Francisco destacou que o coração traspassado de Cristo é o coração da revelação e da fé, porque se fez pequeno
Da Redação, com Rádio Vaticano
Para ouvir a voz do Senhor, é preciso se fazer pequeno, disse o Papa Francisco na Missa desta sexta-feira, 23, na Casa Santa Marta, Solenidade do Sagrado Coração de Jesus.
Na primeira leitura do dia, tirada do Livro do Deuteronômio, Moisés diz que Deus escolheu o homem para ser seu povo entre todos os povos da terra. Dessa leitura, o Papa se deteve sobre duas palavras: escolher e pequenez. Em relação à primeira, destacou que não foi o homem que escolheu Deus, mas Deus se fez “prisioneiro”.
“Ele se prendeu à nossa vida, não pode se distanciar. Jogou forte! Ele permanece fiel nessa atitude. Fomos escolhidos por amor e esta é a nossa identidade. ‘Eu escolhi esta religião, eu escolhi …’ Não, você não escolheu. É Ele que escolheu você, chamou você e se prendeu. E esta é a nossa fé. Se não acreditamos nisso, não entendemos a mensagem de Cristo, não entendemos o Evangelho”.
Para a segunda palavra, pequenez, Francisco recordou como Moisés especifica que o Senhor escolheu o povo de Israel, porque é o menor de todos os povos.
“Ele se apaixonou pela nossa pequenez e por isso ele nos escolheu. E ele escolhe os pequenos: não os grandes, os pequenos. E Ele se revela aos pequenos: ‘Escondestes essas coisas aos grandes e poderosos e as revelastes aos pequeninos!’ Ele se revela aos pequenos: se você quer entender algo do mistério de Jesus, abaixe-se: faça-se pequeno. Reconheça que você não é nada. E não só escolhe e se revela aos pequenos, mas chama os pequenos: ‘Vinde a mim, todos vós que estais cansados e sobrecarregados: Eu vos aliviarei’. Vós que sois os mais pequenos – pelos sofrimentos, cansaço … Ele escolhe os pequenos, se revela aos pequenos e chama os pequenos. Mas os grandes Ele não os chama? O Seu coração está aberto, mas a voz os grandes não conseguem ouvi-la porque eles estão cheios de si mesmos. Para ouvir a voz de Deus, é preciso se fazer pequeno”.
Assim, então, se chega ao mistério do coração de Cristo, que não é uma “imagem pequena” para os devotos: o coração traspassado de Cristo é o coração da revelação, o coração da fé, porque ele se fez pequeno, ele escolheu este caminho. Segundo explicou o Papa, uma escolha para a pequenez, para que a glória de Deus possa se manifestar.
Do corpo de Cristo traspassado pela lança do soldado “saiu sangue e água”, recordou Francisco, e este é o mistério de Cristo na celebração de hoje, de um coração que ama, que escolhe, que é fiel e se une a nós, se revela aos pequenos, chama os pequenos, e se faz pequeno.
“Cremos em Deus, sim; sim, também em Jesus, sim … ‘Jesus é Deus?’ – ‘Sim’. Mas o mistério é este. Esta é a manifestação, esta é a glória de Deus. Fidelidade ao escolher, no prender-se e pequenez também por si mesmo: tornar-se pequeno, aniquilar-se. O problema da fé é o núcleo da nossa vida: podemos ser muito, muito virtuosos, mas sem ou pouca fé; devemos começar a partir daqui, a partir do mistério de Jesus Cristo que nos salvou com a sua fidelidade”.
A oração final do Papa foi para que o Senhor conceda ao homem a graça de celebrar, no coração de Jesus Cristo, os grandes gestos, as grandes obras de salvação, as grandes obras de redenção.