Francisco celebrou a Santa Missa em Sarajevo em sua viagem à Bósnia neste sábado; paz foi o tema central da homilia
Jéssica Marçal
Da Redação
Em sua visita a Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina, neste sábado, 6, o Papa Francisco celebrou a Santa Missa no Estádio Koševo. O fio condutor da homilia do Papa foi a palavra “paz”. Mais de 65 mil fiéis participaram da celebração.
“Paz é o sonho de Deus, é o projeto de Deus para a humanidade, para a história, com toda a criação”, disse Francisco, lembrando que hoje o desejo de paz colide com tantos conflitos armados existentes no mundo. “É uma espécie de terceira guerra mundial travada ‘aos pedaços’; e, no contexto da comunicação global, sente-se um clima de guerra”.
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O Papa ressaltou que há quem deseja alimentar esse clima, de modo particular os que especulam guerra para vender armas. Mas ele destacou o real significado da guerra: crianças, mulheres e idosos nos campos de refugiados, casas destruídas, vidas destroçadas.
Esta é uma realidade que Sarajevo conhece de perto, já que a Bósnia já foi alvo de tantos conflitos armados. “Hoje, amados irmãos e irmãs, desta cidade ergue-se mais uma vez o grito do povo de Deus e de todos os homens e mulheres de boa vontade: Nunca mais a guerra!”.
No contexto da guerra, destaca-se a palavra de Jesus no Evangelho: “Felizes os pacificadores” (Mt 5, 9). Segundo Francisco, fazer a paz é um trabalho artesanal que requer paixão, paciência, experiência e tenacidade. “Felizes são aqueles que semeiam paz com as suas ações diárias, com atitudes e gestos de serviço, de fraternidade, de diálogo, de misericórdia (…) Fazer a paz é um trabalho que se deve realizar todos os dias, passo a passo, sem nunca nos cansarmos”.
E para construir a paz, é preciso justiça, já que a paz é obra da justiça, disse o Papa. Não se trata de uma justiça teorizada, explicou Francisco, mas de uma justiça praticada, vivida. O Novo Testamento, por exemplo, ensina que o pleno cumprimento da justiça é amar o próximo como a si mesmo.
“Quando, ajudados pela graça de Deus, seguimos este mandamento, como mudam as coisas! Porque mudamos nós! Aquela pessoa, aquele povo que eu via como inimigo, na realidade tem o meu próprio rosto, o meu próprio coração, a minha própria alma. Temos o mesmo Pai nos Céus”.
Francisco lembrou, por fim, que a paz é um dom de Deus, de forma que ser “artesão” da paz não é uma tarefa que depende só do homem. Acreditar nisso, segundo o Papa, é cair em um moralismo ilusório. “Somente se o homem se deixar reconciliar com Deus, é que pode tornar-se um obreiro de paz”.