Na homilia de hoje, Papa Francisco motivou os fiéis a “viver a Igreja” com três características principais
Da redação, com Rádio Vaticano
Antes de iniciar sua série de audiências nesta quinta-feira, 04, o Papa Francisco celebrou a Missa na capela da Casa Santa Marta, no Vaticano.
Em sua homilia, o Pontífice comentou três palavras extraídas da Primeira Leitura, do capítulo 8 dos Atos dos Apóstolos, convidando os fiéis a relerem este trecho depois com calma em casa.
Igreja que se levanta
A primeira expressão é “Prepara-te e vai”, dirigida por um Anjo a Filipe. “Este é um sinal da evangelização”, disse o Papa.
De fato, a vocação e a grande consolação da Igreja é evangelizar. “Mas para evangelizar, “prepara-te e vai”. Não diz: “Fique sentado, tranquilo, em casa”: não! A Igreja, para ser sempre fiel ao Senhor, deve estar em pé e em caminho: “Prepara-te e vai”. Uma Igreja que não se levanta, que não está em caminho, adoece”.
Uma Igreja parada, acrescentou o Papa, acaba fechada com tantos traumas psicológicos e espirituais, “fechada no pequeno mundo das fofocas, das coisas… fechada, sem horizontes”. “Prepara-te e vai, em pé e em caminho. Assim deve agir a Igreja na evangelização”, destacou.
Ouvir a inquietação do coração
A segunda exortação evidenciada pelo Papa é “aproxima-te desse carro e acompanha-o”. No carro, havia um eunuco etíope, que foi a Jerusalém para adorar Deus e que, enquanto viajava, lia o profeta Isaías. Trata-se da “conversão de um ministro da economia” e, portanto, destacou Francisco, de “um grande milagre”.
O Espírito exorta Filipe a se aproximar daquele homem, “não lhe diz para pregar”, afirmou Francisco, ressaltando a importância de uma Igreja que saiba ouvir a inquietação do coração de todo o homem:
“Todos os homens, todas as mulheres têm uma inquietação no coração, boa ou ruim, mas há uma inquietação. Ouça aquela inquietação. Não diz: “Vai e faça proselitismo”. Não, não! “Vai e ouve”. Ouvir é o segundo passo. O primeiro é “Prepara-te e vai”; o segundo, “ouve”. Aquela capacidade de escuta: o que as pessoas sentem, o que sente o coração dessa gente, o que pensam… Mas pensam coisas erradas? Mas eu quero ouvir essas coisas erradas, para entender bem onde está a inquietação. Todos temos uma inquietação dentro de nós. O segundo passo da Igreja é encontrar a inquietação das pessoas”.
Depois, é o próprio etíope que, vendo Filipe se aproximar, lhe pergunta de quem falava o Profeta Isaías e o convida a subir e sentar-se junto a ele. Então, “com mansidão” – destacou o Papa – Filipe começa “a pregar”. Assim, “a sua inquietação encontra uma explicação que enche de esperança o seu coração”. “Mas isso – prosseguiu Francisco – foi possível porque Filipe se aproximou e ouviu”.
Enquanto o etíope ouvia, o Senhor trabalhava dentro dele. Deste modo, o homem entende que a profecia de Isaías se referia a Jesus. A sua fé em Jesus então cresceu a tal ponto que, quando chegaram onde estava a água, pede para ser batizado. “Foi ele quem pediu o Batismo, porque o Espírito tinha trabalhado no coração”, notou o Papa, exortando a deixar o Espírito trabalhar no coração das pessoas. Depois do Batismo, o Espírito, “que está sempre presente”, pega Filipe e o leva a outra parte, e o eunuco “cheio de alegria” prosseguiu o seu caminho.
Alegria do cristão
A terceira palavra que o Papa destaca é, por fim, a alegria: “a alegria do cristão”. Francisco concluiu a homilia fazendo votos de que a Igreja esteja “em pé”, “mãe” que ouve e, “com a graça do Espírito Santo”, “encontra a Palavra a dizer”:
“A Igreja mãe que dá à luz a tantos filhos com este método digamos – usemos a palavra – este método que não é proselitista: é o método do testemunho à obediência. A Igreja, que hoje nos diz: “Alegra-te”. Alegrar-se, a alegria. A alegria de ser cristãos inclusive nos momentos mais duros, porque depois da lapidação de Estevão, teve início uma grande perseguição e os cristãos se espalharam por todos os lugares, como a semente que o vento leva. E foram eles que pregaram a Palavra de Jesus. Que o Senhor nos dê a graça a todos nós de viver a Igreja assim: em pé e em saída, em escuta das inquietações das pessoas e sempre em alegria”.