Francisco reuniu-se com líderes budistas, hinduístas, muçulmanos, judeus, batistas e anglicanos
Rádio Vaticano
Depois de presidir a celebração da missa na sede do Arcebispado (nesta segunda-feira, 27), a terça-feira do Papa Francisco em Yangun começou com um evento extraoficial: o Pontífice recebeu 17 líderes das diferentes religiões presentes em Mianmar.
Tratou-se de um reunião inserida sucessivamente à programação para ressaltar o valor que o país atribui ao diálogo inter-religioso – uma das finalidades desta 21ª viagem apostólica seja em Mianmar, seja em Bangladesh.
Acesse
.: Notícias sobre a viagem do Papa a Mianmar
“Como é bonito ver irmãos unidos” foi o versículo de um Salmo citado por Francisco logo ao início, acentuando porém, que isto não quer dizer “iguais”.
“A unidade não é uniformidade, mesmo dentro da mesma Confissão (…). Somos todos diferentes e cada Confissão tem suas riquezas, suas tradições, suas riquezas para dar, para compartilhar. E isto somente pode existir, quando se vive em paz. E a paz se constrói no coro das diferenças. A unidade sempre se dá com as diferenças”, insistiu Francisco, e “a paz é isto, a harmonia”.
O Pontífice alertou sobre a tendência mundial à uniformidade, de fazer tudo igual. “Isto é matar a humanidade. Isto é uma colonização cultural”. É preciso entender a riqueza das diferenças, e é a partir destas diferenças que se dá o diálogo, enfatizou o Papa.
“Não tenhamos medo das diferenças. Um é o nosso Pai. Nós somos irmãos, disse Francisco. Nos queiramos como irmãos. E se discutimos entre nós, que seja como irmãos. Que em seguida se reconciliam. Sempre voltam a ser irmãos. Eu penso que somente assim se constrói a paz”.
“Obrigado, construam a paz, exortou Francisco. Não se deixem uniformizar pela colonização das culturas. A verdadeira harmonia divina se faz por meio das diferenças. As diferenças são uma riqueza para a paz”.
Ao concluir, o Papa “”permitiu-se” uma oração, de irmãos para irmãos”, rezando a Bênção Apostólicas contida no Livro dos Números. No total, foram 40 minutos de encontro, no qual estavam presentes líderes budistas, hinduístas, muçulmanos, judeus, batistas e anglicanos.
Programação
Depois do almoço, o Papa regressa ao aeroporto de Yangun rumo à capital, Nay Pyi Taw, para a cerimônia oficial de boas-vindas e o encontro com as autoridades. Nesta ocasião, Francisco pronuncia seu primeiro discurso em terras birmanesas.
Em Nay Pyi Taw, o Pontífice se reúne também com “A Senhora”, como é conhecida a histórica ativista Aung San Suu Kyi, hoje Conselheira de Estado e a figura mais emblemática deste momento de transição da política birmanesa.
No final da tarde, o Papa volta a Yangun.
Imprensa
A imprensa local, seja os jornais em inglês, seja em birmanês, dedicaram a primeira página à chegada do Pontífice, ressaltando a multidão em festa pelas ruas de Yangun.
“Milhares de pessoas lotam as avenidas para receber o Papa”, “multidão colorida acolhe o Santo Padre” foram algumas manchetes.
Os jornalistas prontamente noticiaram a visita inesperada ao Pontífice do Chefe das Forças Armadas, Min Aung Hlaing, e as palavras dirigidas a Francisco de que “não existe opressão ou discriminação religiosa em Mianmar”.
A capital
A cidade foi construída e planejada para ser a sede do governo, e é assim oficialmente desde 2006. Nay Pyi Taw também é conhecida pela desproporção entre a densidade populacional e o seu tamanho, suas avenidas largas e longas. Pelas ruas, se alternam momentos de vida ordinária com o absoluto silêncio e a ausência total de movimento.
Com a capital, cresce também a Igreja Católica. Na cidade, existem somente duas paróquias. A reportagem do Programa Brasileiro visitou uma delas: a de São Miguel Arcanjo. Dois sacerdotes conduzem esta paróquia frequentada apenas por 30 famílias. Enquanto a igreja está em construção, as missas são celebradas só aos domingos num templo improvisado e a única atividade é a catequese para as crianças.