Discurso

"Discernir" e "acompanhar": as orientações do Papa à Vida Consagrada

Papa Francisco recebeu, em audiência, os participantes da Plenária da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica

Da Redação, com Vatican News

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/ Foto: Wesley Almeida – Canção Nova

“A vida consagrada nasce na Igreja, cresce e só pode dar frutos evangélicos na Igreja, na comunhão viva do Povo fiel de Deus”. Essas foram palavras do Papa Francisco aos participantes da Plenária da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. O grupo foi recebido em audiência no Vaticano neste sábado, 11.

A reflexão do Pontífice foi norteada pelas palavras “discernir” e “acompanhar”. Francisco enfatizou alguns pontos, como manter viva a atenção aos fundadores, à pastoral vocacional e à formação, aos abusos de autoridade e de poder. Também pontuou a importância da colaboração com os bispos e a sinergia destes com a Santa Sé.

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O Santo Padre agradeceu pelo trabalho que a vida consagrada realiza no serviço ao Evangelho, reconhecendo “não ser uma missão fácil”. E por isso mesmo quis expressar sua proximidade “a todos quantos acreditam no futuro da vida consagrada. Estou próximo de vocês”.

Francisco recordou, então, o espírito que animou São João Paulo II quando convocou o Sínodo dos Bispos sobre este tema. “Por um lado, havia a consciência de um tempo de trabalho, de experiências inovadoras, nem sempre com resultados positivos. Havia, e hoje mais ainda, a realidade da queda no número de vocações em diferentes partes do mundo”.

Esperança e memória

Apesar dessa realidade, o Papa observou que prevalecia e prevalece a esperança, fundada na beleza do dom que é a vida consagrada. “Isso é decisivo: centrar-se no dom de Deus, na gratuidade do seu chamado, na força transformadora da sua Palavra e do seu Espírito. Com esta atitude encorajo-vos a vós e a quantos, nos vários Institutos e nas Igrejas particulares, ajudam as consagradas e os consagrados, a partir de uma memória “deuteronômica”, a olhar para o futuro com confiança”.

E explicou o porquê da importância dessa “memória deuteronômica”. “Essa mensagem do Deuteronômio: “Recorda Israel, recorda”. Aquela memória da história, da própria história, do próprio instituto; aquela memória que é memória das raízes. E isso nos faz crescer. Quando perdemos a nossa memória, aquela memória das maravilhas que Deus fez na Igreja, no nosso instituto, na minha vida – cada um pode dizer -, perdemos as forças e não poderemos dar vida. Por isso digo memória “deuteronômica””.

Discernir e acompanhar

Discernir e acompanhar: para Francisco, o serviço da vida consagrada pode ser resumido nessas duas palavras. O Papa considerou a complexidade das situações com que os consagrados, muitas vezes, deparam-se no dia a dia. Situações que requerem estudo e diálogo.

“É o trabalho sério e paciente de discernimento, que só pode ser realizado no horizonte da fé e da oração. Discernir e acompanhar. Acompanhar especialmente as comunidades recém-formadas, que estão também mais expostas ao risco da autorreferencialidade”.

A este propósito, observou o Santo Padre, existe um critério essencial de discernimento: a capacidade de uma comunidade, de um instituto, de “integrar-se na vida do Santo Povo de Deus para o bem de todos”, como especificado na Evangelii Gaudium”. “Este critério é decisivo para o discernimento”.

Aprovação de novos institutos

Quanto ao discernimento em vista da aprovação de novos institutos, de novas formas de vida consagrada ou de novas comunidades , o Papa convidou a fazer isso em colaboração com os bispos diocesanos. E exortou também os bispos a não se assustarem e acolherem plenamente este acompanhamento.

“É responsabilidade do Pastor acompanhar-vos. Não recusar esse serviço. Esta colaboração, esta sinergia entre o Dicastério e os bispos permite também evitar – como pede o Concílio – que surjam inoportunamente institutos privados de suficiente motivação ou de adequado vigor, talvez com boa vontade, mas lhe falta algo. O vosso serviço é precioso para buscar oferecer aos Pastores e ao Povo de Deus critérios válidos de discernimento”.

A escuta recíproca entre os escritórios da Santa Sé e os Pastores, bem como os Superiores Gerais – destacou ainda Francisco – é um aspecto essencial do caminho sinodal que se iniciou.

“Mas, num sentido mais amplo e fundamental, diria que os consagrados e as consagradas são chamados a dar um importante contributo a este processo: um contributo que vem – ou deveria vir – da familiaridade com a prática da fraternidade e da partilha, quer na vida comunitária como no compromisso apostólico”.

Ao concluir, o Papa Francisco agradeceu, mais uma vez, pelo serviço cotidiano dos consagrados. Concedeu, então, a bênção apostólica, acompanhada de votos de um bom caminho de Advento e um Feliz Natal.

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