A primeira Missa no território foi celebrada em 1616 pelos jesuítas. Evangelização teve grande impulso com a chegada dos padres lazaristas, no século XVIII
Da Redação, com Vatican News
Papa Francisco chegou na manhã desta segunda-feira, 9, em Maurício, última etapa de sua 31ª viagem apostólica iniciada na última quarta-feira, 4. Com o lema “Peregrino da paz”, o Papa visita a comunidade católica do país, cerca de 28% da população.
Os primórdios da Igreja Católica em Maurício remontam ao século XVII. A primeira Missa no território foi celebrada em 1616 pelos jesuítas, mas a evangelização teve um grande impulso com a chegada dos padres lazaristas, no século XVIII. A maior parte da população é hinduísta, devido à imigração de mão-de-obra da Índia.
O país, também chamado de Maurícia, mas oficialmente República de Maurício ou República de Maurícia, tem uma população de 1.311.000 habitantes distribuídos em uma superfície de 2.040 km². O país inclui as Ilhas Maurícia e Rodrigues (a 560 km da Ilha Maurícia), e as Ilhas exteriores de Agalega e Cargados Carajos, esta última conhecida oficialmente como Saint-Brandon.
As Ilhas Maurício e Rodrigues fazem parte das Ilhas Mascarenhas, junto com a vizinha Reunião, um departamento ultramarino francês. O país é membro da Commonwealth, da Francofonia e da União Africana. O francês, o inglês e o criolo são as principais línguas faladas. A capital e maior cidade é Port Louis.
A Diocese de Port Louis
A Diocese de Port Louis, criada em 7 de dezembro de 1847, tem uma superfície de 1.882 km², 1.268.315 habitantes, 329.760 católicos, 39 paróquias, 44 sacerdotes diocesanos, 48 sacerdotes religiosos, 3 seminaristas dos cursos de Filosofia e Teologia, 67 membros de institutos religiosos masculinos, 174 membros de institutos religiosos femininos, 67 instituições de ensino; 80 instituições de beneficência, 4.128 batizados em 2018.
O bispo de Port Louis é o cardeal Maurice Piat, nascido em Moka, Diocese de Port Louis, em 19 de julho de 1941. Foi ordenado sacerdote em 2 de agosto de 1970; eleito coadjutor de Port Louis em 21 de janeiro de 1991 e consagrado bispo em 19 de maio de 1991. Criado cardeal pelo Papa Francisco no Consistório de 19 de novembro de 2016, é titular da Igreja de Santa Teresa al Corso d’Italia.
A Igreja no país
Os católicos em Maurício são 368 mil, distribuídos em 44 paróquias e 2 Circunscrições Eclesiásticas. O país tem 2 bispos. Os sacerdotes diocesanos são 47, os sacerdotes religiosos 48 e os seminaristas maiores 7. Os religiosos não sacerdotes 17 e as religiosas professas 186. Há 10 membros de Institutos seculares. Os catequistas são 1.335.
No país há 53 maternais e escolas primárias de propriedade da Igreja ou dirigidas por religiosos, atendendo 18.654 alunos. Já as escolas médias inferiores e secundárias são 21 e atendem 13.989 estudantes.
A Igreja não tem nenhuma universidade nestas ilhas, mas tem 1 hospital, 7 casas para idosos e pessoas com algum tipo de invalidez, 13 orfanatos, 8 consultórios familiares, 4 centros especiais de educação ou reeducação social e 48 outras instituições.
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Primeira religião a se propagar no arquipélago, o catolicismo é a principal Confissão cristã de Maurício. Metade da população é hinduísta, devido à forte imigração de mão-de-obra indiana no século XIX, durante a dominação Britânica. Menos de um quinto da população é de fé islâmica.
A comunidade católica é composta principalmente por crioulos descendentes de ex-escravos africanos convertidos no século XIX pelo Beato Jacques Désiré Laval e uma pequena parte por descendentes dos colonos franceses e por fiéis de etnia chinesa.
A situação da liberdade religiosa
A Igreja em Maurício tem plena liberdade para desenvolver sua missão pastoral, educativa, caritativa e de evangelização. A Constituição de 1968 (revisada e alterada em 2016), reconhece de fato a liberdade religiosa como um direito fundamental, proibindo consequentemente a discriminação por motivo de pertença religiosa. As pessoas podem se converter a outras religiões e os crentes também podem distribuir material religioso para aqueles que não pertencem ao seu grupo religioso. Novos grupos podem ser fundados e registrados. O governo tutela seus direitos e a regulamentação sobre o assunto não é intrusiva.
A educação religiosa é ministrada nas escolas estatais e privadas. Além disso, o governo regularmente fornece subsídios aos grupos religiosos com base no número de seguidores indicado no censo nacional, segundo dados que constam no relatório da Ajuda à Igreja que Sofre sobre liberdade religiosa de 2018.
Relações inter-religiosas
No país, no entanto, não faltam tensões comunitárias, envolvendo mais a comunidade muçulmana e a hinduísta, que é predominante. Portanto, não dizem respeito à comunidade católica.
Para promover a harmonia, o diálogo e a coexistência pacífica entre as várias comunidades em 2001, foi instituído um Conselho das religiões, do qual fazem parte as principais tradições religiosas do país, incluindo a Igreja Católica, mas no qual estão envolvidas muitas denominações de menor expressão.
O Conselho promove, entre outros, a educação inter-religiosa nas escolas e colabora com o Ministério da Educação na elaboração de um programa escolar para a educação inter-cultural.
Como nas outras ilhas do Oceano Índico, a Igreja Católica em Maurício está historicamente muito presente por meio de diferentes Ordens religiosas, especialmente nos âmbitos educacional, da saúde e sócio assistencial.
Atenção à família e aos jovens
Entre os principais problemas no centro das preocupações da Igreja em Maurício, está a família, também ali ameaçada pela propagação da crise de valores e políticas contra a vida – como a descriminalização do aborto, por exemplo, que foi introduzida em Maurício em 2012, não obstante a oposição das igrejas – pela pobreza, pelas drogas e pela AIDS.
O crescente distanciamento dos jovens da prática religiosa e da fé, também está ligado à desintegração da família. Daí a urgência sentida pelos bispos de investir mais na educação e na formação. Por um lado, por uma renovada catequese de adultos, casais, famílias e pais, e por outro, por uma maior coordenação entre os sacerdotes, catequistas, professores e pais, para ajudar os jovens a crescer na fé.
Outro tema que já há algum tempo preocupa a Igreja local é o constante declínio no número de vocações, com a consequente escassez e envelhecimento dos sacerdotes. Jovens e vocações, a este propósito, estiveram na pauta da Assembleia Plenária dos Bispos do Oceano Índico, realizada de 31 de julho a 9 de agosto de 2018 em Maiote, também em vista do Sínodo dos Bispos realizado no mês de outubro sucessivo, no Vaticano.
A participação dos leigos
A falta de sacerdotes é compensada pelo envolvimento de fiéis leigos na vida da Igreja local. A Diocese de Saint-Louis é particularmente ativa nessa frente, graças às iniciativas do cardeal Jean Margéot, bispo da diocese de 1969 a 1993, elevado ao cardinalato por São João Paulo II em 1988.
Entre as obras pastorais por ele criadas, está o Centro Tabor, local de formação para jovens e catequistas. De considerável importância também é o trabalho realizado pela Associação Católica Indo-Maurício e pela Missão Católica Chinesa e que, promovidas sempre pelo cardeal Margéot, cuidam hoje da assistência espiritual das comunidades indianas e chinesas presentes no território diocesano.
Este trabalho foi levado em frente por seu sucessor, o espiritano Maurice Piat, criado cardeal pelo Papa Francisco em 19 de novembro de 2016, que desde os primeiros anos à frente da Diocese envolveu os fiéis nas diversas atividades pastorais realizadas, em particular após o Sínodo diocesano realizado de 1997 a 2000. Entre as últimas iniciativas, a inauguração, em 24 de julho de 2017, de um centro de formação para leigos dedicado ao cardeal Jean Margéot.