Na homilia de hoje, Papa destacou como é vão apoiar-se em bens terrenos: o verdadeiro tesouro é a relação com Deus
Da Redação, com Rádio Vaticano
O Papa Francisco começou a semana presidindo a Missa na capela da Casa Santa Marta nesta segunda-feira, 23. Em sua homilia, ele comentou o Evangelho de Lucas, que propõe a parábola do homem rico cujo dinheiro “é o seu deus”. Para o Papa, esta parábola leva a refletir sobre quanto é vão apoiar-se sobre os bens terrenos, destacando que o verdadeiro tesouro, ao invés, é a relação com o Senhor.
Diante da abundância da sua colheita, aquele homem não para: pensa em ampliar o próprio armazém e, “na sua fantasia”, prolongar a vida, explicou o Pontífice. Isto é, aposta em ter mais bens, não conhece saciedade, entra naquele movimento do consumismo exasperado, denuncia o Papa.
“É Deus que coloca o limite a este apego ao dinheiro. Quando o homem se torna escravo do dinheiro. E esta não é fábula que Jesus inventa: esta é a realidade. É a realidade de hoje. É a realidade de hoje. Muitos homens que vivem para adorar o dinheiro, para fazer do dinheiro o próprio deus. Tantas pessoas que vivem somente para isto e a vida não tem sentido. ‘Assim faz quem acumula tesouros para si – diz o Senhor – e não se enriquece junto a Deus’: não sabem o que é enriquecer-se junto a Deus”.
O Papa citou um episódio que aconteceu anos atrás na Argentina – “na outra diocese”, como gosta de definir Buenos Aires –, quando um rico empresário, mesmo consciente de sua doença, decide comprar teimosamente uma mansão, bem sabendo que em pouco tempo deveria se apresentar “diante de Deus”. E também hoje existem essas pessoas famintas de dinheiro e de bens terrenos, pessoas que têm “muitíssimo” diante de “crianças que não têm remédios, que não têm educação, que estão abandonadas”. Nesse cenário, Francisco denunciou sem meias palavras: trata-se “de uma idolatria que mata”, que faz “sacrifícios humanos”.
“Esta idolatria mata de fome muitas pessoas. Pensemos somente num caso: em 200 mil crianças rohingya nos campos para refugiados. Ali existem 800 mil pessoas. 200 mil são crianças. Mal têm o suficiente para comer, estão desnutridas, sem medicamentos. Também hoje isso acontece. Não é algo que o Senhor fala daqueles tempos: não. Hoje! E a nossa oração deve ser forte: Senhor, por favor, toca o coração dessas pessoas que adoram o deus, o deus dinheiro. Toca também o meu coração para que eu não caia nisso, que eu saiba ver”.
Outra consequência, prosseguiu o Papa, é a guerra. Inclusive a guerra familiar. “Todos nós sabemos o que acontece quando está em jogo uma herança: as famílias se dividem e acabam no ódio uma pela outra. O Senhor destaca com suavidade, no final: ‘Quem não se enriquece junto a Deus’. Este é o único caminho. A riqueza, mas em Deus. E não é um desprezo pelo dinheiro, não. É justamente a cobiça, como Ele diz: a cobiça. Viver apegados ao deus dinheiro”.
O Papa conclui explicando o motivo pelo qual a oração deve ser forte: rezar para buscar em Deus o sólido fundamento da existência.