Na oração mariana do Angelus o Papa Francisco pediu para não responder o mal com o mal, mas a ousar no bem, como fez Jesus conosco.
Da Redação, com Vatican News
Diante de milhares de fiéis na Praça São Pedro, neste Domingo 19, Francisco definiu “exigentes e paradoxais” as palavras de Jesus, que nos convidam a oferecer a outra face e amar os nossos inimigos. E comentando o Evangelho deste VII Domingo do Tempo Comum. O papa ressaltou a palavra “Extraordinário”
“É normal amar quem nos ama, mas agindo deste modo o Mestre nos provoca dizendo: Que fazeis de extraordinário?”
Com efeito, afirmou o Papa, que temendo não ser correspondidos ou ficar desiludidos, preferimos amar só quem nos ama, fazer o bem só a quem é bom conosco, ser generosos só com quem pode restituir o favor. Segundo o Papa o Senhor nos adverte que isso não é suficiente:
“Se permanecermos no ordinário, no equilíbrio entre dar e receber, as coisas não mudam. Se Deus quisesse seguir esta lógica, não teríamos esperança de salvação!”
O amor de Deus é sempre ‘extraordinário’
Francisco afirma que felizmente, o amor de Deus é sempre ‘extraordinário’, isto é, vai além dos critérios habituais com os quais nós humanos vivemos as nossas relações.
Para Francisco, as palavras de Jesus constituem um desafio, já que nos pede para abrir-nos ao extraordinário de um amor gratuito. Enquanto tentamos equilibrar as contas, Cristo nos estimula a viver o desequilíbrio do amor, assim como Ele fez conosco.
Se Deus não tivesse se desbalanceado, nós nunca teríamos sido salvos e Jesus não teria abraçado a cruz por nós.
Francisco explica que Deus nos ama enquanto somos pecadores, não porque somos bons ou capazes de dar algo em troca:
“O amor de Deus é um amor sempre em excesso, sempre além dos cálculos, sempre desproporcional. Hoje pede também a nós para viver deste modo, porque somente assim o testemunharemos verdadeiramente.”
A proposta de Cristo, portanto, é sair da lógica da vantagem e não medir o amor sobre a balança dos cálculos e das conveniências. É ousar no bem, a arriscar no dom, mesmo se recebermos pouco ou nada em troca.
Lógica da retribuição ou a da gratuidade?
Porque é este amor que lentamente transforma os conflitos, diminui as distâncias, supera as inimizades e cura as feridas do ódio.”
O Papa convidou cada um de nós a se questionar: “Eu, na minha vida, sigo a lógica da retribuição ou a da gratuidade?”, e continuou:
“O amor extraordinário de Cristo não é fácil, mas é possível, porque Ele mesmo nos ajuda doando-nos o seu Espírito, o seu amor sem medida.”
Por fim o Papa pediu: “Rezemos a Nossa Senhora, que respondendo a Deus o seu ‘sim’ sem cálculos, lhe permitiu fazer dela a obra-prima da sua Graça.”