Resumo da visita à Bolívia

Francisco: um sinal de reconciliação e esperança para a Bolívia

Para os bolivianos, o Papa Francisco é um sinal de reconciliação, paz  e esperança

Daniel Machado
Enviado especial a Santa Cruz de La Sierra

A Bolívia viveu dias marcantes e inesquecíveis com a visita do Papa Francisco de 8 a 10 de julho. Desde sua chegada, o Pontífice cumpriu uma agenda intensa nas duas maiores cidades do país, La Paz e Santa Cruz de La Sierra. Para os bolivianos, o Papa Francisco representa um sinal de reconciliação e paz, e sua passagem pela Bolívia lhes deixa muitas esperanças.

Papa na Bolivia - Foto: Daniel Machado

Papa Francisco na Bolivia – Foto: Daniel Machado

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Em seu primeiro discurso no aeroporto de La Paz, o Sucessor de Pedro afirmou que veio como peregrino “para confirmar a fé dos crentes em Cristo Ressuscitado” e “animar a vocação dos discípulos de Cristo que é comunicar a alegria do Evangelho”, tema de sua viagem à Bolívia.

Preocupação com o meio ambiente

Seguindo a lógica de sua encíclica “Laudato Si“, Francisco destacou que “O ambiente natural e o ambiente social, político e econômico estão intimamente relacionados”, e por isso é preciso estabelecer uma ecologia integral que abarque todas as dimensões humanas, caso contrário os valores que queremos deixar para as futuras gerações “derreter-se-ão também como aqueles gelos [do ártico]”.

No encontro dos Movimentos Populares, o Sumo Pontífice foi bastante incisivo ao afirmar que a defesa da Terra Mãe “talvez a mais importante que devemos assumir hoje”. “A casa comum de todos nós está a ser saqueada, devastada, vexada impunemente. A covardia em defendê-la é um pecado grave”.

Questões socioeconômicas

Em sua homilia aos pés do Cristo Redentor, o Papa falou da “cultura do descarte” e da “lógica que procura transformar tudo em objeto de troca, de consumo”. E seu discurso mais forte foi no Encontro com os Movimentos Sociais, onde teceu duras críticas à “idolatria do dinheiro” e ao modelo capitalista que coloca as pessoas a serviço do dinheiro, uma economia que, segundo ele, exclui, gera desigualdades e mata.

“Uma economia justa deve criar as condições para que cada pessoa possa gozar duma infância sem privações, desenvolver os seus talentos durante a juventude, trabalhar com plenos direitos durante os anos de atividade e ter acesso a uma digna aposentadoria na velhice”, indicou o Pontífice, salientando que esta economia positiva “não é apenas desejável e necessária, mas também possível”.

Mudanças estruturais

Em seu discurso durante o encontro dos movimentos populares, o Papa Francisco pediu mudanças profundas na sociedade moderna e denunciou o “sistema insuportável” de exclusão e descarte. “Reconhecemos nós que as coisas não andam bem num mundo onde há tantos camponeses sem terra, tantas famílias sem teto, tantos trabalhadores sem direitos e tantas pessoas feridas na sua dignidade?”, perguntou o Santo Padre, que em seguida respondeu: “Então digamo-lo sem medo: Precisamos e queremos uma mudança. Insisto – digamo-lo sem medo: Queremos uma mudança, uma mudança real, uma mudança de estrutura”.

Encontro com membros da vida religiosa da Bolívia

Em um encontro festivo com padres, seminaristas, religiosas e religiosas de várias partes do país, Francisco disse que os religiosos são frutos da misericórdia de Deus e recordou o testemunho de servos de Deus que, em terras bolivianas, deram a vida pelo anúncio do Evangelho. “Não somos testemunhas de uma ideologia, uma receita, uma forma de fazer teologia. Somos testemunhas do amor sanador e misericordioso de Jesus. Somos testemunhas da sua intervenção na vida das nossas comunidades”, afirmou o Papa.

Visita a detentos

Em uma das suas últimas atividades em solo boliviano, Sua Santidade viveu uma manhã emocionante nesta sexta-feira, 10, em seu encontro com presos do complexo penitenciário de Palmasola, o maior da Bolívia. Depois de ouvir o testemunho dos detentos, Francisco convidou todos a se ajudarem mutuamente e, de forma muito espontânea, se dirigiu aos presos dizendo-lhes que “Aquele que está diante de vós é um homem perdoado. Um homem que foi e está salvo de seus muitos pecados”.

O Pontífice também levou uma palavra de conforto aos presidiários dizendo-lhes que não ficassem presos às feridas do passado, mas que, apesar de estarem presos, procurassem ter um olhar diferente do futuro. “Nas Suas chagas, encontram lugar as nossas chagas; para serem curadas, lavadas, transformadas, ressuscitadas. Ele [Cristo] morreu por vós, por mim, para nos dar a mão e levantar-nos”.

Depois de um encontro privado com os bispos do país, o Santo Padre subiu no papamóvel e percorreu, novamente, as ruas da cidade em direção ao aeroporto de Viru Viru, onde embarcou para o Paraguai, o terceiro e último país da sua visita pastoral à América do Sul.


Daniel Machado de Assis

Daniel Machado de Assis é Brasileiro, nasceu no dia 08/11/1979, em São Bernardo do Campo, SP. É Membro da Associação Internacional Privada de Fieis – Comunidade Canção Nova, desde 2002 no modo de compromisso do Núcleo. Psicólogo, formado em psicologia pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo.

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