Vitória da Cruz de Jesus foi o centro da homilia do Papa no dia em que se celebra a Festa da Exaltação da Santa Cruz
Da Redação, com Vatican News
Na Festa da Exaltação da Santa Cruz, nesta sexta-feira, 14, o Papa Francisco dedicou a homilia matutina à contemplação do fracasso, mas também da exaltação de Jesus, que “assumiu todo o pecado do mundo”.
Francisco destacou que a Cruz de Jesus ensina que na vida existe o fracasso e a vitória, e que não se deve temer os “momentos maus”, que podem ser iluminados justamente pela cruz, sinal da vitória de Deus sobre o mal. Um mal, satanás, que está destruído e acorrentado, mas “ainda late” e pode destruir quem dele se aproximar.
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Contemplar a Cruz, sinal do cristão – explica Francisco – é contemplar um sinal de derrota mas também um sinal de vitória. Na cruz fracassa “tudo aquilo que Jesus havia realizado na vida”, e acaba toda a esperança das pessoas que seguiam Jesus.
“Não tenhamos medo de contemplar a cruz como um momento de derrota, de fracasso. Paulo, quando reflete sobre o mistério de Jesus Cristo, nos diz coisas fortes, nos diz que Jesus se esvaziou, se aniquilou, fez-se pecado até o fim, assumiu todo o nosso pecado, todo o pecado do mundo: era um “trapo”, um condenado. Paulo não teve medo de mostrar essa derrota e também isso pode iluminar um pouco nossos maus momentos, nossos momentos de derrota, mas também a cruz é um sinal de vitória para nós cristãos”.
O Livro dos Números, na primeira leitura, narra o momento do Êxodo, no qual o povo judeu que murmurava “foi mordido pelas serpentes”. E isto evoca a antiga serpente, satanás, o grande acusador, recorda Francisco. Mas a serpente que provocava a morte – diz a profecia – será elevada e dará a salvação. (Num 21, 8)
De fato, “Jesus feito pecado venceu o autor do pecado, venceu a serpente”. Satanás estava feliz na Sexta-feira Santa – enfatiza Francisco – “tão feliz que não percebeu, a grande armadilha da história em que cairia”.
Como dizem os Padres da Igreja, satanás “viu Jesus tão desfigurado, esfarrapado e como o peixe faminto que vai à isca presa ao anzol, foi lá e o engoliu”.
“Mas naquele momento engoliu também a divindade porque era a isca presa ao anzol, com o peixe”. “Naquele momento – comenta o Pontífice – satanás foi destruído para sempre. Não tem força. A Cruz, naquele momento, torna-se sinal de vitória”.
“A nossa vitória é a cruz de Jesus, vitória diante do nosso inimigo, a grande serpente antiga, o Grande Acusador”. Na cruz – sublinha o Pontífice – “fomos salvos, naquele percurso que Jesus quis percorrer até o mais baixo, mas com a força da divindade”:
“Jesus disse a Nicodemos: “Quando eu for elevado, atrairei todos a mim”. Jesus elevado e satanás destruído. A cruz de Jesus deve ser para nós a atração: olhar para ela, porque é a força para continuar em frente. E a antiga serpente destruída ainda late, ainda ameaça, mas, como diziam os Padres da Igrejas, é um cão acorrentado: não se aproxime e não morderá você; mas se você for acariciá-lo porque o encanto o leva até lá como se fosse um cachorrinho, prepare-se, ele destruirá você”.
A nossa vida segue em frente – esclarece o Papa – com Cristo vencedor e ressuscitado, que nos envia o Espírito Santo, mas também com aquele cão acorrentado, “a quem não devo me aproximar, porque ele me morderá”:
“A cruz nos ensina isso, que na vida há o fracasso e a vitória. Devemos ser capazes de tolerar as derrotas, levá-las com paciência, as derrotas, também dos nossos pecados, porque Ele pagou por nós. Tolerá-los n’Ele, pedir perdão n’Ele, mas nunca se deixar seduzir por esse cão acorrentado. Hoje seria belo se em casa, tranquilos, ficarmos 5, 10, 15 minutos diante do crucifixo, ou o que temos em casa ou aquele do rosário: olhar para ele, é o nosso sinal de derrota, que provoca as perseguições, que nos destrói, é também o nosso sinal de vitória porque Deus venceu ali.”