O Papa Francisco convida os cristãos a descobrirem dentro de si sentimentos e comportamentos que agradem a Deus, como o amor e o diálogo
Rádio Vaticano
“A humilhação por si mesma é masoquismo, mas a que sofremos e suportamos em nome do Evangelho nos faz nos assemelharmos a Jesus.” Este é o resumo da reflexão feita pelo Papa Francisco na homilia da Santa Missa nesta sexta-feira, 17, na Casa Santa Marta.
O Sumo Pontífice convidou os cristãos a jamais cultivarem sentimentos de ódio e a descobrirem dentro de si, com o tempo, sentimentos e comportamentos que agradem a Deus, como o amor e o diálogo.
“É possível que um homem reaja a situações difíceis usando os modos de Deus?”, perguntou Sua Santidade, ao mesmo tempo em que respondeu: “É só uma questão de tempo. O tempo de se deixar permear pelos sentimentos de Jesus”. Explica isso ao analisar o episódio referente aos apóstolos, extraído do livro dos Atos dos Apóstolos, quando estes são julgados pelos doutores da Lei no Sinédrio, acusados de pregar o Evangelho.
“Todavia, um fariseu, chamado Gamaliel, os aconselha a deixar os apóstolos [livres], porque se a doutrina deles tivesse origem humana seria destruída, o que não aconteceria se esta viesse de Deus. O Sinédrio aceita a sugestão, ou seja, decide ganhar tempo. Não reage seguindo o instintivo sentimento de ódio. E isso é um remédio certeiro para todo ser humano”.
Harmonia
O Pontífice pede aos fiéis que, quando houver pensamentos negativos sobre os outros ou sentimentos ruins, deem tempo ao tempo. E afirma que isso é útil para todos. “Quando temos antipatia e ódio por alguém, não deixemos que esses sentimentos cresçam e nos parem. Deem tempo ao tempo. O tempo coloca as coisas em harmonia e nos faz ver o lado justo delas. Mas se reagirmos no momento da fúria, é certo que seremos injustos. Injustos e faremos mal a nós mesmos. Este é um conselho: o tempo, o tempo no momento da tentação”.
Quando guardamos um ressentimento, frisa o Papa Francisco, é inevitável que um dia ele venha à tona e “exploda”. “Exploda no insulto, na guerra. E com estes sentimentos ruins contra os outros, lutamos contra Deus, enquanto Deus ama os outros e quer a harmonia. Ele ama o amor, o diálogo, ama o nosso caminhar juntos”.
O Santo Padre nos aconselha a pedir ajuda ao Espírito Santo para que vençamos os sentimentos negativos e o mal. “Quando não gostamos de alguma coisa, o primeiro sentimento não é de Deus, é sempre ruim. Por isso devemos parar com isso e dar espaço ao Espírito Santo para que Ele nos faça ir ao que é justo e à paz. Como ocorreu com os apóstolos que são flagelados e deixam o Sinédrio ‘felizes’ por terem sido insultados pelo nome de Jesus”.
Orgulho
“O orgulho dos primeiros [doutores da Lei] os leva a querer matar os outros; já a humildade e também a humilhação dos apóstolos os leva a se parecer com Jesus. E isso é algo que nós não pensamos. Neste momento, em que tantos irmãos e irmãs são martirizados em nome de Jesus, eles estão neste estado, têm neste momento a felicidade de sofrer insultos, inclusive a morte, pelo nome de Jesus. Para fugir do orgulho dos primeiros, há somente a estrada de abrir o coração à humildade, e a ela jamais se chega sem a humilhação. Esta é uma coisa que não se entende naturalmente. É uma graça que devemos pedir a Deus”.
Francisco conclui a homilia pedindo a graça da imitação de Jesus. “Uma imitação testemunhada não somente pelos mártires de hoje, mas também por aqueles tantos homens e mulheres que sofrem humilhações todos os dias e, pelo bem da própria família, fecham a boca, não falam e suportam tudo por amor de Jesus”.