CULTURA E EDUCAÇÃO

“Formar pessoas capazes de ajudar o mundo a mudar o rumo”, pede Papa

Em audiência com participantes de plenária do Dicastério para a Cultura e a Educação, Francisco enfatizou necessidade de transformar modelos educacionais

Da Redação, com Vatican News

Papa Francisco cumprimenta participante da assembleia plenária / Foto: Vatican Media/IPA/Sipa USA via Reuters Connect

O Papa Francisco recebeu, em audiência, nesta quinta-feira, 21, os participantes da primeira Assembleia Plenária do Dicastério para a Cultura e a Educação. Durante o encontro, exortou sobretudo o desenvolvimento de projetos culturais que permitam a formação de pessoas capazes de ajudar a transformar o mundo.

No início de seu discurso, o Pontífice recordou que, ao unir os dois Organismos da Santa Sé que se ocupavam da educação e da cultura por meio da Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, tinha como objetivo criar possibilidades de diálogo, sinergia e inovação que podem tornar as duas esferas ainda mais fecundas.

Segundo o Santo Padre, o mundo não precisa de “repetidores sonâmbulos do que já existe”, mas de pessoas capazes de criar a partir dos recursos que o ser humano carrega dentro de si. Francisco declarou que “não há necessidade de modelos educacionais que sejam meras ‘fábricas de resultados’, sem um projeto cultural que permita a formação de pessoas capazes de ajudar o mundo a mudar o rumo, erradicando a desigualdade, a pobreza endêmica e a exclusão”.

“Somos herdeiros da paixão educativa e cultural”

O Papa salientou que as escolas, as universidades e os centros culturais devem ensinar a desejar, a ter sede, a sonhar. “A qualidade das expectativas deve se tornar o critério básico de discernimento e conversão das nossas práticas culturais e educacionais”, afirmou, apontando que as instituições devem ter “o que realmente esperamos” como pergunta-chave para si mesmas.

Leia mais
.: Papa: ‘união entre escola e família é essencial para educação integral’

.: Sem a educação não há desenvolvimento humano integral, diz Papa

Com isso, o Pontífice convidou os participantes a entenderem sua missão “nos campos educativo e cultural como um chamado a alargar os horizontes, a arriscar”. Em sua visão, não há motivos para deixar o medo dominar, uma vez que “Cristo é o nosso guia e companheiro de viagem” e “somos guardiões de um patrimônio cultural e educativo superior a nós”. “Numa palavra, somos herdeiros da paixão, somos herdeiros da paixão educativa e cultural de muitos santos”, enfatizou o Santo Padre.

Diante desta multidão de testemunhas, Francisco exortou os presentes a livrar-se de todo peso do pessimismo, que não é cristão. “Convirjamos, com todas as nossas forças, para tirar o ser humano da sombra do niilismo, que talvez seja a praga mais perigosa da cultura atual, porque é a que pretende apagar a esperança. Não nos esqueçamos: a esperança não desilude, ela é a força”, expressou.

“Passemos para a outra margem”

Na sequência, o Papa destacou que hoje o mundo tem o maior número de estudantes da história. Apesar disso, ainda que cerca de 110 milhões de crianças concluam o ensino fundamental, cerca de outras 250 milhões não frequentam a escola. “É um imperativo moral mudar esta situação”, pontuou, porque “é um genocídio cultural quando roubamos o futuro das crianças, quando não lhes oferecemos condições para se tornarem o que poderiam ser”.

O Pontífice abordou a questão do desenvolvimento científico e das inovações tecnológicas, que marcam a mudança de época. “Hoje, não podemos ignorar o advento da transição digital e da inteligência artificial, com todas as suas consequências. Este fenômeno nos apresenta questões cruciais. Peço aos centros de pesquisa de nossas universidades que se comprometam a estudar a revolução em andamento, esclarecendo as vantagens e os perigos”, manifestou.

Por fim, o Santo Padre concluiu seu discurso convidando os participantes a “não deixarem vencer o sentimento de medo”. Ele os lembrou de que as transições culturais complexas muitas vezes revelam-se as mais fecundas e criativas para o desenvolvimento do pensamento humano. Além disso, contemplar Cristo vivo dá a coragem de lançar-se ao futuro, confiando na palavra do Senhor que interpela: “Passemos para a outra margem”.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo