Antes da tradicional oração do Ângelus deste domingo, 11, Francisco propôs uma reflexão inspirada no Evangelho de São Marcos
Da redação, com Vatican News
Neste 32° Domingo do Tempo Comum, o Papa Francisco propôs uma reflexão inspirada no Evangelho de São Marcos 12, 38-44. O texto encerra a série de ensinamentos dados por Jesus no templo de Jerusalém e ressalta duas figuras opostas: o escriba e a viúva. Segundo o Santo Padre, o escriba é o oposto da viúva, pois representa as pessoas importantes, ricas e influentes, já a viúva representa os últimos, os pobres, os fracos.
O julgamento firme de Jesus em relação aos escribas não diz respeito a toda a categoria, comentou o Pontífice, que afirmou se referir àqueles que se vangloriam da própria condição social, com o título ‘rabi’, ou seja, mestre, gostam de ser reverenciados e ocupar os primeiros lugares.
“O que é pior é que a sua ostentação é sobretudo de natureza religiosa, porque eles fazem longas orações para serem vistos e se servem de Deus para se credenciarem como defensores de sua lei. E essa atitude de superioridade e de vaidade os leva ao desprezo daqueles que contam pouco ou se encontram em uma posição econômica desvantajosa, como o caso das viúvas”, refletiu o Papa.
Segundo Francisco, no Evangelho, Jesus desmascara esse mecanismo e denuncia a opressão dos fracos feita instrumentalmente, com base em motivações religiosas, dizendo claramente que Deus está do lado dos últimos. De acordo com o Santo Padre, para fixar bem esta lição na mente dos discípulos, Jesus ofereceu a eles um exemplo vivo, uma pobre viúva, cuja posição social era irrelevante, porque não tinha um marido que pudesse defender os seus direitos, e que por isso tornou-se presa fácil de um credor que perseguia os mais fracos para que pagassem a ele.
“Essa mulher, que vai depositar somente duas moedinhas no tesouro do templo, tudo o que lhe restava, e faz a sua oferta procurando passar despercebida, quase envergonhando-se. Mas, precisamente nesta humildade, ela realiza um ato carregado de grande significado religioso e espiritual. Aquele gesto repleto de sacrifício não escapa ao olhar de Jesus, que de fato vê nele o dom total de si a quem deseja educar seus discípulos”, observou o Pontífice.
O Papa frisou que o ensinamento que Jesus oferece neste texto é o de ajudar homens e mulheres a recuperar o que é essencial na vida em um concreto e cotidiano relacionamento com Deus. “Irmãs e irmãs, as medidas do Senhor são diferentes das nossas. Ele pesa as pessoas e suas ações de maneira diferente. Deus não mede a quantidade, mas a qualidade, perscruta o coração e olha para a pureza das intenções”, afirmou.
Para Francisco, o significado humano de ‘dar’ a Deus na oração e aos outros na caridade deve sempre fugir do ritualismo e formalismo, bem como da lógica do cálculo, e ser uma expressão de gratuidade, como fez Jesus. “Nos salvou gratuitamente; não nos fez pagar a redenção. Nos salvou gratuitamente. E nós devemos fazer as coisas como expressão de gratuidade”, frisou.
De acordo com o Pontífice, Jesus indica a pobre e generosa viúva como modelo de vida cristã a ser imitada. “Dela não sabemos o nome, mas conhecemos o coração – a encontraremos no Céu e iremos saudá-la, certamente; e é isso que conta diante de Deus. Quando somos tentados pelo desejo de aparecer e de contabilizar os nossos gestos de altruísmo, quando estamos muito interessados no olhar dos outros e – permitam-me a palavra – quando fazemos ‘os pavões’, pensemos nessa mulher. Nos fará bem, nos ajudará a nos despojarmos do supérfluo para ir ao que realmente importa e a permanecermos humildes”, concluiu Francisco, que rogou antes da oração do Ângelus de hoje:
“Que a Virgem Maria, mulher pobre que se entregou totalmente a Deus, sustente-nos no propósito de dar ao Senhor e aos irmãos não algo de nós mesmos, mas nós mesmos, em uma oferta humilde e generosa”.