Em sua mensagem para 39ª Jornada Mundial da Juventude, Francisco incentiva jovens a experimentar amor de Deus e levá-lo a outros pelo acolhimento
Da Redação, com Vatican News
A Santa Sé divulgou nesta terça-feira, 17, a mensagem do Papa Francisco para a 39ª Jornada Mundial da Juventude. O evento será celebrado a nível diocesano em 24 de novembro e tem como tema “Os que esperam no Senhor, caminham sem se cansar” (Is 40,31).
No texto, o Pontífice ressalta que este versículo está presente no “Livro da Consolação, que anuncia o fim do exílio de Israel na Babilônia e o início de uma nova fase de esperança e de renascimento para o povo de Deus, que pode regressar à sua pátria graças a um novo ‘caminho’ que, na história, o Senhor abre aos seus filhos”.
Olhando para os tempos atuais, marcados pela guerra, pelas injustiças sociais, pelas desigualdades, pela fome e pela exploração do ser humano e da criação, o Santo Padre observa que os jovens são afetados por essas realidades.
“Sentis a incerteza do futuro e não vislumbrais perspectivas seguras para os vossos sonhos, correndo assim o risco de viver sem esperança, prisioneiros do tédio e da melancolia, por vezes arrastados para a ilusão da transgressão e das realidades destrutivas”, afirma.
Diante disso, Francisco ressalta seu desejo para que chegue aos jovens o anúncio da esperança. “Hoje, o Senhor abre diante de vós um caminho e convida-vos a percorrê-lo com alegria e esperança”, registra, ao passo em que apresenta quatro pontos a serem refletidos.
Caminhar sem cansar-se
O primeiro se refere à profecia de Isaías de caminhar sem cansar-se. “A nossa vida é uma peregrinação, uma jornada que nos empurra para além de nós mesmos, um caminho em busca da felicidade; e a vida cristã, em particular, é uma peregrinação em direção a Deus, à nossa salvação e à plenitude de todo o bem”, observa o Papa.
Contudo, as pressões sociais para atingir determinados padrões de sucesso nos estudos, no trabalho e na vida pessoal provocam ansiedade e cansaço interior. “Este cansaço é muitas vezes acompanhado pelo tédio”, comenta o Pontífice, que “é o estado de apatia e de insatisfação de quem não se põe a caminho, não decide, não escolhe, nunca arrisca e prefere ficar na sua zona de conforto”.
“Prefiro o cansaço dos que estão a caminho do que o tédio dos que estão parados e não têm vontade de andar”.
– Papa Francisco
“Prefiro o cansaço dos que estão a caminho”, prossegue, “do que o tédio dos que estão parados e não têm vontade de andar”. O Santo Padre aponta que, paradoxalmente, o remédio para o cansaço é não ficar parado: pelo contrário, a solução é pôr-se a caminho e tornar-se peregrino da esperança.
“A esperança vence todo o cansaço, toda a crise e toda a ansiedade, dando-nos uma forte motivação para avançar, porque é um dom que recebemos do próprio Deus: Ele enche o nosso tempo de sentido, ilumina-nos o caminho, indica-nos a direção e a meta da vida”, expressa Francisco.
Esperança para perseverar
No segundo ponto, o Papa alerta que, durante a peregrinação da vida, inevitavelmente surgirão alguns desafios. “Pode acontecer que o entusiasmo inicial nos estudos ou no trabalho, ou o impulso para seguir Cristo sejam seguidos por momentos de crise, que fazem com que a vida pareça uma difícil caminhada no deserto”, cita.
“Estes momentos de crise, porém, não são tempos perdidos ou inúteis, mas podem revelar-se importantes oportunidades de crescimento”, prossegue o Pontífice. “São tempos de purificação da esperança”, sublinha, acrescentando que Deus não abandona Seus filhos, mas “aproxima-se com a Sua paternidade e dá-nos sempre o pão que revigora as nossas forças e nos põe de novo a caminho”.
O terceiro aspecto abordado é a participação ativa durante a vida. “Não partam como meros turistas, mas como peregrinos”, exorta o Santo Padre, convidando os jovens a mergulharem de alma e coração nos lugares que encontram, tornando-os parte da sua busca por felicidade.
“A peregrinação jubilar quer tornar-se o sinal do caminho interior que todos somos chamados a fazer para chegar ao destino final”, sinaliza Francisco. Neste contexto, incentiva os jovens a viverem o Jubileu que se aproxima com três atitudes fundamentais: ação de graças, procura e arrependimento.
Acolher o próximo
Por fim, o quarto e último ponto apresentado pelo Papa é a missão. Após convidar todos a experimentar o abraço do Deus misericordioso e o Seu perdão, o Pontífice anima os jovens a, acolhidos por Deus e renascidos n’Ele, a também se tornarem braços abertos para tantos outros que precisam sentir, através do acolhimento, o amor de Deus Pai.
“Cada um de vós ofereça ‘ao menos um sorriso, um gesto de amizade, um olhar fraterno, uma escuta sincera, um serviço gratuito, sabendo que, no Espírito de Jesus, isso pode tornar-se uma semente fecunda de esperança para quem o recebe’, e assim vos tornareis incansáveis missionários da alegria”, conclui o Santo Padre.