Catequese

É preciso liberdade e coragem para evangelizar, afirma Papa

Na Catequese, Francisco destacou o legado dos Santos Cirilo e Metódio, apóstolos dos eslavos, que evangelizavam priorizando a língua materna e a liberdade espiritual

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco durante Audiência Geral desta quarta-feira, 25/ Foto: REUTERS – Guglielmo Mangiapane

Nesta quarta-feira, 25, o Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o zelo apostólico. O Pontífice abordou em sua reflexão o testemunho de dois irmãos muito famosos no Oriente cristão, a ponto de serem chamados de “apóstolos dos eslavos”: os Santos Cirilo e Metódio.

Nascidos na Grécia no século IX, em uma família aristocrática, ambos renunciaram à carreira política para se dedicarem à vida monástica. Os irmãos foram enviados como missionários à Grande Morávia, que na época incluía vários povos, em parte já evangelizados, mas entre os quais ainda sobreviviam muitos costumes e tradições pagãs. O príncipe da época solicitou um mestre que explicasse a fé cristã na língua deles.

Importância de evangelizar na língua materna

“O primeiro empenho de Cirilo e Metódio foi estudar profundamente a cultura daqueles povos”, afirmou Francisco. “Para anunciar o Evangelho e rezar com aquele povo, foi preciso um instrumento próprio, adequado e específico, resultando na criação do alfabeto glagolítico. Nesta língua, Cirilo traduziu a Bíblia e textos litúrgicos. A partir desse ato, as pessoas sentiram que aquela fé cristã já não era mais ‘estrangeira’, mas tornou-se a sua fé, falada na língua materna. Pensem: dois monges gregos que dão um alfabeto aos Eslavos. Foi essa abertura de coração que enraizou o Evangelho entre eles.”

Leia também
.: Papa: como São Francisco Xavier, ter coragem e alegria para evangelizar
.: A Igreja vira uma peça de museu se não evangelizar a si mesma, diz Papa

Naquela época, o Santo Padre frisou que “alguns latinos de mente fechada diziam que Deus só poderia ser louvado nas três línguas escritas na cruz: hebraico, grego e latim”. No entanto, ele apontou que Cirilo respondeu com força: ‘Deus quer que cada povo o louve na própria língua’. Juntamente com seu irmão Metódio, recorreram ao Papa da época, que aprovou seus textos litúrgicos em língua eslava, os colocou sobre o altar da igreja de Santa Maria Maior e cantou com eles os louvores do Senhor segundo esses livros.

Unidade, inculturação e liberdade

“Na pregação, precisamos de liberdade, mas a liberdade sempre requer coragem. Uma pessoa é livre quanto mais corajosa for, sem deixar-se acorrentar por tantas coisas que lhe tiram a liberdade” – Papa Francisco

O Pontífice recordou que São João Paulo II, ao contemplar o testemunho desses dois evangelizadores, os escolheu como co-patronos da Europa e escreveu a Encíclica “Slavorum Apostoli”, na qual destacou três aspectos importantes.

O primeiro ponto, ressaltou o Papa, “é o da unidade: naquela época, gregos, o Papa e eslavos viviam uma cristandade indivisa na Europa, que colaborava para evangelizar”. Um segundo aspecto importante é o da inculturação, continuou Francisco. “A evangelização da cultura e a inculturação mostram que esses pontos estão intimamente ligados. Não se pode pregar um Evangelho de modo abstrato, destilado: o Evangelho deve ser inculturado e também é uma expressão da cultura”.

O último aspecto, sublinhou, é o da liberdade: “na pregação, precisamos de liberdade, mas a liberdade sempre requer coragem. Uma pessoa é livre quanto mais corajosa for, sem deixar-se acorrentar por tantas coisas que lhe tiram a liberdade”.

Por fim, o Santo Padre exortou os fiéis a pedirem aos Santos Cirilo e Metódio, apóstolos dos eslavos, para que sejamos instrumentos da liberdade na caridade na vida do próximo. “Sejamos criativos, persistentes e humildes, através da oração e do serviço”, concluiu.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo