Em Missa no Vaticano, Francisco falou da triste realidade da guerra e reiterou papel de todos na promoção da paz
Da Redação, com Rádio Vaticano
A guerra começa no coração do homem, por isso todos são responsáveis pela proteção da paz, destacou o Papa Francisco na Missa desta quinta-feira, 16, na Casa Santa Marta. O Pontífice deu ênfase ao sofrimento de tantos povos castigados pelas guerras promovidas por poderosos e traficantes de armas.
Francisco comentou, em especial, três imagens presentes na Primeira Leitura, extraída do Livro do Gênesis: a pomba, o arco-íris e a aliança. “A aliança que Deus faz é forte, mas como nós a recebemos e a aceitamos é com fraqueza. Deus faz a paz conosco, mas não é fácil preservá-la. É um trabalho de todos os dias, porque dentro de nós ainda existe aquela semente, aquele pecado original, o espírito de Caim que por inveja, ciúme, cobiça e desejo de dominação faz a guerra”.
O Santo Padre observou que, falando da aliança entre Deus e os homens, se faz referência ao “sangue derramado”, algo pelo qual o homem terá que prestar contas a Deus. “Hoje no mundo há derramamento de sangue. Hoje o mundo está em guerra. Muitos irmãos e irmãs morrem, inclusive inocentes, porque os grandes e os poderosos querem um pedaço a mais de terra, querem um pouco mais de poder ou querem ter um pouco mais de lucro com o tráfico de armas. E a Palavra do Senhor é clara: ‘pedirei contas do vosso sangue, que é vida, a qualquer animal. E ao homem pedirei contas da vida do homem, seu irmão’. Também a nós, que parecemos estar em paz aqui, o Senhor pedirá contas do sangue dos nossos irmãos e irmãs que sofrem a guerra”.
Proteger a paz
“Como proteger a pomba? Pergunta-se Francisco; “O que faço para que o arco-íris seja sempre um guia? O que faço para que não seja mais derramado sangue no mundo?”, questionou o Papa, enfatizando que todos estão envolvidos no processo de paz. Ele observou, por exemplo, que a guerra começa no coração do homem, começa nas casas, nas famílias, entre amigos, e depois vai além, a todo o mundo.
“A guerra começa aqui e termina lá. Vemos as notícias nos jornais e na TV… Hoje, muita gente morre e a semente de guerra que gera inveja, provoca ciúmes, a cobiça no meu coração é a mesma coisa do que a bomba que cai num hospital, numa escola, matando crianças- é o mesmo. A declaração de guerra começa aqui, em cada um de nós. Por isso, pergunto: “Como custodiar a paz em meu coração, em meu íntimo, na minha família?”. Custodiar a paz, mas não só: fazê-la com as mãos, todos os dias. E assim conseguiremos fazê-la no mundo inteiro”.
Na conclusão da homilia, Francisco apresentou uma recordação de infância, dizendo como soube da notícia do fim da guerra. “Recordo quando começou a tocar o alarme dos Bombeiros, depois nos jornais e na cidade… Isto se fazia para atrair a atenção para ou fato ou uma tragédia, ou outra coisa. E logo ouvi a vizinha de casa chamar minha mãe: ‘Senhora Regina, venha, venha!’ E minha mãe saiu, assustada: ‘O que aconteceu?’ E a mulher, do outro lado do jardim, disse: ‘A guerra acabou!’, chorando.
Francisco recordou o abraço das duas mulheres, o pranto e a alegria porque a guerra havia terminado. “Que o Senhor nos dê a graça de poder dizer: ‘Terminou a guerra’ e chorando. ‘Acabou a guerra no meu coração, acabou a guerra na minha família, acabou a guerra no meu bairro, acabou a guerra no meu trabalho, acabou a guerra no mundo’. Assim serão mais fortes a pomba, o arco-íris e a aliança”.