A obra, publicada em italiano e francês, contará com um artigo inédito sobre a necessidade de superar a atual crise ecológica
Da Redação, com Vatican News
No próximo dia 24 de outubro a Livraria Editora Vaticana realizará o lançamento do livro “Nostra Madre Terra. Una lettura cristiana della sfida dell’ambiente”(Nossa Mãe Terra: Uma leitura cristã do desafio do ambiente), que reúne os discursos do Papa sobre o cuidado da criação. A obra, publicada em italiano e francês, contará com um artigo inédito sobre a necessidade de superar a atual crise ecológica.
Com prefácio assinado pelo patriarca Bartolomeu, parte do texto foi publicado pelo jornal italiano o ‘Corriere della Sera’. Francisco ressalta que “crise ecológica que estamos enfrentando é, acima de tudo, um dos efeitos desse olhar doente sobre nós, sobre os outros, sobre o mundo, sobre o tempo que passa; um olhar doente que não nos faz perceber tudo como um dom oferecido para nos descobrirmos amados”.
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O Papa recorda que a poluição, mudanças climáticas, desertificação, migrações ambientais, consumo insustentável dos recursos do planeta, acidificação dos oceanos, redução da biodiversidade, são aspectos inseparáveis da desigualdade social: da crescente concentração do poder e da riqueza nas mãos de poucos e da assim chamada sociedade do bem-estar, dos loucos gastos militares, da cultura do descarte desperdício e de uma falta de consideração do mundo do ponto de vista das periferias, da falta de proteção das crianças e dos menores, dos idosos vulneráveis e nascituros.
“Estamos envolvidos, de fato, em estruturas de pecado (como São João Paulo II a chamou) que produzem o mal, escreve o pontífice, poluem o meio ambiente, ferem e humilham os pobres, favorecem a lógica da posse e do poder, explorando os recursos naturais de maneira exagerada, obrigando populações inteiras a abandonar suas terras, alimentam o ódio, a violência e a guerra. Trata-se de uma tendência cultural e espiritual que distorce nosso senso espiritual que vice-versa – em virtude de termos sido criados à imagem e semelhança de Deus – naturalmente nos direciona ao bem, ao amor e ao serviço aos outros.”
Recomeçar a partir dos relacionamentos, a inovação tecnológica não é suficiente
Segundo o Papa, um dos grandes riscos de nosso tempo, então, diante da séria ameaça à vida no planeta causada pela crise ecológica, é o de esse fenômeno nãos ser lido como o aspecto de uma crise global, mas de nos limitarmos a procurar – embora necessárias e indispensáveis – soluções puramente ambientais,. Assim, uma crise global requer uma visão e uma abordagem global, que passam antes de tudo por um renascimento espiritual no sentido mais nobre do termo.
Por essas razões, indica o pontífice, o ponto de virada não poderá vir simplesmente do nosso esforço ou de uma revolução tecnológica: sem negligenciar tudo isso, precisamos redescobrir-nos pessoas, isto é, homens e mulheres que reconhecem serem incapazes de saber quem são sem os outros, e que se sentem chamados a considerar o mundo à sua volta não como um objetivo em si, mas como um sacramento da comunhão. Dessa maneira, os problemas de hoje podem se tornar autênticas oportunidades para que possamos nos descobrir verdadeiramente como uma única família, a família humana.
Por fim, o Papa Francisco afirma que o “caminho proposto consiste, então, em repensar nosso futuro a partir das relações: os homens e as mulheres de nosso tempo têm tanta sede de autenticidade, de rever sinceramente os critérios da vida, de apostar naquilo que vale a pena, reestruturando a existência e a cultura.”