Na homilia de hoje, Papa frisou significado da Cruz de Cristo e convidou fiéis a refletir sobre o uso que fazem dela
Da Redação, com Rádio Vaticano
“A salvação não provém somente da cruz, mas da cruz que é Deus feito carne, pois não há salvação nas ideias ou na boa vontade”. Foi o que recordou o Papa Francisco na Missa desta terça-feira, 4, na Casa Santa Marta. Francisco convidou a não carregar a cruz apenas como um símbolo de pertença, mas a olhar ao Crucificado, ao “Deus que se fez pecado” para receber a salvação.
No Evangelho do dia, por três vezes Jesus diz aos fariseus: “Morrereis nos vossos pecados”, porque tinham o coração fechado e não entendiam aquele mistério que o Senhor representava. “Morrer no próprio pecado é algo ruim”, destacou o Papa. No diálogo com eles, Jesus então recorda: “Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que eu sou, e que nada faço por mim mesmo”.
Jesus se refere àquilo que aconteceu no deserto, narrado na Primeira Leitura, quando o povo que não podia suportar o caminho se afastou do Senhor e falou mal Dele e de Moisés. Então chegaram as serpentes que morderam e provocaram a morte. O Senhor pediu a Moisés que fizesse uma serpente de bronze e a colocasse como sinal sobre uma haste: Quando alguém era mordido e olhava para a serpente de bronze, ficava curado. A serpente é o “símbolo do diabo”, “o pai da mentira”, “o pai do pecado, que fez a humanidade pecar”. E Jesus recorda: “Quando eu for elevado, todos virão a mim”.
Este é o mistério da cruz, disse Francisco. “A serpente de bronze curava, mas era sinal de duas coisas: do pecado cometido pela serpente, de sua sedução, de sua astúcia; e também era sinal da cruz de Cristo. Era uma profecia”, explicou o Papa. Portanto, Jesus se “fez pecado”, como diz São Paulo, e tomou sobre si todas as sujeiras da humanidade, se fez elevar para que todas as pessoas feridas pelo pecado olhassem para Ele. E quem não reconhecer naquele homem elevado a força de Deus que se fez pecado para curar a humanidade, morrerá no próprio pecado:
“Não há salvação nas ideias, não há salvação na boa vontade, no desejo de ser bons… não. A única salvação está em Cristo crucificado, porque somente Ele, como a serpente de bronze, foi capaz de tomar para si todo o veneno do pecado e nos curar. Mas o que é a cruz para nós? Sim, é o sinal dos cristãos, é o símbolo dos cristãos. Nós fazemos o sinal da cruz, mas nem sempre o fazemos bem; porque não temos fé na cruz. Outras vezes, para algumas pessoas, é um distintivo de pertença: ‘Sim, eu uso uma cruz para mostrar que sou cristão’. É bom isso, mas não só como distintivo, como se fosse de um time, mas como memória daquele que se fez pecado”.
Outros, ainda, usam a cruz como um ornamento, observou o Santo Padre; alguns usam cruzes com pedras preciosas, para se mostrar. “Deus disse a Moisés: Quem olhará para a serpente será curado”. Jesus diz a seus inimigos: “Quanto tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que eu sou”. Quem não olha para a cruz assim, com fé, morrerá nos próprios pecados, não receberá a salvação”.
A Igreja propõe um diálogo com o mistério da cruz, finalizou o Papa. “Hoje, a Igreja nos propõe um diálogo com este mistério da cruz, com este Deus que se fez pecado por amor a mim. E cada um de nós pode dizer: “Por amor a mim”. E podemos pensar: Como eu uso a cruz? Como uma recordação? Quando faço o sinal da cruz tenho consciência do que faço? Como levo a cruz? Somente como um símbolo de pertença a um grupo religioso? Como uma decoração? Como uma joia, com pedras preciosas… de ouro? Aprendi a levá-la nas costas, aonde machuca? Cada um de nós, hoje, observe o Crucifixado, olhe para este Deus que se fez pecado para que nós não morramos nos nossos pecados e responda a estas perguntas que acabei de sugerir”.