Homilia

Fazer-se pequeno nos abre à ação do Senhor, frisa Papa em Timor-Leste

Na missa celebrada na Esplanada de Taçi Tolu, em Díli, Francisco destacou em sua homilia: “Jesus quis nascer pequeno para se fazer nosso irmão”

Da redação, com Vatican News

Foto: REUTERS/ Guglielmo Mangiapane

“Um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado.” Com este versículo extraído do 9° Capítulo do Livro do Profeta Isaías, o Papa Francisco iniciou sua homilia na missa presidida na Esplanada de Taçi Tolu, em Díli, Timor-Leste, nesta terça-feira, 10. A celebração estava prevista na programação da 45ª Viagem Apostólica Internacional.

Com essas palavras, o Pontífice afirmou que o profeta Isaías se dirige aos habitantes de Jerusalém, numa época próspera para a cidade, mas, infelizmente, caracterizada por uma grande decadência moral. O Santo Padre sublinhou que, na época, havia muita riqueza, porém o bem-estar cegava os poderosos e os iludia com a ideia de serem autossuficientes, de não precisarem do Senhor, e a sua presunção os levava a ser egoístas e injustos.

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É por isso que, apesar de haver tantos bens, Francisco destacou que os pobres são abandonados e passam fome, pois a infidelidade alastra e a prática religiosa se reduz, cada vez mais, à mera formalidade. A fachada enganadora de um mundo, à primeira vista perfeito, esconde assim uma realidade mais sombria, mais dura e cruel, com necessidade de conversão, misericórdia e cura, frisou o Papa.

“Por isso o profeta anuncia aos seus concidadãos que Deus abrirá diante deles um novo horizonte: um futuro de esperança e alegria, do qual serão banidas para sempre a opressão e a guerra. Fará brilhar para eles uma grande luz que os libertará das trevas do pecado que oprime; e não o fará com a força de exércitos, armas e riquezas, mas com o dom de um filho”, disse o Pontífice ao refletir sobre a frase: Deus faz brilhar a sua luz salvadora através do dom de um filho.

Proximidade de Deus se manifesta através de uma criança

Em todas as partes do mundo, o Santo Padre ressaltou que o nascimento de uma criança é um momento luminoso de alegria e festa, que infunde em todos bons desejos de renovação no bem, de regresso à pureza e à simplicidade. Segundo o Papa, diante de um recém-nascido, até o coração mais duro se acalenta e enche de ternura. “A fragilidade de uma criança traz consigo uma mensagem tão forte, que toca até as almas mais endurecidas, trazendo de volta propósitos de harmonia e serenidade. É maravilhoso o que acontece com o nascimento de uma criança”.

Francisco destacou que a proximidade de Deus se manifesta através de uma criança. “Deus se torna uma criança não apenas para nos maravilharmos e comovermos, mas é também para nos abrirmos ao amor do Pai e nos deixarmos moldar por Ele, para que possa curar as nossas feridas, recompor os nossos desentendimentos, pôr ordem na nossa existência”.

Timor-Leste é bonito porque tem muitas crianças, assegurou o Santo Padre. De acordo com ele, a nação é jovem e, por todo o lado, se sente a vida pulsar, desabrochar. E isso é um grande dom: a presença de tantos jovens e crianças renova constantemente a energia e a vida. Mas, mais ainda, prosseguiu, se trata de um sinal, porque dar espaço aos mais pequenos, os acolher, cuidar deles, e se fazer pequeno diante de Deus e diante dos outros são atitudes que abrem os homens à ação do Senhor.

Não ter medo de redimensionar os nossos projetos

“Fazendo-nos crianças, permitimos a ação de Deus em nós. Hoje, veneramos Nossa Senhora como Rainha, isto é, a mãe de um Rei, Jesus, que quis nascer pequeno, fazer-se nosso irmão, pedindo o ‘sim’ de uma jovem humilde e frágil”, refletiu o Pontífice.

A partir disso, o Santo Padre pediu aos timorenses que não tenham medo de se tornarem pequenos diante de Deus e dos outros. “Não tenhamos medo de perder a nossa vida, de dar o nosso tempo, de rever os nossos programas e redimensionar os nossos projetos quando for necessário, não para os diminuir, mas para os tornar ainda mais belos através do dom de nós mesmos e do acolhimento dos outros.”

Segundo o Papa, a verdadeira realeza é a de quem dá a vida por amor: como Maria e como Jesus, que na cruz deu tudo, fazendo-se pequeno, indefeso, fraco, para dar lugar a cada um no Reino do Pai. Tudo isso, explicou, é simbolizado por dois adornos tradicionais desta terra: o Kaibauk e o Belak, força e ternura do Pai e da Mãe. 

Francisco concluiu, convidando cada um enquanto homem e mulher, enquanto Igreja e sociedade, a pedir a sabedoria de refletir no mundo a luz forte e terna do Deus de amor, daquele Deus que “levanta do pó o indigente e tira o pobre da miséria, para o fazer sentar entre os grandes”.

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