HOMILIA
Santa Missa com ordenações presbiterais
Basílica Vaticana
Domingo, 11 de maio de 2014
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
Como homilia, o Papa pronunciou as palavras sugeridas pelo Rito da Ordenação dos Presbíteros, fazendo uma pausa para destacar algumas passagens.
Queridos irmãos, estes nossos filhos e irmãos foram chamados à ordem do sacerdócio. Como vocês bem sabem, o Senhor Jesus é o único sumo sacerdote do Novo Testamento; mas Nele também todo o povo santo de Deus foi constituído povo sacerdotal. No entanto, entre todos os seus discípulos, o Senhor Jesus quer escolher alguns em particular, para que exercitando publicamente na Igreja e em seu nome o ofício sacerdotal em favor de todos os homens, continuassem a sua missão pessoal de mestre, sacerdote e pastor.
Depois de madura reflexão, nós estamos para elevar à ordem dos presbíteros estes nossos irmãos, para que a serviço de Cristo mestre, sacerdote e pastor cooperem para edificar o corpo de Cristo, que é a Igreja, no povo de Deus e templo santo do Espírito.
Esses serão, de fato, configurados a Cristo sumo e eterno sacerdote, ou seja, serão consagrados como verdadeiros sacerdotes do Novo Testamento e com este título, que os une no sacerdócio ao seu bispo, serão pregadores do Evangelho, pastores do povo de Deus e presidirão as ações de culto, especialmente nas celebrações do sacrifício do Senhor.
Quanto a vocês, irmãos e filhos amados, que estão para receberem a ordem do sacerdócio, considerem que exercitando o ministério da sagrada doutrina vocês serão participantes da missão de Cristo, único mestre. Distribuam a todos aquela Palavra, que vocês mesmos receberam com alegria de vossas mães, de vossas catequistas. Leiam e meditem assiduamente a palavra do Senhor para acreditar naquilo que leram, ensinar o que aprenderam na fé, viver o que ensinaram. Seja, portanto, alimento para o povo de Deus a vossa doutrina, que não é vossa: vocês não são patrões da doutrina! É a doutrina do Senhor e vocês devem ser fiéis à doutrina do Senhor! Seja, portanto, alimento para o povo de Deus a vossa doutrina, alegria e apoio aos fiéis de Cristo o perfume da vossa vida, para que com a palavra e o exemplo edifiquem a casa de Deus, que é a Igreja.
E assim vocês continuarão a obra santificadora de Cristo. Mediante o vosso ministério, o sacrifício espiritual dos fiéis se torna perfeito, porque unido ao sacrifício de Cristo, que pelas vossas mãos em nome de toda a Igreja vem oferecido de modo incruento no altar na celebração dos santos mistérios.
Reconheçam, então, aquilo que fazem, imitem aquilo que celebram, para que participando do mistério da morte e ressurreição do Senhor levem a morte de Cristo em vossos membros e caminhem com Ele em novidade de vida.
Com o Batismo, vocês agregarão novos fiéis ao povo de Deus; com o sacramento da Penitência, perdoarão os pecados em nome de Cristo e da Igreja. E aqui quero parar e pedir a vocês, pelo amor de Jesus Cristo: não se cansem nunca de serem misericordiosos! Por favor! Tenham aquela capacidade de perdão que tinha o Senhor, que não veio para condenar, mas para perdoar! Tenham misericórdia, tanta! E se vem a dúvida de ser “perdoador” demais, pensem naquele santo padre do qual vos falei, que ficava diante do tabernáculo e dizia: “Senhor, perdoa-me se perdoei demais. Mas foi tu mesmo que me destes o mau exemplo!”. E eu vos digo, verdadeiramente: a mim causa tanta dor quando encontro gente que não vai mais se confessar porque foi repreendida. Sentiram que as igrejas lhes bateram a porta na cara. Por favor, não façam isso: misericórdia, misericórdia! O bom pastor entra pela porta e a porta da misericórdia são as chagas do Senhor: se vocês não entram no vosso ministério pelas chagas do Senhor, não serão bons pastores.
Com o óleo santo, vocês darão alívio aos enfermos; celebrando os ritos sagrados e elevando nas várias horas do dia a oração de louvor e de súplica, vocês darão voz ao povo de Deus e de toda a humanidade.
Conscientes de terem sido escolhidos entre os homens e constituídos em favor deles para atender às coisas de Deus, exerçam com alegria e caridade sincera a obra sacerdotal de Cristo, unicamente intencionados a agradar a Deus, não a vocês mesmos.
E pensem naquilo que dizia Santo Agostinho dos pastores que procuravam agradar a si mesmos, que usavam as ovelhas do Senhor como alimento e para vestir-se, para usar a majestade de um ministério que não se sabia se era de Deus. Enfim, participando da missão de Cristo, mestre e pastor, em comunhão filial com o vosso bispo, se empenhem em unir os fiéis em uma única família, para conduzi-los a Deus Pai por meio de Cristo no Espírito Santo. Tenham sempre diante dos olhos o exemplo do Bom Pastor, que não veio para ser servido, mas para servir e para procurar e salvar o que estava perdido.