Retrospectiva

Fim de 2024: relembre reflexões, apelos, viagens e documentos do Papa

Em 2024, Francisco celebrou 11 anos de pontificado, 55 de sacerdócio e 88 de vida; rito de abertura do Jubileu 2025 foi o grande destaque

Julia Beck
Da redação

Fotos:
Remo Casilli/ Reuters; Alessandra Tarantino/ Pool via Reuters; Vatican Media IPA/Sipa USA via Reuters; Vatican Media / Hans Lucas via Reuters; Vatican Media/ABACAPRESS.COM

O ano de 2024 do Papa Francisco foi de muitas reflexões, apelos, discursos, audiências e viagens apostólicas. O Santo Padre celebrou 11 anos de pontificado (13 de março), 55 anos de sacerdócio (13 de dezembro) e 88 anos de vida (17 de dezembro).

Francisco entregou o pálio a 42 arcebispos e criou 21 novos cardeais neste ano. Um destaque foi o reconhecimento de mais um milagre atribuído a Carlo Acutis, que culminou na decisão e anúncio da sua canonização no jubileu dos adolescentes em 2025.

O grande evento celebrado por Francisco, no entanto, se deu no final de 2024: o início do Jubileu 2025 com a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro (24 de dezembro).

“Ancorados em Cristo, a rocha da nossa salvação, iluminados por Sua Palavra e revigorados por Sua graça, cruzamos o limiar deste templo sagrado, entramos no tempo da misericórdia e do perdão, para que a cada homem seja revelado o caminho da esperança, que não decepciona”, disse durante o rito.

A seguir, confira destaques do ano do Papa:

Catequeses

Foto: Vatican Media Hans Lucas via Reuters

No início de 2024, Francisco prosseguiu com as catequeses sobre vícios e virtudes. Na primeira do ano, ele enfatizou: “A vida espiritual do cristão exige um combate contínuo”. A gula foi criticada pelo Pontífice. Segundo ele, “a relação com a comida revela o interior do homem”.

Ao refletir sobre a luxúria, defendeu o amor e a pureza de “doar-se um ao outro”. Sobre a avareza, o Santo Padre garantiu ser uma doença do coração e não da carteira. “Muitas vezes não tem nada a ver com o saldo da conta corrente”. A ira destrói relações humanas e está na origem da violência, alertou.

“Na soberba reside a absurda pretensão de ser como Deus”, disse Francisco na primeira catequese de março. A virtude da paciência foi destacada no seguimento deste ciclo de catequeses, assim como a fortaleza, justiça, temperança, esperança e caridade.

Em maio, iniciou um novo ciclo de catequeses, desta vez dedicado ao “Espírito e a Esposa”. Nele, afirmou que a terceira pessoa da Trindade é capaz de transformar o caos em harmonia, além de garantir a unidade e universalidade da Igreja. As reflexões sobre este tema foram concluídas em 11 de dezembro. Na semana seguinte, o Papa iniciou um ciclo de catequeses sobre o Jubileu 2025.

Angelus

Foto: REUTERS – Remo Casilli

O amor nunca sufoca, ele abre espaço para o outro e o faz crescer, foi o que afirmou o Santo Padre no primeiro Angelus deste ano. Entre as muitas reflexões feitas em 2024, o Papa frisou que adorar a Deus não é perder tempo, mas significa-lo; e a fé não é uma teoria e sim um encontro com o Senhor.

Datas comemorativas

Em 1º de janeiro, Dia Mundial da Paz, a reflexão do Santo Padre foi pautada pela inteligência artificial e o caminho para a paz. Para o Dia Mundial do Enfermo, assegurou a necessidade de cura das relações para que doentes sejam curados.

Em mensagem para o 58º Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Papa refletiu sobre avanços tecnológicos e utilização ética das máquinas pelos homens. “Através do deserto, Deus guia-nos para a liberdade”, foi a indicação para o Dia Mundial das Missões 2024.

“Na velhice, não me abandones” (cf. Sl 71,9) foi o tema escolhido pelo Papa para o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos deste ano. Na 1ª Jornada Mundial das Crianças, a reflexão do Santo Padre partiu do trecho bíblico: “Eu renovo todas as coisas” (Ap 21, 5).

No Dia Mundial de Oração pelas Vocações, destacou que a escuta do chamado de Deus alimenta o desejo de felicidade comum dos homens. Para o Dia Mundial dos Pobres, escolheu como lema: “A oração do pobre eleva-se até Deus” (cf. Eclo 21, 6). Na mensagem referente ao Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, propôs que a humanidade repense os limites do poder humano.

Conselhos ao clero

Conselhos e indicações aos padres, bispos e cardeais não faltaram em 2024. O Pontífice pediu atenção quanto à mundanidade, explicou que muitas vezes é preciso passar pelo deserto, para que Deus fale ao coração; além de reforçar a necessidade de sacerdotes “plenamente humanos”.

Aos diáconos, o Santo Padre pediu a “linguagem da proximidade”. Encorajou os seminaristas a serem padres próximos ao povo e os sacerdotes a serem “ícones de Jesus”.

Festas e Solenidades

Na Santa Missa da Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, no primeiro dia do ano, o Papa indicou: “Se queremos ser cristãos, devemos ser filhos de Maria”. Na celebração da Epifania, o Pontífice incentivou os fiéis a imitarem os magos para se aproximarem de Jesus.

“Deixar-se conquistar pela beleza do Evangelho” foi o que pediu Francisco no Domingo da Palavra de Deus. Na mesma data, ele deu início ao Ano da Oração, que foi de preparação para o Jubileu 2025.  Na Festa da Apresentação do Senhor, ressaltou que a salvação consiste em desejar Deus e renunciar a tudo.

Na Santa Missa com Imposição das Cinzas, o Santo Padre falou sobre a efemeridade da vida humana, “um sopro”. Com o início da Quaresma 2024, garantiu aos fiéis que Deus não Se cansou da humanidade e continua a libertá-la. Para a Campanha da Fraternidade 2024, ele defendeu uma fraternidade universal que favoreça a vida em sociedade sem perder de vista o Céu.

Ao presidir a Santa Missa que deu início às “24 horas para o Senhor”, o Papa frisou o Sacramento da Reconciliação. No Domingo de Ramos, recordou o sofrimento das vítimas dos conflitos armados. Já na Missa do Crisma indicou que um coração sem arrependimento se torna rígido.

A Santa Missa da Ceia do Senhor foi na penitenciária feminina de Rebibbia, em Roma. Na ocasião, o Papa lavou os pés de 12 detentas. Este ano, Francisco não participou da Via Sacra no Coliseu e não fez a homilia da Paixão do Senhor (Cardeal Cantalamessa foi quem conduziu esta última).

Na Vigília Pascal e Missa de Páscoa, as reflexões foram do Santo Padre. O pedido latente aos fiéis foi para a “remoção” de “pedras” que fecham o caminho para a vida e oprimem a alma.

Na Solenidade da Ascensão, celebrada no Vaticano, o Santo Padre reforçou a importância da virtude da esperança na vida dos cristãos. Em Pentecostes, garantiu: “não estamos sozinhos, mas fortalecidos pelo Espírito Santo”.

O Papa Francisco presidiu a Santa Missa na Basílica de São João de Latrão, na solenidade de Corpus Christi.  Explicou que a Eucaristia ensina o cristão a oferecer o pouco que tem e a render graças. Ele também presidiu a Solenidade da Imaculada Conceição e do Natal do Senhor. Neste último, enfatizou que “a esperança está viva e envolve a nossa vida para sempre”.

Solidariedade

Papa durante Audiência Geral em outubro /Foto: Vatican MediaABACAPRESS.COM

O Papa fez questão de manifestar sua proximidade aos que sofreram com tragédias, desastres e acidentes em 2024. Foram muitos telegramas emitidos por intermédio do secretário de estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin.

Em janeiro, o Santo Padre demonstrou solidariedade com as vítimas de um terremoto no Japão e de uma colisão entre dois aviões ocorrida no Aeroporto de Tóquio. Os mortos e feridos em explosões no Irã também foram recordados, além de vítimas de deslizamentos de terra na Colômbia e de um ataque no Curdistão iraquiano.

Francisco lamentou o ataque a uma igreja em Istambul e em Burkina Faso, incêndios no Chile, terremoto em Taiwan, deslizamento de terra em Papua Nova Guiné e um tufão no Vietnã.

Após a oração do Angelus, em maio, o Pontífice manifestou sua solidariedade aos afetados pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul (RS), no Brasil. Ele enviou 100 mil euros para as vítimas. Em agosto, ao final da oração do Angelus do dia 11, pediu orações por vítimas de acidente aéreo em Vinhedo (SP).

O Santo Padre também enviou ao longo do ano medicamentos de primeiros socorros, alimentos e ambulâncias para a Ucrânia e se manteve em contato constante com o pároco de Gaza, em sinal de proximidade aos que sofrem com a guerra entre Israel e Hamas.

Perseguição aos cristãos

O Pontífice também se compadeceu com os que sofreram perseguições ao longo deste ano. Em particular, pediu orações por padres e religiosos da Nicarágua, além de se preocupar com os religiosos que viveram momentos de angústia no Haiti.

Pedidos por paz

Países como a Ucrânia, a Palestina e Israel estiveram de janeiro a dezembro no centro dos pedidos de paz do Papa Francisco. Nas Catequeses, após o Angelus e em muitos discursos o Santo Padre recordou esses e outros países que sofrem com as guerras.

“A guerra em si é um crime contra a humanidade”, “A paz é responsabilidade de toda a família humana”, “A guerra é um engano” e “uma derrota”, “fazer a paz exige muito mais coragem do que fazer a guerra”. Estas foram algumas frases ditas durante este ano pelo Pontífice, principalmente após a oração do Angelus, aos domingos, e nas Audiências Gerais, às quartas-feiras.

Audiências no Vaticano

Ao longo do ano, o Pontífice recebeu inúmeras delegações de movimentos religiosos e civis, leigos, estudantes, comunicadores, embaixadores e governantes de muitos países. Em seus discursos, a fraternidade, defesa dos mais necessitados e a fé foram destaques.

Viagens Apostólicas

Papa durante Viagem Apostólica à Papua-Nova Guiné /Foto: Vatican Media / Hans Lucas via Reuters

No primeiro semestre de 2024, o foco do Papa foram as Viagens Apostólicas na Itália. Em abril, o Pontífice visitou, pela primeira vez, Veneza. Em maio, Verona, e Triste, em julho.

O segundo semestre marcou um ciclo de viagens internacionais. Em setembro, o Papa foi à Indonésia, Papua-Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura. Luxemburgo e Bélgica também receberam o Santo Padre em setembro. A última visita do ano foi para a ilha de Córsega, na França, para participar do Congresso “A religiosidade popular no Mediterrâneo”.

Intenções de oração

Ao longo do ano, como de costume, Francisco convidou os fiéis a rezarem junto com ele por algumas intenções. Em janeiro, pelo “Dom da Diversidade na Igreja”.  No mês seguinte, o foco foram os doentes terminais. A oração pelos novos mártires foi em março. Em abril, rogou pelo papel das mulheres. A formação de religiosos, monges, freiras e seminaristas esteve no centro das orações de Francisco em maio.

Em junho, o Pontífice rezou por aqueles que fogem de seu país. Já em julho, a intenção foi a Pastoral dos Enfermos. Os líderes políticos receberam orações em agosto, enquanto em setembro as orações foram pelo “Grito da Terra”.

No mês de conclusão do Sínodo, o Santo Padre pediu a Deus “por uma Missão Compartilhada”. Pais que perderam um filho estiveram nas orações de Francisco de novembro. Em dezembro, com o início do Jubileu da Esperança, a intenção foram os peregrinos da esperança.

Documentos

A Bula Papal “Spes non confundit” (A esperança não engana), de proclamação do Jubileu 2025, foi publicada em maio. Em outubro, a Santa Sé tornou pública a quarta Carta Encíclica do pontificado de Francisco. Intitulado Dilexit nos, que significa “Ele nos amou”, o texto aborda o amor humano e divino do Coração de Jesus.

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