VIAGEM DO PAPA FRANCISCO À INDONÉSIA, PAPUA-NOVA GUINÉ, TIMOR LESTE E SINGAPURA
DISCURSO DO PAPA FRANCISCO NO ENCONTRO COM OS FIÉIS DA DIOCESE DE VANIMO EM PAPUA-NOVA GUINÉ
Domingo, 8 de setembro de 2024
Boletim da Santa Sé
Queridos irmãos e irmãs, boa tarde!
Agradeço ao senhor Bispo as palavras que me dirigiu. Saúdo as Autoridades, sacerdotes, consagrados e consagradas, missionários, catequistas, jovens, demais fiéis – alguns vindos de tão longe – e vós, queridas crianças! Obrigado Maria Joseph, Steven, Irmã Jaisha Joseph, David e Maria por tudo o que partilhastes. Sinto-me feliz por vos encontrar nesta terra maravilhosa, jovem e missionária!
Como ouvimos, desde meados do século XIX, a missão nestas terras nunca foi interrompida: consagradas, consagrados, catequistas e leigos missionários não desistiram de pregar a Palavra de Deus e de oferecer ajuda aos irmãos, na atenção pastoral, na educação, na saúde e em muitos outros campos, enfrentando tantas dificuldades, no sentido de serem para todos um instrumento “de paz e de amor”, como disse a Irmã Jaisha Joseph.
Assim, igrejas, escolas, hospitais e centros missionários testemunham, à nossa volta, que Cristo veio trazer a salvação para todos, a fim de que cada um possa florescer em toda a sua beleza para o bem comum (cf. Exor. Ap. Evangelii gaudium, 182).
Aqui, sois “especialistas” em beleza, porque estais rodeados de beleza! Viveis numa terra magnífica, rica duma grande variedade de plantas e aves, na qual se fica de boca aberta perante as cores, os sons e os perfumes, e o espetáculo grandioso de uma natureza a explodir de vida, evocando a imagem do Éden!
No entanto, o Senhor confia-vos esta riqueza como sinal e instrumento, para que também vós vivais assim, unidos em harmonia com Ele e com os irmãos, respeitando a casa comum e cuidando reciprocamente uns dos outros (cf. Mensagem para a celebração do V Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, 1 de setembro de 2019).
Olhando em redor, podemos ver como é doce o cenário da natureza. Mas, contemplando-nos a nós mesmos, damo-nos conta de que há um espetáculo ainda mais bonito: aquele que cresce em nós quando nos amamos mutuamente, como testemunharam David e Maria, falando do seu caminho de casados, no sacramento do Matrimónio. E a nossa missão é precisamente esta: difundir por toda a parte, através do amor a Deus e aos irmãos, a beleza do Evangelho de Cristo (cf. Evangelii gaudium, 120)!
Ouvimos que para o fazer, alguns de vós enfrentam longas viagens, com o objetivo de chegar inclusive às comunidades mais distantes, deixando por vezes as suas casas, como nos disse o Steven. Fazem uma coisa muito bonita, e é importante que não se deixem sozinhos, mas que toda a comunidade os apoie, para que possam cumprir o seu mandato com serenidade, sobretudo quando têm de conciliar as exigências da missão com as responsabilidades familiares.
Existe, porém, um outro modo de os ajudar, na medida em que cada um de nós promover o anúncio missionário onde vive (cf. Con. Ecum. Vat. II, Decr. Ad gentes, 23) – em casa, na escola, no trabalho –, para que em toda a parte, tanto nas florestas, como nas aldeias e cidades, à beleza da paisagem corresponda a beleza de uma comunidade onde as pessoas se amam, como Jesus nos ensinou quando disse: «Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 35; cf. Mt 22, 35-40).
Seremos assim, cada vez mais, como uma grande orquestra – de que tanto gosta a Maria José, nossa violinista – capaz de, com as suas notas, sarar rivalidades, vencer divisões – pessoais, familiares e tribais –; expulsar do coração das pessoas o medo, a superstição e a magia; acabar com comportamentos destrutivos como a violência, a infidelidade, a exploração, o consumo de álcool e de drogas: males que, também aqui, aprisionam e tornam infelizes tantos irmãos e irmãs.
Recordemos que o amor é mais forte do que tudo isto e a sua beleza pode curar o mundo, porque as suas raízes estão em Deus (cf. Catequese, 9 de setembro de 2020). Por isso, difundamo-lo e defendamo-lo, mesmo se isso nos custa algumas incompreensões e oposições. Quem no-lo testemunhou, com a palavra e o exemplo, foi o Beato Pedro To Rot – esposo, pai, catequista e mártir desta terra –, que deu a sua vida precisamente para defender a unidade da família perante aqueles que queriam minar os seus fundamentos.
Queridos amigos, depois de visitarem o vosso país, muitos turistas regressam a casa dizendo que viram o “paraíso”. Referem-se geralmente às atrações paisagísticas e ambientais que apreciaram. Mas, como já dissemos, nós sabemos que o maior tesouro não é esse. Há um outro, mais belo e fascinante, que se encontra nos vossos corações e se manifesta na caridade com que vos amais.
Este é o dom mais precioso que podeis partilhar e dar a conhecer a todos, tornando a Papua Nova Guiné famosa não só pela sua variedade de flora e fauna, pelas suas praias encantadoras e pelo seu mar límpido, mas também e sobretudo pela boa gente que aqui se encontra; e digo-o especialmente para vós, crianças, com os vossos sorrisos contagiantes e a vossa alegria transbordante, que jorra em todas as direções. Para os que daqui partem, vós sois a mais linda imagem que podem levar consigo e guardar no coração!
Encorajo-vos, portanto, a embelezar cada vez mais esta feliz terra com a vossa presença de Igreja que ama. Abençoo-vos e rezo por vós. E lembrai-vos: rezais também vós por mim. Obrigado.