Francisco enviou uma mensagem aos participantes do encontro de preparação para a Cúpula dos Sistemas Alimentares da ONU
Da redação, com Boletim da Santa Sé
Vencer a fome é um dos maiores desafios atuais. Esta foi a afirmação feita pelo Papa Francisco em mensagem divulgada nesta segunda-feira, 26.
O texto do Pontífice foi divulgado por ocasião do evento de preparação para a Cúpula dos Sistemas Alimentares da Organização das Nações Unidas (ONU) que foi iniciado hoje em Roma.
O encontro será encerrado nesta quarta-feira, 28. Mais de 110 governos debatem a transformação dos sistemas alimentares.
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Em sua mensagem, Francisco saudou os participantes desta Pré-Cúpula e citou a pandemia. “Nos confrontou com injustiças sistêmicas que minam nossa unidade como família humana”.
Fome: crime que viola direitos humanos
A atual situação, segundo o Santo Padre, exige uma mudança radical. “Desenvolvemos novas tecnologias com as quais podemos aumentar a capacidade de frutificação do planeta, mas continuamos a explorar a natureza a ponto de esterilizá-la”, frisou.
“Produzimos comida suficiente para todos, mas muitos ficam sem o pão de cada dia. Isso ‘constitui um verdadeiro escândalo, um crime que viola direitos humanos básicos”, denunciou.
Portanto, Francisco defendeu que é dever de todos erradicar essa injustiça. Tal ação pode ser feita por meio de ações concretas e boas práticas. Por meio de políticas locais e internacionais ousadas.
Nova mentalidade
Nesta perspectiva, o Santo Padre sublinhou que a transformação dos sistemas alimentares desempenha um papel importante.
“Deve ser orientado para que sejam capazes de aumentar a resiliência, fortalecer as economias locais, melhorar a nutrição, reduzir o desperdício de alimentos, fornecer dietas saudáveis acessíveis. Para todos, para ser ambientalmente sustentável e respeitar as culturas locais”, opinou.
Para garantir o direito fundamental a um nível de vida adequado, e cumprir nossos compromissos de atingir a meta do Fome Zero, o Pontífice destacou que não basta produzir alimentos.
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Para o Papa, é necessário uma nova mentalidade e uma nova abordagem holística. “Projetar sistemas alimentares que protejam a Terra e mantenham a dignidade da pessoa humana no centro; que garantam alimentos suficientes globalmente e promovam trabalho decente localmente; e que alimentam o mundo hoje, sem comprometer o futuro”.
Setores rurais e agropecuários
Em sua mensagem, Francisco defendeu que é imprescindível recuperar a centralidade do setor rural. Dele, explicou, depende a satisfação de tantas necessidades humanas básicas.
Sobre o setor agropecuário, o Santo Padre afirmou que é urgente que ele reconquiste um papel prioritário no processo de tomada de decisões políticas e econômicas. Tal feito ajudará a delinear a estrutura do processo de “reinicialização” pós-pandêmica em construção.
Nesse processo, os pequenos agricultores e famílias agrícolas devem ser considerados atores privilegiados. “Seu conhecimento tradicional não deve ser esquecido ou ignorado, enquanto seu envolvimento direto permite que eles entendam melhor suas reais prioridades e necessidades”, comentou.
Outro fator importante elencado por Francisco é a necessidade de facilitar o acesso dos pequenos agricultores e da agricultura familiar aos serviços necessários à produção, comercialização e utilização dos recursos agrícolas.
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“Este reconhecimento deve ser acompanhado por políticas e iniciativas que atendam plenamente às necessidades das mulheres rurais, promovam o emprego jovem e melhorem o trabalho dos agricultores nas áreas mais pobres e remotas”.
Impedimentos na luta contra a fome
Interesses econômicos individuais e fechados impedem de desenhar um sistema alimentar que responda aos valores do Bem Comum, da solidariedade e da “cultura do encontro”. É o que afirmou o Papa.
Segundo o Pontífice, para manter um multilateralismo frutífero e um sistema alimentar baseado na responsabilidade, justiça, paz e unidade da família humana é fundamental.
“A crise que enfrentamos atualmente é na verdade uma oportunidade única de nos engajarmos em diálogos autênticos, ousados e corajosos, abordando as raízes de nosso sistema alimentar injusto”, revelou.
O Papa destacou que todos têm a responsabilidade de realizar o sonho de um mundo onde o pão, a água, os medicamentos e o trabalho fluam em abundância e cheguem primeiro aos mais necessitados.
Apoio da Santa Sé
“A Santa Sé e a Igreja Católica servirão a este nobre propósito, oferecendo a sua contribuição, unindo forças e vontades, ações e sábias decisões”, garantiu.
Por fim, o Papa declarou que reza para que ninguém seja deixado para trás e para que todos possam atender às suas necessidades básicas.
“Que este encontro para a regeneração dos sistemas alimentares nos coloque no caminho da construção de uma sociedade pacífica e próspera, e semeie sementes de paz que nos permitam caminhar em autêntica fraternidade”.