Em sua homilia, o Papa frisou: ficar atentos para que o nosso coração não nos leve para fora do caminho de Jesus
Julia Beck
Da redação
A Igreja ganhou 13 novos cardeais. O Consistório aconteceu neste sábado, 28, na Basílica de São Pedro, no Vaticano. A cerimônia foi iniciada com uma reflexão de Dom Mario Grech, um dos novos cardeais, sobre as circunstâncias dramáticas que a Igreja e o mundo vivem diante da pandemia da covid-19. Além disso, foi destacado o valor da Igreja ser sustentada pela esperança em tempos difíceis e sua opção por um caminho sinodal.
Na sequência, o Papa Francisco realizou uma oração, seguida da leitura de um texto bíblico do Livro dos Atos dos Apóstolos. Em sua reflexão para a ocasião, o Pontífice recordou o conteúdo do evangelho, que retratava Jesus e seus discípulos a caminho de Jerusalém. A cena, descrita por São Marcos, é sobre o caminho da vida, da história e da salvação.
O Santo Padre apontou que a cruz e a ressurreição representam a história da humanidade, e comentou que o texto costuma acompanhar a cerimônia do Consistório. “É uma indicação de percurso para os que estão a caminho junto com Jesus. Dá sentido à vida e ao ministério”.
São Marcos destaca no texto que, ao longo do caminho para Jerusalém, os discípulos estavam com medo, assustados, porque sabiam o que os esperava em Jerusalém. Jesus, que conhecia o estado de ânimo daqueles que o seguiam, não os abandona. “Jesus nunca abandona seus amigos”, sublinhou.
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“Tudo que Jesus faz, faz é por nós e pela nossa salvação”, afirmou Francisco. No evangelho, o Papa relata que Jesus prepara os apóstolos para a provação que se aproximava e, sabendo que o coração dos discípulos estava conturbado, contou pela terceira vez o que iria acontecer: o anuncio da sua morte e ressurreição. Jesus se identifica tanto com este caminho, que Ele afirma ser este caminho, frisou o Pontífice.
Thiago e João, como conta o texto, separam-se dos outros e pedem a Jesus para que reserve um lugar a sua direita e esquerda para ocuparem respectivamente. “Este não é o caminho de Jesus, este é o outro caminho. É o caminho de pessoas que, sem se dar conta, se aproveitam de Jesus e buscam seu próprio interesse e não os de Cristo”.
Depois de ouvir Thiago e João, Jesus responde: vós não sabeis o que pedis. O Santo Padre comenta que Cristo os desculpa, mas também os censura. “O que eles falaram está fora do caminho, e ele os repreende como se todos estivessem tentados a seguir fora do caminho”.
“Todos amamos Jesus e queremos segui-lo, mas precisamos ficar atentos ao seguir o caminho, para que nosso coração não nos leve para fora do caminho”, alertou. O Papa citou corrupções que tiram os sacerdotes do caminho e pediu aos novos cardeais que não deixem o título os impedir de ver o verdadeiro caminho.
“Impressiona-me o contaste nítido de Jesus com os discípulos. Ele está no caminho e eles foram do caminho. Só Jesus pode salvá-los, só a sua cruz e ressurreição. Por eles e por todos, Cristo sobe para Jerusalém, tem seu corpo dividido e sangue derramado”.
Este texto, aponta o Papa, foi inserido no livro dos Atos dos Apóstolos, pois é um evangelho que salva. “Apesar da má figura dos 12, o texto traz a verdade sobre Jesus e nós. Devemos espelhar-nos nessa palavra. Ela liberta e converte”, concluiu.
Após a homilia, o Pontífice citou o nome de todos os novos cardeais e impôs sobre eles o solidéu. Em seguida, o Santo Padre os entregou o barrete e o anel. Com este consistório, Francisco elevou o número de cardeais para 229, sendo 101 deles não eleitores.
Foram criados cardeais o secretário do Sínodo dos Bispos, o maltês Mario Grech; o italiano Marcello Semeraro, ex-bispo de Albano e novo Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos; o arcebispo de Kigali, Ruanda, Antoine Kambanda; o arcebispo de Washington, EUA, Wilton Gregory; o arcebispo de Capiz, Filipinas, José Fuerte Advincula; o arcebispo de Santiago, Chile, Celestino Aós Braco; o vigário apostólico de Brunei, Cornelius Sim; o arcebispo de Siena, Itália, Augusto Paolo Lojudice. Com eles o Papa nomeou também o atual Guardião do Sagrado Convento de Assis, o padre Mauro Gambetti.