres de cada dia”, recorda o Pontífice.
Na Catequese de hoje
O Papa recordou também a religiosa espanhola durante a Catequese desta quarta-feira, 15, na Praça de São Pedro, no Vaticano.
“Hoje, recordamos Santa Teresa de Jesus, carmelita descalça, virgem e doutora da Igreja. Amanhã decorre, por outro lado, o aniversário da eleição para a Sé de Pedro de São João Paulo II. Esses dois santos estão unidos na oferta de si próprios a Deus, na dedicação à Igreja e na vida mística”, referiu.
“Aprendamos com eles a radicalidade evangélica e o crescimento na plena comunhão com Deus”, disse aos peregrinos presentes.
Ordem do Carmo
A Ordem do Carmo ou Ordem dos Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo surgiu, no século XIII, na região do Monte Carmelo, cadeia de colinas perto da atual cidade de Haifa, em Israel.
A regra que modelou as comunidades religiosas inspiradas naquela vivência foi sistematizada e aperfeiçoada por Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém, e aprovada pelo Papa Honório III em 1226.
No século XVI, Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz reformaram a congregação, processo do qual saiu, em 1593, o ramo dos Carmelitas Descalços.
A santa morreu em Alba de Tormes (Salamanca), no ano de 1582, e foi proclamada doutora da Igreja por Paulo VI em 1970.