Francisco concedeu entrevista em que fala dos desafios da atual mudança de época, além de retomar outros assuntos já abordados em seu pontificado
Da Redação, com Rádio Vaticano

A abertura à imprensa tem sido uma das características de Francisco, que já concedeu entrevistas particulares a diversos veículos / Foto: Arquivo-L’Osservatore Romano
O jornal romano “O Mensageiro” publica neste domingo, 29, uma entrevista com o Papa Francisco concedida à jornalista Franca Giansoldati. O Pontífice se concentra, entre outros temas, nos desafios da atual mudança de época e de cultura, que tem consequências na vida política, financeira e social.
“Proteger sempre o bem comum, que inclui a proteção da vida humana, a sua dignidade, é a vocação de qualquer político”, afirma o Santo Padre. Hoje, o problema da política, “um problema mundial”, nota Francisco, é que essa é desvalorizada, arruinada pela corrupção.
Esta decadência moral, não só política, mas na vida financeira ou social, é alimentada pela mudança de época dos dias de hoje, o que é também uma grande “mudança de cultura”. Neste contexto, segundo o Papa, a pobreza com a qual se preocupar não é só material.
“Possa ajudar uma pessoa que tem fome a fim de que não tenha mais fome, mas se perdeu o trabalho tem a ver com uma outra pobreza. Não tem mais dignidade”, explicou. Coloca-se, então, a necessidade de um esforço comum em ajudar as famílias em dificuldade. Comentando as baixas taxas de natalidade na Europa, o Santo Padre nota que este fenômeno não depende somente de uma deriva cultural marcada pelo egoísmo e pelo hedonismo, mas também da atual crise econômica.
Segundo Francisco, a bandeira dos pobres é cristã, a pobreza está no centro do Evangelho, que não pode ser compreendido sem entender a pobreza real. Ele ressaltou que há também uma belíssima pobreza do espírito, ser pobre diante de Deus para que Ele preencha. O Evangelho, na verdade, dirige-se indistintamente aos pobres e aos ricos; não condena os ricos, mas sim as riquezas quando se tornam objetos de idolatria.
Quando perguntado sobre como está andando a Igreja de Bergoglio, o Papa respondeu: “graças a Deus não tenho nenhuma Igreja, sigo Cristo. Não fundei nada”. Depois reiterou: “as minhas decisões são o fruto das reuniões pré-Conclave. Não fiz nada sozinho”.
O Pontífice falou também sobre suas próximas viagens à Ásia, como a de agosto para a Coreia do Sul e a de janeiro de 2015, para o Sri Lanka e Filipinas. Segundo ele, a Igreja na Ásia é uma promessa. “Quanto à China, trata-se de um desafio cultural grandíssimo”, afirmou.
Ao longo da entrevista, Francisco retomou brevemente outros temas já abordados durante o pontificado, como a questão das mulheres, a corrupção e a exploração – de trabalho e sexual – de crianças.
No dia em que se recordam os santos Pedro e Paulo, patronos de Roma, não faltaram referências também ao cotidiano e à tradição da cidade da qual o Papa é bispo. Este papel, nota o Santo Padre, é o primeiro serviço de Francisco. Roma, segundo ele, partilha os problemas de outras metrópoles como Buenos Aires. E justamente à pastoral das metrópoles será dedicado uma convenção em Barcelona no próximo mês de novembro.
Aos romanos, o Papa deseja que não percam a alegria, a esperança e a confiança, apesar das dificuldades.
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